terça-feira, 10 de novembro de 2009

O CRIMINOSO SHIMON PERES

Shimon Peres é saudado pelo corrupto José Sarney


No dia 18 de abril de 1996, o mundo foi ultrajado com um dos massacres mais covardes da história recente da humanidade: o praticado pela entidade genocida israelita que matou mais de 100 pessoas dentro de uma base da ONU (Organização das Nações Unidas) na cidade de Qana, no Sul do Líbano.


"O bombardeio começou às 14 horas e durou cerca de 30 minutos. Pedimos repetidamente que Israel parasse de atacar, avisando que tínhamos vítimas civis. De nada adiantou. Eles sabiam perfeitamente que a base abrigava civis", disse na época Timur Goksel, então porta-voz da ONU.


Naquele mesmo dia, pela parte da manhã, o terror judaico já havia ceifado a vida de nove pessoas da mesma família, na cidade de Nabatieh, entre elas oito crianças, incluindo a pequena Nur, com apenas alguns dias de vida.


Os dois massacres ocorreram durante os 16 dias de agressões israelitas que deixaram mais de 150 libaneses mortos e outros 350 feridos.


A barbárie judaica contra os libaneses foi ordenada pelo então primeiro-ministro de Israel e atual presidente desta entidade nazista, Shimon Peres, que dois anos antes, pasmem, havia recebido o Prêmio Nobel da Paz (não são poucas as vozes hoje que querem a retirada da concessão deste prêmio de Shimon Peres).


Shimon Peres acreditava que o derramamento do sangue das crianças e mulheres libanesas iria lhe render votos nas eleições previstas para maio de 1996. As pesquisas indicavam que ele perderia o pleito, por isso, decidiu atacar na tentativa de reverter o quadro eleitoral desfavorável.


Após o fim da carnificina, Shimon Peres não havia acabado com a Resistência Libanesa e nem conseguiu vencer as eleições (quem quiser saber mais sobre este episódio pode ler um artigo que escrevi sobre o assunto no meu blog: leiturafranca.blogspot.com/2009/04/massacres-de-vinhas-da-ira-jamais.html ).


Pois este verme (não consigo encontrar outro termo para descrever tão satânica criatura) sionista Shimon Peres chegou, nesta terça-feira, ao Brasil, para uma estadia de cinco dias.


Massacre de Qana: Crianças mortas a mando do "humanista" Shimon Peres



Recepção calorosa

Já no primeiro dia de sua chegada, Shimon Peres foi recebido pelo Ministro da Defesa, Nelson Jobim, e por parlamentares do tão "respeitado" Congresso Nacional. Na quarta-feira, será recebido pelo presidente Lula para assinar vários acordos.


No Legislativo Federal, onde vários deputados e senadores obteram uma vaga com a ajuda dos votos dos árabes e muçulmanos brasileiros, o assassino genocida Shimon Peres teve uma recepção calorosa.


Foi recebido por "canalhas" da laia de Fernando Collor de Mello (aquele que confiscou a poupança dos brasileiros e sofreu o impeachment), José Sarney (que é acusado de uma lista longa de corrupção), Michel Temer, e pelo porta-voz do sionismo na Câmara dos Deputados, Marcelo Itagiba, parlamentar que nutre posições racistas contra árabes e iranianos.


No Congresso, Shimon Peres fez um discurso patético cheio de palavras sedutoras (incluisive falando de Carnaval, futebol e até Jorge Amado na tentativa de conquistar a mente e o coração dos brasileiros) repetindo alegações que os judeus nunca acreditaram como a de que Israel não é inimiga dos muçulmanos e do desejo da paz com os palestinos.


Pura mentira. Israel e os judeus são hoje os maiores assassinos de muçulmanos, incluindo muitas mulheres, jovens e crianças. Israel e os judeus são os maiores usurpadores de terras dos muçulmanos. Israel e os judeus são os maiores incentivadores do preconceito e ódio contra os muçulmanos (foram os judeus os primeiros que começaram com este história de lançar pedaços de porcos nas mesquitas). Israel e os judeus são hoje os maiores carcereiros e torturadores de muçulmanos.



O pior dessa história, é que todas as mentiras de Shimon Peres foram ditas diante de um público passivo, sem que nenhum senador (a) ou deputado (a) ali presentes questionassem as violações dos direitos humanos que Israel comete contra a população árabe, o cerco desumano que o terror judaico leva a cabo na Faixa de Gaza e que já ceifou dezenas de vida, os massacres e o genocídio que os judeus praticaram no Líbano e na Palestina, nem lembraram de denunciar o muro do apartheid que Israel constrói no momento em que o mundo comemora dos 20 anos da queda de outro muro vergonhoso, o de Berlim.


O mesmo silêncio criminoso tem a imprensa no Brasil que não mostra e nem questiona os crimes judaicos. Ao contrário, alguns veículos de comunicação chegaram a dizer que o terrorista Shimon Peres veio combater o terrorismo e lutar contra o que chamaram de forma safada de "infiltração iraniana" na América Latina, em alusão as relações de amizade que o Irã mantém com vários países da região, incluindo o Brasil.


Os insultos de José Sarney


Durante sessão solene no Congresso Nacional, o presidente do Senado, José Sarney, ignorou os massacres perpetrados pelo líder israelita e classificou o verme terrorista judeu, Shimon Peres, de "humanista" e de "estadista".


"Sua presença no Brasil supera a importância institucional, pois trata-se de uma das maiores personalidades da atualidade, devido, principalmente, a sua luta pela construção da paz".


Um absurdo sem fim, ainda mais porque José Sarney é conhecedor dos crimes de Israel e de Shimon Peres. Porém o que mais dói neste episódio é que alguns anos atrás, José Sarney esteve no Líbano, país que sofreu e continua sofrendo com o terrorismo israelita judaico.



Naquela ocasião, José Sarney recebeu uma recepção calorosa dos libaneses, incluindo, a de muitas crianças que foram as ruas das cidades por onde ele passou.


Este "humanista" e grande figura da atualidade, segundo a boca suja de José Sarney, é responsável por atacar e agredir com seu exército covarde muitas destas crianças que um dia receberam com o coração aberto o atual presidente do Senado, quando este foi ao Líbano. Vergonha para você, José Sarney, e para você Michel Temer, que como descendente de libaneses deveria ter denunciado os crimes de Israel no Oriente Médio, ao invés de exaltar esta entidade criminosa e nazista.


Estadista de chiqueiro


O lixo assassino Shimon Peres aproveitou também a oportunidade no legislativo brasileiro para, em um ato deselegante típico de um vagabundo de terceira categoria, atacar o Irã, país que mantém boas relações com os brasileiros e cujo presidente está próximo de chegar ao Brasil com uma comitiva grande de empresários para fechar negócios que serão benefícos tanto o para o povo brasileiro quanto para o iraniano.


Aliás, nunca tinha visto um presidente vir ao Brasil para tentar sabotar a vinda de outro presidente. O vagabundo terrorista judeu Shimon Peres foi o primeiro a praticar tamanha ignomínia. Com certeza, ato de um estadista (termo usado por José Sarney) de última categoria, de um estadista de chiqueiro.



Foto de Sarney e Peres: Agência Senado. Nas demais fotos, crianças palestinas e libanesas mortas nos massacres judaicos, entre elas, as que estavam em Qana.



