segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

QUANDO A VEJA E OS CIVITAS COM SEUS IDEAIS FASCISTAS VÃO EMBORA?

O jornalista Carlos Branco, que agora é o novo editor de Economia de A Crítica, escreveu em seu site:

"A Veja desta semana apenas confirma o que já tinha feito em outubro do ano passado, quando aproveitou o aniversário de morte de Ernesto Che Guevara para pintar dele um quadro realista, sim, mas com pitadas de sacanagem no afã de macular a imagem que até hoje se tem do guerrilheiro argentino-cubano como alguém que, tendo a opção de viver aristocraticamente, optou por encampar uma luta pela liberdade do povo cubano, mas não só a desse...Dizer que Fidel Castro já vai tarde, como está fazendo a revista, significa dizer ,entre outras coisas, que ela, a exemplo do que interessa aos ianques há 49 anos, está incomodada com o governo cubano tal como ele se configura ainda hoje. Por outro lado, soa desrespeitoso, no mínimo, com um líder que, a despeito de ter desvirtuado uma revolução, escreveu uma das páginas de lutas políticas mais interessantes da América – e do mundo, por que não?".

Carlos Branco é autor do livro "Che Guevara - Um Estranho em Benjamin Constant" que fala sobre a alegada passagem do líder revolucionário por este município amazonense onde nasceu o jornalista.

O que posso dizer ao meu amigo Carlos Branco é o seguinte:

A Veja pode até ser uma publicação de grande circulação, mas há muito tempo deixou de ser uma revista imparcial e de credibilidade para se tornar um palanque de propagação dos ideais fascistas defendidos pelo grupo político-religioso do qual faz parte o empresário Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, dono da Veja.

Não surpreende a atitude da revista, pois para os proprietários da Veja, Cuba tem que ser aquilo que a política de Washington traçou para a ilha: ou seja, ser o eterno quintal dos Estados Unidos e o depósito de tudo o que é podre dos norte-americanos como era antigamente até ocorrer a revolução liderada por Fidel Castro.

A Veja fala em direitos humanos, mas é a primeira que se cala diante das violações dos direitos humanos e do terrorismo praticados pelos Estados Unidos e por Israel. Mais do que isso, além de não denunciar estes crimes, sempre procura justificá-los. Por que será, hein?

Não digo que não foram cometidos erros pelo regime cubano. Porém, estes erros devem ser corrigidos pelos próprios cubanos sem interferência externa.

Se os cubanos estão com medo dos efeitos que uma abertura rápida e sem planejamento pode causar na população, cabe a eles fazerem esta transição de forma gradativa e com cuidado.

Poderiam seguir inicialmente o exemplo da China que se inseriu no mercado econômico sem promover uma abertura política de imediato, o que não impede de isto vir a ocorrer depois.

Queira ou não, Cuba era para ser mais um país de última categoria explorado pelos Estados Unidos. Graças a revolução liderada por Fidel Castro, o país hoje possui respeito mundial pelos avanços que conquistou em áreas como a da saúde e a da educação. Falta avançar agora na economia e na política para o bem até mesmo do próprio socialismo.

No momento certo, as mudanças virão em Cuba. Esperamos, porém, que esta ruptura não seja violenta como foi no Iraque, onde a interferência norte-americana, além de não garantir a transição pacífica de um regime ditatorial para o democrático, ainda mergulhou o país do Oriente Médio em uma guerra sem fim.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

LIBANESES REVERENCIAM LÍDER DA RESISTÊNCIA


Centenas de milhares de libaneses desafiaram o frio e a chuva para prestar a última homenagem ao mártir Imad Moughniyah, o líder da resistência responsável por comandar militarmente as vitórias do Líbano nas guerras contra Israel.

Moughniyah se martirizou na terça-feira (12) em decorrência da explosão de um carro-bomba capital síria Damasco, depois de quase 30 anos de luta contra o terrorismo norte-americano e israelense que há décadas promove assassinatos e genocídio no Oriente Médio.

Uma multidão formada por pessoas vindas de todas as partes do país se reuniu para reverenciar uma das maiores lendas da resistência libanesa que teve participação efetiva na derrota israelense na guerra ocorrida em julho de 2006.

Em seu discurso, o secretário-geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, disse que a resistência continuará e que o sangue dos mártires não será demarrado em vão. "Se eles (israelenses) querem guerra, que venham, estamos preparados. Israel não terá à frente apenas um Imad Moughniyah, mas dezenas de milhares de combatentes que estão esperando o martírio", afirmou.

De acordo com a agência de notícia espanhola EFE, o caixão de Moughniyah, coberto com a bandeira amarela do Hezbollah, foi transportado em um interminável cortejo fúnebre pelas ruas do sul da capital libanesa.

Ainda segundo a EFE, as centenas de milhares de pessoas que acompanhavam o trajeto rumavam precedidas por milicianos uniformizados do Hezbollah que desfilavam como um exército, deixando evidente a posição de chefe militar que Moughniyah tinha no movimento.

"O Líbano nunca será israelense nem americano, nem se dividirá, nem será uma federação. Quem quiser um divórcio (uma referência ao líder druso Walid Jumblat), que vá a Washington ou a Tel Aviv. O Líbano sempre será o país da união nacional, da resistência, do martírio e da vitória", disse Nasrallah, se dirigindo aos adversários que são aliados dos Estados Unidos e de Israel.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

JORNAIS DA DINAMARCA SÃO USADOS PARA INCITAR O ÓDIO CONTRA OS MUÇULMANOS

Os veículos de comunicação possuem um papel social importante que vai além do que a exibição simples e pura dos fatos.

Hoje em dia, eles têm desempenhado um papel ativo na