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

MURO DA SEGREGAÇÃO

Enquanto muitos comemoram os 20 anos da queda do muro de Berlim, outros tantos em diversos lugares do mudo, lamentam e choram a construção de muros que dividem e segregam as pessoas.


O caso mais infame, sem dúvida, é o muro do Apartheid que o terror judaico construiu e que trouxe prejuízos em todos os sentidos para o povo da Palestina.


Uma vergonha que os governos e a mídia ocidental (ambos justificam e legalizam o muro judaico da segregação) ignoram, no momento, em que celebram o fim do muro que separava a Alemanha. Santa hipocrisia!


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

UM IRÃ NUCLEAR?

Por Lejeune Mirhan *

Os jornais dos últimos dias elevaram – artificialmente, claro – o seu noticiário contra o Irã. Trata-se de diversas reuniões que aconteceram desde a semana passada, envolvendo negociações com o governo do Irã e um grupo composto de seis entidades/países. Achei esse tema o mais importante para comentar com meus leitores esta semana.

Como manipular consciências

A política de propaganda nazista, sob o comando de Joseph Goebels, mentia o tempo todo, tentava manipular as consciências da maioria dos alemães. As rádios propagandeavam feitos grandiosos dos nazistas e alardeavam a superioridade da chamada raça “ariana”.

Tudo falso. Demorou para o mundo perceber isso. Um livro famoso, de 1997 que gostei imensamente, intitulado Carrasco voluntários de Hitler, do cientista político norte-americano Daniel Jonah Goldhagen defende a tese de que não seria possível Hitler fazer o que fez, massacrar seis milhões de judeus, sem que tivesse o apoio integral, quase total de todo o povo alemão. Mas, a pergunta que se faz é porque um povo inteiro, ou sua esmagadora maioria, vira nazista assim?

Não é nosso objetivo neste artigo, comentar os motivos disso, mas tratar um pouco da imensa propaganda que a mídia vem fazendo, em plano mundial, reverberada de forma retumbante pela mídia tupiniquim em nosso Brasil, no sentido de tentar convencer o mundo de que o Irã, a República Islâmica do Irã, esta prestes a construir a sua bomba atômica e que ameaça não só Israel – vejam bem – mas também os Estados Unidos.

Semana que passou, li diversos artigos do jornalista Jack Smith, do Asia Times Online. Eu os recebo de uma lista árabe administrada por Amyra El Khalili e com a competente tradução de Caia Fittipaldi. O título geral dos três artigos é EUA-Irã: uma crise inventada.

A publicação dessas três matérias por esse competente jornalista coincide com o início de uma rodada de negociações de representantes do Irã com os EUA, ONU, UE e outros atores internacionais para discutir o programa nuclear iraniano (1).

Desde a posse de Benjamin Netanyahu em março passado, o governo fascista de Israel vem tentando modificar a agenda política internacional e a política externa que Obama iria tentar implementar sobre o Oriente Médio, qual seja, a criação do Estado da Palestina.

O discurso israelense passou a ser sobre o iminente “perigo nucelar iraniano”. Uma mera falácia, todos sabem disso. Mas, aqui temos que levar em conta a força do lobby judaico nos Estados Unidos e sua força ainda maior na mídia internacional, nas agências noticiosas.

Pois bem. Os artigos citados, especialmente o último, faz uma clara comparação com os meses que antecederam à invasão unilateral do Iraque pelas tropas estadunidenses sob ordens diretas de George W. Bush. Quem não se lembra?

O discurso uníssono da mídia internacional era exatamente a do Departamento de Estado e da Defesa dos Estados Unidos, qual seja, de que o Iraque de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. Ora, sempre soubemos, até o mundo mineral sabe, como diz Élio Gaspari, que quem possui tais armamentos com capacidade de destruir em massa são apenas e tão somente os Estados Unidos. Há anos Saddam não mais possui programa algum nessa linha.Mas, nada mudava a opinião dos que tentam mudar a opinião do povo.

Editoriais, matérias imensas em jornais, entrevistas com o alto escalão do governo, “provas” – todas falsas – iam na linha contrária aos fatos e contrária ao que a vida comprovaria em seguida, após a invasão. Pois bem. Bastou algumas semanas após março de 2003, para que o mundo soubesse toda a verdade: o Iraque não possuía sequer uma arma de destruição em massa!

Mas, não se viu nenhum pedido de desculpas aos leitores, aos ouvintes e aos telespectadores das redes televisadas. Nenhuma linha de texto, nenhuma frase dita nas rádios e nas TVs. O famoso “erramos” nos jornais. Nadinha de nada. Assim age a mídia. E a história se repete. Como disse Marx, desta vez na forma de tragédia (antes pela farsa).

Extratos do artigo de Smith

Como tenho feito, quase que prestando um serviço aos leitores, quero apresentar a seguir, extratos que reporto como os mais importantes da série de três artigos, na linha de reforçar que o Irã não possui armas atômicas, nem esta pretendendo isso.

A bela pesquisa feita pelo jornalista, reforça nosso campo político e ajuda nossa argumentação antiimperialista:

• Segundo Smith, “pode-se estar assistindo hoje, outra vez, a um jogo de apostas geopolíticas no qual nada é o que parece ser;

• Todos os serviços de inteligência dos EUA – e são 12 agências – sabem pelo menos desde 2006, que o Irã estava construindo uma segunda unidade de processamento de urânio na cidade de Natanz.

Tal “descoberta” pela mídia foi dada como novidade e como se o Irã estivesse incrementando o seu programa nuclear rumo à construção da bomba atômica;

• Tal unidade trabalhará única e exclusivamente para a produção de combustível nuclear para abastecer as usinas nucleares do país e nada mais que isso. E a Agência Internacional de energia Atômica da ONU sabe disso e acompanhou todos os passos dessa construção;

Os inspetores da AIEA sabem disso, possuem filmes de tudo que acontece no interior dessa usina e ela esta em completa conformidade às normas internacionais;

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que a mesma mídia pró-Israel e pró-americana odeia, declarou a quem quis ouvir, que a usina de Natanz não entra em operação antes de 18 meses e ainda assim, depois disso para produzir combustível nuclear para as usinas nucleares do país. Que o Irã, mesmo não sendo signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear – TNP, respeita todas as suas cláusulas como se assinante fosse;

Não há nenhum sinal de que o Irã planeje “guerrificar” seu programa de capacidade nuclear e produzir bombas atômicas. Todo o programa tem sido submetido a estrita vigilância da AIEA e mesmo dos Estados Unidos. Portanto, nessas circunstâncias, conclui Smith, não há como construir bombas atômicas;

Israel possui, desde a década de 1970, cerca de 200 ogivas nucleares e nem por isso há qualquer menção da AIEA e dos Estados Unidos. É como se tais bombas – que todos sabem quantas são e onde estão – simplesmente não existissem! E também não é signatário do TNT. Porque dois pesos e duas medidas?

Porque os EUA podem ter 2.600 ogivas, Israel as suas outras tantas ogivas e o chamado clube militar, composto por nove países com suas milhares de ogivas e nenhum outro país do mundo pode ter as suas próprias?

A única ameaça, diz Smith, para a existência de Israel vem tão somente dos próprios Estados Unidos. Esse Estado “bandido”, que é Israel no contexto e no concerto das nações, só teria sua existência colocada em xeque se os EUA retirassem seu apoio político, militar e econômico. Não sobreviveria;

O Irã não suspenderá o processo de enriquecimento de urânio, mas esta pronto a colaborar no que for possível para reduzir toda e qualquer preocupação dos órgãos internacionais e das agências fiscalizadoras internacionais relacionadas à questão nuclear;

O governo de Obama vem cedendo às pressões dos neoconservadores estadunidenses que exigem punições ao Irã. Tais pressões vem da AIPAC, sigla que em inglês, significa o maior lobby judaico nos EUA (American Israel Public Affairs Commitee);

A tática dos neocons, como são chamados nos EUA, é impor sanções ao Irã, sob a crença de que isso ajudaria a deteriorar as condições econômicas e sociais do Irã e derrubaria o presidente Ahmadinejad. Nunca nos esqueçamos que, em 12 anos de sanções que a ONU impôs ao Iraque (1991-2003), mais de um milhão de iraquianos morreram por falta de medicamentos, alimentos e por problemas de saneamento, dos quais meio milhão eram crianças!

• Falam que as sanções seriam o mínimo, já sonhando que o “máximo”, seria uma autorização para que Israel ataque frontalmente todas as instalações nucleares iranianas. Esse é o grande sonho dos direitistas, bloqueados até o momento pelo CS da ONU, com ajuda da China e da Rússia;

• Obama cede a essas pressões. Tem dito que chega para as negociações sem “tirar nenhuma alternativa da mesa”, ou seja, deixa no ar que pode ir além de sanções e até autorizar ataques.

Em meu ponto de vista pessoal, uma proposta de sanções, ainda que limitada, ou mesmo ataques, seria vetada pela Rússia e China neste momento;

Os analistas torcem contra Ahmadinejad. Argumentam que ele vive “sob sítio”, cercado pela oposição, mas passados mais de cem dias de sua posse, não há uma prova sequer de que as eleições tenham sido fraudadas.

Ao contrário. Pesquisas mostram elevada popularidade do presidente iraniano;

Uma bela pesquisa

O jornalista Smith fez, de fato, uma bela pesquisa. Que desmonta os argumentos dos propagandistas de Washington, a quem, Obama se subordina. Especialistas em energia nuclear, autoridades mundiais vêm dando declarações enfáticas em linha diametralmente opostas do que Obama e sua entourage vem falando.

Vejam as melhores passagens, constantes do terceiro e último artigo:

• Dennis Blair, diretor da Agência Nacional de Inteligência dos EUA – o público mais ‘interno’ dos ‘públicos internos’ – depôs em audiência no Congresso, em fevereiro deste ano e declarou que não havia qualquer evidência de que o Irã estivesse produzindo o urânio altamente enriquecido necessário para armas nucleares;

• A edição de setembro-outubro do “Boletim dos Cientistas Atômicos” [ing. Bulletin of Atomic Scientists] publicou entrevista com Mohamed El-Baradei, ex-diretor já aposentado da Agência Internacional de Energia Atômica na qual ele diz que “Não encontramos qualquer evidência objetiva de que Teerã tivesse em andamento qualquer programa de armas nucleares. (...) Não sei por que, agora, fala-se do programa nuclear do Irã como se fosse uma ameaça ao mundo”. E prossegue Baradei: “Em vários sentidos, acho que a ameaça foi inflada. Sim, há motivo para nos preocupar com as futuras intenções do Irã; e o Irã deve ser mais transparente com a IAEA e a comunidade internacional (...). Mas a ideia de que acordaremos amanhã, e o Irã terá uma bomba atômica, não tem base real nem decorre de fato algum, até hoje”;

• Na edição de 21/9 da revista Newsweek, lê-se que “as discussões sobre o objetivo do programa nuclear secreto do Irã esquentaram tanto, que funcionários da ONU têm visto similitudes entre o atual momento e os dias que antecederam a invasão do Iraque, em termos da proliferação de informação distorcida. Em mensagem privada de e-mail, da semana passada, à qual Newsweek teve acesso, Tariq Rauf, alto funcionário sênior da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, escreveu que a mídia dominante está repetindo os erros que cometeu em 2003, quando [os grandes jornais e redes de televisão] divulgaram ‘histórias sem qualquer comprovação nem fundamento, sobre o Iraque e as armas de destruição em massa.

Hoje, estão fazendo exatamente o mesmo, sobre a IAEA e o Irã’. E Rauf acrescentava que ‘a escalada no teor das mensagens parece vir de algumas fontes (conhecidas)’” (Newsweek http://www.newsweek.com/id/215317). Mesmo que a tal mensagem de correio eletrônico não especifique as tais “fontes”, ela vem diretamente do serviço secreto de Israel;

Dia 22/2, o diário indiano de grande circulação The Hindu informou que “o Irã não enriqueceu o urânio para finalidades bélicas, informaram os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica”.

• A agência noticiosa Austrian Press distribuiu citação de um dos especialistas da IAEA, na qual se lê que todo o urânio que o Irã produziu na usina de enriquecimento em Natanz está cuidadosamente catalogado; e a produção é acompanhada por filmadoras de controle remoto instaladas para vigiar constantemente os estoques. “Se os iranianos tentarem transportar esses produtos de urânio para alguma locação secreta para submetê-los a reprocessamentos de qualquer tipo, os inspetores da agência saberão”. O mesmo especialista acrescentou que “até o presente, o Irã tem trabalhado em bons termos de cooperação conosco, em todas as inspeções importantes”.

• Outra agência de notícias, a France-Presse noticiou, dia 20/9, que “o supremo líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou hoje a acusação ocidental de que Teerã trabalha para desenvolver armas nucleares em programa oculto; e repetiu que a República Islâmica proíbe esse tipo de atividade.

“Assacam falsas acusações contra o Irã, de produzir armas nucleares. Rejeitamos fundamentalmente as armas nucleares e proibimos a produção e o emprego de armas nucleares” – disse Khamenei, em discurso divulgado por televisão estatal. “Eles próprios sabem que mentem (...), mas é parte da política de incentivar a islamofobia, que rege o comportamento político desse arrogante governo norte-americano”.

Ou seja, mesmo que o maior líder religioso do Irã, mesmo que os princípios da religião islâmica não permitam a criação de uma arma que mata milhões, a propaganda americana e sionista insiste em que o Irã tem a bomba e quer mesma construí-la de qualquer forma.ConclusõesAcredito fielmente no que diz a República Islâmica do Irã. Não tem e não querem produzir a bomba. Mas, defendem que todos se desarmem. Essa é a questão chave.

Porque Israel pode ter e o mundo inteiro não pode? Porque o Irã sem bomba é ameaça e Israel com 200 bombas não é ameaça? Não aceitamos dois pesos e duas medidas. Isso só aumento o sentimento antiamericano em todo o mundo e não constroi um mundo novo.

Como diz Smith, o Irã não é ameaça nem para Israel, nem para os Estados Unidos e menos ainda para o mundo árabe sunita. O Irã não quer colocar em risco a estabilidade do regime islâmico com privações advindas de eventuais sanções que poderiam passar no CS da ONU. Não querem passar o que o Iraque passou em 12 anos.

É provado historicamente que o Irã nunca iniciou uma guerra nos últimos 200 anos. Entre 1980 e 1988 foi implacavelmente atacado pelo Iraque, à época armado pelos EUA. Não querem viver isso novamente. Há uma fraseologia mais radical e até mesmo revolucionária que vem de Ahmadinejad e do conjunto do governo islâmico. Os EUA continuam sendo o “grande satã”. Mas, a linha do país é defensiva e nunca foi agressiva.

Semana retrasada eles testaram um míssil que atinge um raio de dois mil quilômetros e pode atingir Israel. A mídia sionista e pró-americana estampa fotos do míssil em suas primeiras páginas de seus jornalões. Quer transmitir pânico para as pessoas.

De minha parte, confesso que vibro quando um país de terceiro mundo, ou emergente, desafiando tudo e todos, as potências, teste o seu míssil construído com sacrifícios e que servirá para pesquisas espaciais, para colocar amanhã ou depois seus satélites em órbita. Ou mesmo em questões defensivas, para proteger as suas fronteiras de ataques hostis.

O Irã não se dobrará ás pressões. Devemos apoiar com firmeza o seu programa nuclear para fins científicos e energéticos. Assim como o Brasil, o Irã demonstra que quer a paz. Mas a paz justa, duradoura e que as regras que valem para a República Islâmica, devam valer também para o estado judeu e sionista de Israel.

Nota(1) Essa sequência de artigos pode ser lida nos seguintes endereços:EUA-Irã:

Uma crise inventada Os fatos

EUA-Irã: Uma crise inventada Sanções! Sanções! Sanções!

O argumento do Irã

* Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, escritor, arabista e professor. Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa e da International Sociological Association.

Artigo extraído do Portal Vermelho. A grafia é do blog Leitura Franca

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O JEJUM DO MÊS DO RAMADÃ


Começa neste sábado o jejum do mês do Ramadã, um dos pilares mais importantes da fé muçulmana. Neste período, os crentes se abstêm de ingerir qualquer tipo de alimento, bebida, de fumar e manter relações sexuais do nascer do sol (fajr) até o por-do-sol (maghreb) durante todo o mês de Ramadã, o qual por pertencer ao calendário islâmico lunar, pode ter 29 ou 30 dias.

Os fiéis devem se afastar também das reuniões ilícitas, das pessoas pérfidas, dos atos que podem causar danos para si e para a sociedade. Ao contrário, neste mês, os muçulmanos devem ampliar os atos de caridade, solidariedade, dar maior atenção as oração e as súplicas.

A abstenção de alimentos e bebidas, longe de ser uma forma de castigar o corpo, tem como objetivo principal apurar a alma e fortalecer o espírito, a fé, a auto-estima, a paciência, o auto-controle, o sentimento de comunidade, o fortalecimento dos laços de parentescos, a compaixão para com os pobres, piedade com os órfãos e caridade com os necessitados. O jejum tem uma função não só espiritual, mas também de melhorar o aspecto material, social e econômico do coletivo, sempre rumo ao progresso.

O jejum do mês do Ramadã é um período de penitência e perdão que Deus, Todo-Poderoso, estabeleceu como misericórdia para que seus servos possam se redimir dos erros e dos pecados. É uma época onde o ser-humano, que é tão ocupado de suas tarefas cotidianas e da correria pelas coisas mundanas, tem a oportunidade de refletir sobre sua vida e as pessoas ao seu redor, fortalecendo o indivíduo e a coletividade.

O ato de jejuar foi prescrito a vários povos do passado, como descrito no Alcorão Sagrado. Contudo, o jejum continua mais presente do que nunca na vida de centenas de milhares de pessoas no mundo inteiro nos tempos modernos. Ramadã Karim!

domingo, 16 de agosto de 2009

VADE RETRO, SATANÁS!

O bispo Edir Macedo, acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, quer estender os tentáculos de sua organização criminosa para o mundo islâmico.


Em uma entrevista teatral realizada pela Rede Record, na noite do domingo (16/08), na qual tentou rebater as acusações feitas pelo Ministério Público e acatadas pela Justiça, ao ser questionado sobre os planos que possuía para a Igreja Universal, Edir Macedo disse de forma bizarra que pretende expandí-la para que possa "chegar aos países muçulmanos e árabes" e "salvar" estes povos que estão "aflitos".


Antes de "curar" o mundo islâmico, Edir Macedo vai ter que primeiro livrar a própria pele da perdição e alcançar a salvação, pois as acusações que pesam sobre ele e sua gangue são gravíssimas e devem ser investigadas a fundo.


Edir Macedo e seus asseclas são acusados de cometer fraudes há pelo menos 10 anos, conforme levantamento feito pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. Eles usavam dinheiro de doações dos fiéis para benefício próprio. Segundo as investigações, movimentaram algo em torno de R$ 1,4 bilhão por ano em dízimos coletados em 4,5 mil templos em 1,5 mil cidades do País. Só no período de 2003 a 2008, os depósitos para a Igreja Universal do Reino de Deus alcançaram R$ 3,9 bilhões.


Boa parte do dinheiro usurpado era coletada sob o argumento de que os recursos seriam necessários para comprar óleos santos de Israel. Fico imaginando como os bispos da Universal iriam convencer os povos árabes e muçulmanos, em especial, aqueles que foram vítimas do terrorismo judaico, a doarem dinheiro em troca de óleos inúteis e que não servem para nada vindos de uma entidade nazista e genocida como a de Israel?


Sinceramente, não me preocupo nenhum um pouco com os planos de Edir Macedo. Não acredito que a organização criminosa transvestida de igreja religiosa que ele chefia se criaria nos países árabes e muçulmanos.


Porém, a revelação de Edir Macedo explica a atitude agressiva e odiosa dele e de sua igreja contra os árabes e muçulmanos, postura essa que fica mais evidente na grande quantidade de matérias ofensivas e deturpadas sobre os povos islâmicos veiculada nos meios de comunicação da Universal, entre eles, a Rede Record e o jornal Folha Universal.


A idéia é mostrar que nos países muçulmanos só há fatos ruins e, portanto, por se tratar de um mundo tribulado, precisa de salvação. E quem melhor, na visão de Edir Macedo, para "curar" o mundo islâmico do que a Igreja Universal?


A verdade é que os povos árabes e muçulmanos não precisam do mafioso Edir Macedo e nem de sua organização criminosa. Aliás, o Oriente Médio está infestado de igrejas evangélicas e nenhuma delas foi capaz de impedir a usurpação de terras e o genocídio que muitos evangélicos e seus aliados judeus praticam na Palestina, no Líbano, no Iraque e no Afeganistão.


Ao contrário, muitos inocentes foram dizimados, torturados e violentados no mundo árabe e muçulmano por pessoas com a bíblia na mão que juravam pregar a palavra de alguém (Jesus filho de Maria) cujos ensinamentos nunca seguiram.


Alguém viu o bispo Macedo e sua Universal condenar os crimes que os judeus e seus aliados anglo-saxões evangélicos cometem pelo mundo. A maioria dos evangélicos não condenam, como ainda procuram justificar essas barbaridades usando argumentos religiosos extraídos cinicamente da Bíblia.


A exemplo de outras evangélicas similares, a Igreja Universal do bispo Edir Macedo foi criada com o intuito de minar o poder da Igreja Católica e promover a agenda satânica dos sionistas e da entidade nazista de Israel no mundo cristão.


Propagar o terrorismo sionista é o verdadeiro motivo da Universal e de outras igrejas evangélicas gostarem tanto de ofender e sabotar o mundo árabe e muçulmano. Vade retro, satanás! Ou melhor. Vade retro, Edir Macedo e sua organização criminosa!


domingo, 26 de julho de 2009

O RATO LIEBERMAN VEIO, VOCÊ SABIA?

Omar Nasser Filho*

O rato é um animal pequeno, de aspecto repugnante, vetor de doenças graves como a leptospirose, que talvez pelas tragédias que provocou entre a raça humana – a peste bubônica na Idade Média foi um exemplo – desperte, em nosso inconsciente, uma sensação de repulsa. De hábitos noturnos, furtivo, esgueira-se pelos bueiros e esgotos. Pelo contato que tem com material contaminado e contaminante, transforma-se, ele mesmo, em causa de muitos males. É um animal que prefere a sombra à luz.

O Brasil recebeu esta semana a visita do ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman. Ninguém sabe, ninguém viu. Tal qual um rato, esgueirou-se. A chegada dele ao Brasil, seus contatos com empresários e o presidente Lula, são fatos que ficaram à margem do grande noticiário. À reunião que teve na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a imprensa não foi convidada. Não pode entrevistá-lo. Sua (nefasta) presença no país foi notada apenas por aqueles que se preocupam e ocupam das questões graves e candentes do Oriente Médio.

Avigdor Lieberman é representante do que de mais desumano e cruel tem a política israelense. Nascido na Moldávia, na Europa Centro-Oriental, emigrou para a Palestina com 20 anos de idade. Na entidade conhecida como “Israel” fundou um partido de extrema direita chamado “Yisrael Beitenu”, que significa, em bom português, “Israel é Nossa Casa”, o qual preside. Casa de quem, afinal? Deles, dos judeus, exclusivamente.

Na visão doentia desta agremiação de caráter nazi-facista, os árabes que vivem em “Israel” deveriam ser deportados, expulsos. As lideranças políticas árabe-israelenses que mantêm contato com autoridades de Gaza ou Cisjordânia deveriam ser simplesmente assassinadas como “traidoras”. No auge do ataque selvagem de “Israel” a Gaza, em janeiro deste ano, no qual morreram 1.400 civis – grande parte dos quais crianças – ele defendeu o uso de armamento nuclear contra os palestinos confinados no território.


Esta ficha corrida – mais extensa, na verdade, do que a aqui exposta – o transformou em persona non grata em muitos países. A simples menção de seu nome causa arrepios nas pessoas que têm alguma preocupação com os direitos humanos e a justiça. Talvez resida aí a preocupação de não se fazer alarde com sua presença no Brasil.

Muito diferente, diga-se de passagem, a postura do presidente reeleito da República Islâmica do Irã, Mahmud Ahmadinejad. Com a consciência tranquila daqueles que lutam a boa luta, avisou que vinha ao Brasil. No entanto, a grande mídia brasileira, dominada pelos agentes do sionismo internacional, conscientes ou inconscientes de sua função, bombardeou-o com críticas e acusações infundadas. Não teve a mesma coragem, entretanto, para denunciar o discurso e as ações de cunho racista de Lieberman e do governo que ele representa, do facista-sionista Binyamin Netanyahu, prócer do Likud.


O rato Lieberman e o governo que representa querem impor sua agenda política à América Latina. Além do Brasil, ele quer visitar outros países, como a Argentina. Quer contaminar nossos governos com sua ideologia racista e assassina, que defende a limpeza étnica e o morticínio de palestinos. Que nossos governantes estejam imunizados contra o vírus do sionismo. Quanto a nossa grande mídia, covarde e comprometida, venal e caluniosa, resta-nos lamentar.

* Omar Nasser Filho é jornalista e economista, mestre em História pela Universidade Federal do Paraná. É membro do Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos e co-autor do livro “Um Diálogo sobre o Islamismo” – Criar Edições, 2003.

TRÁFICO DE ÓRGÃOS

Segundo artigo do estadão.com.br, cerca de 300 agentes do FBI realizaram nesta quinta-feira, 23 de julho de 2009, diversas batidas e prisões nos estados norte-americanos de Nova York e Nova Jersey.

Entre os detidos encontra-se um rabino acusado de traficar rins por uma década. Ele é acusado de pagar US$ 10 mil a pessoas necessitadas e revender o órgão por US$ 160 mil.

Também estavam entre eles o prefeito da cidade de Secaucus, Dennis Elwell, e da cidade de Hoboken, Peter Cammarano, no cargo há apenas 23 dias, acusados de receber propina.

Segundo ainda o estadão.com.br, o prefeito de Newark, Cory Booker, que lutou contra corrupção na maior cidade de Nova Jersey, disse ao jornal The Star-Ledger, daquele Estado, que foi “uma manhã inacreditável”.

Na opinião do site spiegel.de, “chocante foi a prisão de uma série de famosos rabinos logo após a oração matinal”, como declarou um membro de uma sinagoga para o canal de TV ABC. Os religiosos foram acusados de “lavagem internacional de dinheiro”: desde junho de 2007, eles teriam lavado cerca de três milhões de dólares provenientes de atividades criminosas através de outros quadrilheiros em Israel e Suíça.

Sobretudo Eliahu Bem Haim e Edmund Nahum, dois rabinos chefes do bairro Deal em Nova Jersey, assim como Saul Kassin e Mordechai Fish, dois famosos rabinos do Brooklyn. “Eles camuflavam suas extensas atividades criminosas atrás de uma fachada de honestidade”, disse o promotor Ralph Marra.


Tráfico de órgãos

A promotoria conseguiu prender também o traficante de órgãos Levy Izhak Rosenbaum, que deve estar intimamente relacionado com a conexão rabínica. Ele tentou comprar um rim de um agente disfarçado do FBI por 10 mil dólares e tentado vendê-lo para outro agente do FBI “primeiramente por 150 mil” depois por 160 mil dólares. Rosenbaum se gabou de ter intermediado “muitos” rins.

Aparentemente, Israel não é só a Central Internacional do Genocídio, mas também tem forte inclinação para o tráfico de órgãos humanos. Já em 2003, a polícia civil de Pernambuco desmantelou um esquema que teria se iniciado em Israel 10 anos antes, conforme declarado pela norte-americana Nancy Scheper-Hughes em entrevista à revista Época.

Matéria extraída do site www.mercosur.com.br

PRESENÇA INDESEJADA NA ARGENTINA

Pelo menos cinco mil pessoas integrantes de várias entidades representantes da sociedade civil, de partidos políticos e grupos que defendem os direitos humanos protestaram contra a presença do rato sionista israelita Avigdor Lieberman durante a passagem desta besta racista pela Argentina, na última quinta-feira.






terça-feira, 30 de junho de 2009

O QUE REALMENTE ACONTECEU NAS ELEIÇÕES DO IRÃ?

Por Esam Al-Amin*

Depois das eleições de 12 de junho no Irã, começaram a brotar 'especialistas' em Irã, como bactérias em placa de Petri. Então... lá vai um teste, para esses especialistas instantâneos. Que país, dentre os grandes, elegeu maior número de presidentes em todo o planeta, desde 1980? Outro teste: que nação é a única que elegeu dez presidentes, ao longo dos primeiros 30 anos depois de ter feito revolução democrática?

Nos dois casos, a resposta certa é: o Irã. Desde 1980, o Irã elegeu seis presidentes; os EUA, só cinco; a França, parcos três. Nas três primeiras décadas de vida da revolução iraniana, houve dez eleições presidenciais no Irã; nos trinta primeiros anos da Revolução norte-americana, houve quatro eleições presidenciais; no Irã, dez.

As eleições iranianas uniram esquerda e direita ocidentais, numa mesma onda frenética de críticas e ataques, de políticos 'ultrajados' e da mídia corporativa 'indignada'. Fenômeno até agora raro, também a blogosfera cerrou fileiras de opinião absolutamente uniformizada – e favorável à oposição iraniana.

De fato, todas as 'acusações' de fraude foram 'declarações', sem qualquer confirmação. Até agora, ninguém apresentou qualquer fiapo de evidência de qualquer tipo de fraude nas eleições iranianas. E, isso, sem considerar que seria preciso provar fraude em enormíssima escala, a ponto de ter feito sumir 11 milhões de votos de diferença entre o candidato eleito e o candidato derrotado.

Analisemos, então, o que haja de evidências, até agora.

Antes das eleições, houve mais de 30 pesquisas de intenção de votos, desde que os dois principais aspirantes à presidência – o presidente Máhmude Ahmadinejad e o ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mussavi – oficializaram suas candidaturas, em março de 2009. Os resultados variaram, é claro; e várias das empresas que patrocinaram essas pesquisas – por exemplo, Iranian Labor News Agency e Tabnak – não fizeram segredo de que apoiavam Mussavi, candidato de oposição, ou seu chamado "movimento por reformas".

Muitas pesquisas foram visivelmente manipuladas e em algumas delas Mussavi aparecia com vantagem absolutamente inverossímel de mais de 30% dos votos. Excluídas essas pesquisas que confessadamente só tiveram função de propaganda, a vantagem a favor de Ahmadinejad chegava, em média, a cerca de 21 pontos. Jamais, em nenhuma das pesquisas, surgiu sequer alguma possibilidade de as eleições chegarem a ter 2º turno (previsto, é claro, na legislação iraniana).


Por outro lado, houve apenas uma pesquisa feita por empresa ocidental, encomendada pelas redes BBC e ABC News, e realizada por instituto independente, o Center for Public Opinion (CPO) da New America Foundation. The CPO é empresa bem conceituada, não apenas no Irã, mas em todo o mundo muçulmano desde 2005. Essa pesquisa, realizada poucas semanas antes das eleições, previu comparecimento às urnas de 89% dos eleitores. Além disso, mostrou que Ahmadinejad estava em vantagem de 2 para um votos, à frente de Mussavi.

Que relações há entre esses números de pesquisa e os resultados divulgados? E que possibilidade há de ter havido fraude em grande escala?

Segundo os resultados oficiais, há 46,2 milhões de eleitores registrados no Irã. Houve comparecimento recorde – e que a pesquisa do CPO previra que aconteceria. Quase 39,2 milhões de iranianos votaram, 85% do total de eleitores inscritos, com 38,8 milhões de votos válidos (houve cerca de 400 mil votos em branco). Oficialmente, o presidente Ahmadinejad recebeu 24,5 milhões de votos, contra 13,2 milhões para Mussavi (62,6% e 33,8% do total de votos, respectivamente).

De fato, praticamente a mesma porcentagem de votos que nas eleições de 2005, quando Ahmadinejad obteve 61,7%, contra os votos dados ao presidente Hashemi Rafsanjani (35,9%). Dois outros candidatos, Mehdi Karroubi e Mohsen Rezaee, receberam o restante dos votos.

Pouco antes de serem oficialmente anunciados os resultados, os apoiadores de Mussavi e os jornais e televisões da mídia ocidental, começaram a gritar e acusaram o governo de ter cometido fraude eleitoral. As acusações organizaram-se em torno de quatro temas. Primeiro, quando o horário das eleições foi prorrogado por algumas horas, dado o inesperado altíssimo comparecimento de eleitores, disseram que o resultado teria sido anunciado antes de ter sido possível contar os votos, com alegados 39 milhões de votos ainda por apurar.

Segundo, os mesmos críticos insinuaram que os apuradores não eram confiáveis, e que a oposição não pudera manter fiscais durante a apuração dos votos. Terceiro, disseram que seria impossível acreditar que Mussavi, nativo da região do Azerbaijão, região no noroeste do Irã, tivesse perdido as eleições até em sua cidade natal. Quarto, que o campo de Mussavi teria descoberto que, em algumas sessões eleitorais, teriam acabado as células, e muita gente voltou para casa sem ter podido votar.

Dia seguinte, Mussavi e dois outros candidatos derrotados apresentaram 646 queixas formais ao Conselho dos Guardiões, entidade encarregada de supervisionar a integridade das eleições. O Conselho comprometeu-se a investigar a fundo todas as queixas.

Logo na manhã seguinte, apareceu uma carta que teria sido redigida por um funcionário do ministério do Interior e dirigida ao Aiatolá Ali Khamenei, e que, em questão de algumas horas já era reproduzida em todo o planeta. (Atenção: só a mídia ocidental e alguns políticos insistem em escrever "Supremo Líder" para designar o Aiatolá Khamenei. A expressão "Supremo Líder" – nem esse 'título' hierárquico – existem no Irã.)


Naquela carta, 'alguém' (a carta não era assinada) declarava que Mussavi vencera as eleições e que Ahmadinejad seria o terceiro colocado. A carta também declarava que as eleições haviam sido fraudadas a favor de Ahmadinejad por ordem direta de Khamenei.

É muito mais provável que essa carta seja completamente falsa, do que que seja autêntica. Dentre outras evidências da falsificação, muitos já consideraram que nenhum funcionário de baixo escalão do ministério seria encarregado de escrever ao Aiatolá Khamenei para comunicar-lhe informação tão importante quanto o resultado das eleições.

Robert Fisk, jornalista do The Independent foi o primeiro a levantar dúvidas sobre a autenticidade daquela carta; também escreveu que sempre duvidaria de qualquer resultado em que Ahmadinejad aparecesse em terceiro lugar (com menos de 6 milhões de votos, em eleição tão importante), como informaria a carta falsa.


No total, foram distribuídas 45.713 urnas eleitorais para as cidades, vilas e vilarejos, em todo o país. Com 39,2 milhões de votos votados, foram menos de 860 votos por urna. Diferente de outros países, em que os eleitores podem votar em vários candidatos para vários postos numa única eleição, os eleitores iranianos só podiam votar em um único nome e só para a presidência. Por que seria preciso mais de uma ou duas horas para apurar 860 votos por urna? Apuradas as urnas, os resultados eram passados por internet para o ministério do Interior, em Teerã.

Desde 1980, quando o Irã sofreu a tragédia de uma guerra de oito anos com o Iraque, o Irã vive sob boicote e embargo, e enfrenta ainda os ecos de campanhas de assassinato de dúzias de políticos, de um presidente eleito e de um primeiro-ministro que representava, então, a Organização MKO (Mujahideen Khalq Organization). Essa organização é uma milícia armada e violenta, que tem sede e quartel-general na França e cujo único objetivo é derrubar o governo do Aiatolá Khamenei pelas armas.

Apesar de todas essas dificuldades e desafios, nenhuma eleição jamais deixou de ser realizada na data prevista na República Islâmica do Irã, ao longo dos últimos 30 anos. Houve 30 eleições nacionais. De fato, o Irã já tem (mais que muitos países em todo o mundo) longa tradição de eleições em boa ordem democrática. As eleições no Irã são organizadas, monitoradas e fiscalizadas por professores, profissionais liberais, funcionários públicos e aposentados (sistema semelhante ao dos EUA).

O Irã não tem tradição de fraudes eleitorais. Pense o 'ocidente' o que quiser, há no Irã mecanismos democráticos de eleger e cassar políticos, ministros e funcionários públicos corruptos.

A democracia iranana não é democracia cartorial. De fato, o ex-presidente Mohammad Khatami, considerado um dos principais reformadores e modernizadores do Irã, foi eleito presidente em eleições gerais e democráticas, em momento em que o ministério do Interior (que organiza as eleições) estava sob comando de partidos ultra-conservadores. E foi eleito com mais de 70% dos votos; não apenas uma, mas duas vezes.


No que tenha a ver com eleições, o verdadeiro problema não são possíveis fraudes, mas o acesso dos candidatos aos votos (problema que há, idêntico, em outros países; basta perguntar a Ralph Nader ou a qualquer candidato de partido pequeno, nos EUA). E altamente improvável que haja alguma conspiração que tenha envolvido dezenas de milhares de professores, profissionais liberais, funcionários públicos e aposentados (selecionados por sorteio, como mesários [como se faz no Brasil]) e que permanecesse completamente oculta e secreta.

Além do mais, Ahmadinejad é membro de um partido político muito ativo, que já venceu várias eleições desde 2003; e Mussavi é candidato independente que reemergiu para a vida política há apenas três meses, depois de 20 anos de ausência completa do mundo político. Claro que a campanha de Ahmadinejad foi campanha nacional; o candidato fez mais de 60 viagens de campanha por todo o país em menos de 12 semanas; Mussavi só visitou as cidades principais e não contava com aparelho de campanha muito sofisticado.

É verdade que nasceu e tem bases eleitorais nas regiões onde vivem os grupos da etnia azeri. Mas a pesquisa já citada aqui, do CPO, já informara, bem antes das eleições, que "apenas 16% dos iranianos azeri declararam intenção de votar em Mussavi; enquanto 31% dos azeris declararam intenção de votar em Ahmadinejad.” Segundo os resultados oficiais, a eleição foi mais apertada aí que no restante do país: Mussavi venceu por pequena margem no Azerbaijão Oeste, mas, no total, perdeu para Ahmadinejad, na província (45% dos votos para Mussavi; 52%, para o presidente; 1,5 milhão de votos, a 1,8 milhão de votos, respectivamente).

Seja como for, é espantoso o modo como as agências ocidentais de notícias manipularam as informações. Richard Nixon derrotou George McGovern em seu estado natal, South Dakota, nas eleições de 1972; se Al Gore tivesse vencido em seu estado natal, o Tennessee, em 2000, ninguém se teria de preocupar com recontar votos da Flórica, nem haveria o processo chamado "Bush versus Gore" na história da Suprema Corte dos EUA. Se John Edwards, candidato à vice-presidências, tivesse vencido nos estados onde nasceu e foi criado (Carolina do Sul e do Norte), teríamos hoje um presidente John Kerry iniciando seu segundo mandato.

Mas, ninguém entende por que, todos os jornais e jornalistas ocidentais parecem convencidos de que os cidadãos no Oriente Médio votam e elegem candidatos, não por suas idéias políticas, mas por alguma fatalidade da solidariedade tribal.

Nada há de excepcional no fato de que um candidato 'menor, como Karroubi, tenha tido menos votos do que esperava, mesmo em suas cidade e região natais. Muitos eleitores parecem ter percebido que não haveria 2º turno e converteram o 1º turno em único turno eleitoral. Karroubi de fato recebeu bem menos votos do que em 2005, também em sua cidade natal. O mesmo aconteceu a Ross Perot, derrotado em seu estado natal, o Texas, por Bob Dole, do Kansas, em 1996; e em 2004, a Ralph Nader, que recebeu apenas 1/8 dos votos que recebera quatro anos antes.

Alguns observadores anotaram que quando os resultados estavam sendo anunciados, a margem entre os candidatos jamais mudou. Nada há de misterioso nisso. Especialistas sabem que, quando 3-5% dos votos de uma dada região estão apurados, há 95% de probabilidade de que a relação entre os candidatos não se altere até o final da apuração.

Quanto à acusação de que faltaram células e os eleitores não puderam votar, vale lembrar que o horário de votação foi ampliado quatro vezes, para que a maior quantidade possível de eleitores votassem. De qualquer modo, ainda que votassem todos os que não puderam votar e todos votassem em Mussavi (o que é impossível, em termos probabilísticos), seriam mais 6,93 milhões de votos, que não alterariam as posições entre 1º e 2º colocados nem levariam a eleição para um 2º turno (a diferença final foi de 11 milhões de votos entre o 1º e o 2º colocados).


Ahmadinejad não é homem simpático. É provocador e, não raras vezes, é imprudente. Mas supor que a luta política no Irã esteja sendo disputada entre 'forças democráticas' e um 'ditador' é manifestar ignorância sobre a dinâmica interna da vida iraniana, ou distorcer deliberadamente os fatos.

Não há dúvidas de que há um segmento significativo da sociedade iraniana, habitantes das áreas metropolitanas, muitos jovens, que anseiam por mais liberdades sociais e pessoais. Estão compreensivelmente irados, porque seu candidato não foi eleito. Mas é erro de proporções gigantescas interpretar essa manifestação doméstica como alguma espécie de 'levante' contra a República Islâmica, ou como alguma espécie de 'clamor' para que a RI embarque em programa de concessões ao ocidente (por exemplo, no que tenha a ver com o programa nuclear).

Cada nação tem seu modo de se fazer entender. Quando a França de Chirac opôs-se à invasão do Iraque, em 2003, vários deputados norte-americanos foram a televisão, em ações de propaganda, declarando que as batatas fritas (em inglês "French Fries", "batatas francesas") passariam a ser chamadas "Batatinhas da Liberdade", para vingar a 'traição' dos franceses. Declararam que os franceses não seriam mais considerados bem-vindos nos EUA.

Os EUA têm triste imagem no Irã, de fato, desde 1953, por conta do golpe que derrubou o governo eleito de Mohammad Mossadegh. É golpe de que a maioria dos norte-americanos jamais ouviu falar, mas é tema da história nacional iraniana, ensinado na escola. Os iranianos detestam os EUA.

De fato, passaram-se 56 anos, até que, finalmente, o presidente Obama reconheceu que, sim, os EUA interferiram na história do Irã, em processo de golpe: aconteceu esse mês, no discurso de Obama, no Cairo. No mesmo discurso, Obama também declarou que, sim, é preciso respeitar os desejos do povo iraniano. Excelente começo.

Mas é indispensável, agora, que EUA e o ocidente, afastem-se e deixem que os iranianos discutam suas diferenças. "Afastar-se", nas atuais circunstâncias, implica afastar-se oficialmente, e suspender qualquer tentativa de interferência nos negócios internos do Irã, sim. Mas implica também os EUA retirarem do Irã todos os seus espiões e 'especialistas' em "lutas de baixa intensidade".

*Extraído do site Vermelho. O artigo original foi publicado em 22 de junho e pode ser lido no site Counterpunch (http://www.counterpunch.org)

terça-feira, 23 de junho de 2009

OS PLATINADOS E AS CONTRADIÇÕES ANTI-IRANIANAS


Daí que o Globo (e creio que seus primos paulistas enveredam pelo mesmo caminho) mergulhou de cabeça na campanha patrocinada pelo lobby armamentista para demonizar o Irã. Obama terá trabalho pra segurar o chifre desse touro brabo. Até aí eu entendo.

Desde sua fundação, o Globo é cupincha servil dos interesses americanos, que os Marinho sempre colocaram muito acima dos interesses nacionais. O engraçado, e infantil, dessa história, é a tentativa de meter o Lula no imbróglio.

Na terça ou quarta-feira (dia 16 ou 17 de junho), a primeira página da seção Mundo trazia um manchetão dizendo que o presidente brasileiro apóia Ahmadinejad, o mandatário iraniano reeleito com uma vitória esmagadora nas eleições realizadas semana passada. Manchete mentirosa, como sempre. Lula apenas dissera que as manifestações de rua no país eram choro de derrotados, e que não havia provas de fraude. Ora, é a pura verdade.


Não tenho nenhuma predileção por Ahmadinejad, embora eu confesse que estou quase chegando ao ponto em que tudo que o Globo diz que é bom, eu acho o contrário. Se o Globo é contra o Ahmadinejad, eu sou a favor. Do jeito que a coisa vai, em breve será muito fácil ter uma opinião política: ler o jornal de cabeça pra baixo. Bem, isso é ironia, desculpem-me.

Os platinados voltam à carga hoje. Só por ter feito observações lógicas sobre a necessidade de se respeitar um processo eleitoral, Lula virou o maior apoiador mundial de Ahmadinejad.

É sempre assim. Todos os demônios (na opinião do Globo) do mundo são aliados de Lula. Em tudo de mal que acontece no planeta, lá está o dedinho do (ex)barbudo. Daqui a pouco vão dizer que Lula é culpado pela morte daquele jornalista da Folha, assassinado esta semana por Obama durante uma entrevista para a televisão. Vocês viram que espetáculo? Obama matou a mosca!

Mas o PIG nacional irá dizer que foi o sapo (ex)barbudo que esticou sua língua, lá do outro lado do mundo, para apanhar o inseto.


Ahmadinejad foi eleito democraticamente em sufrágio universal.

Alguém contestou a primeira eleição? Não, né? Ora, um presidente eleito uma vez com enorme vantagem sobre o adversário pode ser eleito uma segunda sobre outro concorrente. Se houve fraude, as instituições iranianas irão dizer. Não é grupinho de Twitter com alguns milhares de seguidores que decide eleição num país com 70 milhões de pessoas.


Um colunista americano, em artigo traduzido e publicado no Globo, disse que o Facebook do adversário do Ahmadinejad já tem 50 mil participantes, e que isso encheria qualquer "mesquita". Oh, que sociologia profunda! Alguém deveria avisar a este senhor que a comunidade brasileira Leu na Veja, Azar Seu! tem 60 mil participantes, a comunidade Eu Odeio Acordar Cedo tem 3,8 milhões de participantes, e ninguém cogita dar algum valor eleitoral a isso.

Se o adversário de Ahmadinejad não confia nas instituições democráticas iranianas não deveria ter participado do pleito. A sua atitude radical de, desde o início, negar o resultado, me soou extremamente golpista e antidemocrática. As pesquisas de intenção de voto sempre apontaram o atual presidente como favorito. Por que o espanto em torno do resultado?

A mídia brasileira, em vez de atacar gratuitamente o governo iraniano, deveria procurar informações sobre a metodologia usada nas eleições do Irã, para que pudéssemos ter alguma idéia sobre a veracidade das acusações de fraude. A diferença em favor de Ahmadinejad foi brutal, então a fraude teria que ser brutal. Quando o atual presidente do México ganhou as eleições sobre o candidato de esquerda por uma margem de apenas 1%, e milhares de mexicanos foram às ruas protestar, não vi mídia dar nenhum destaque ao fato.

Eu mesmo não vi o protesto mexicano com bons olhos. Protesto de perdedor não vale. Se a sociedade não confia nas instituições democráticas de um país, que vá às ruas antes do pleito, pedindo auditorias independentes e observadores internacionais. Aliás, queria saber isso. Houve observadores internacionais no Irã?

A mídia não informa nada. Aqui no Rio, milhares de gabeiristas foram à Cinelândia protestar contra a derrota de seu candidato nas últimas eleições municipais- palhaçada de elite arrogante que não admite perder. Diante do que li sobre a divisão classista iraniana, suspeito de um fenômeno similar.


Entretanto, o fato do Irã ter aceito fazer a recontagem é um excelente sinal. Caso a vitória seja confirmada, quem irá pedir desculpas ao mal causado à imagem das instituições iranianas e suas autoridades, acusadas de desonestidade?

Ah, morreram seis pessoas durante os protestos. É uma lástima. Mas a polícia de São Paulo mata algumas dezenas de pessoas por semana e a mídia não fala nada. Jovens protestam pacificamente contra a presença da polícia na USP e a mídia os chama de baderneiros. Já os jovens iranianos que protestam, esses são verdadeiros democratas. As imagens da TV e as reportagens informaram que os jovens que protestavam contra os resultados estariam quebrando lojas, bancos e patrimônio público. É uma hipocrisia inacreditável que a mídia agora defenda um tratamento carinhoso a esse tipo de atitude.

Sobre a repressão ao uso de internet no Irã, trata-se de uma agressão terrível à liberdade de expressão, mas essa é uma realidade em dezenas de outros países africanos e asiáticos, cujos governos se consideram desestabilizados por campanhas políticas patrocinadas por interesses externos.

O Irã, pelo menos, tem eleições e sufrágio universal, à diferença da Arábia Saudita, do Paquistão e da China. É muito engraçado que a mesma mídia que tanto barulho fez contra a criação do blog da Petrobrás, que calunia sistematicamente a blogosfera brasileira, e que tenta inclusive aprovar leis anti-blogs, converta-se agora em defensora dos blogueiros iranianos.


Lula está certíssimo em apoiar o processo eleitoral iraniano. É prova de respeito aos Princípios Fundamentais da Constituição Federal brasileira, Artigo 4, Capítulos III e IV, que falam da autodeterminação dos povos e da não-intervenção.

É obrigação de qualquer autoridade que se pretenda seguidora dos princípios mais elementares da diplomacia e do direito internacional dar a presunção de inocência e idoneidade ao processo eleitoral iraniano. Se houver fraude comprovada, os mandatários devem protestar, naturalmente, mas cabe às instituições iranianas resolver o caso. Não havendo fraude comprovada, deve-se o respeito à decisão soberana do povo iraniano em reeleger Ahmadinejad.


Enquanto isso, Cora Ronai, em sua coluna de hoje, afirma que, "assim como todos os brasileiros", sentiu vontade de se enfiar embaixo do sofá de tanta vergonha, ao assistir Lula defender as eleições iranianas.

Ora, em primeiro lugar, desconheço o fato da população brasileira estar tão interessada no que acontece no Irã; em segundo lugar, Lula tem popularidade de 84% no Brasil, então não tem ninguém com "vergonha dele"; em terceiro lugar, Lula é, junto com Obama, o presidente mais prestigiado do planeta, tendo sido, semana passada, aplaudido de pé por seis vezes seguidas, durante uma convenção de direitos humanos da ONU.

Do que eu tenho vergonha, senhora Cora Ronai, é de encontrar textos tão mal escritos como os vossos num jornal tão (infelizmente) lido pela classe média fluminense. Se a senhora tivesse realmente vergonha de alguma coisa, deveria guardá-la para sentir quando entendesse melhor o papel que teve o jornal para o qual a senhora trabalha na preparação do golpe militar que massacrou a democracia brasileira.

Extraído do blog Óleo no Diabo, do jornalista Miguel do Rosário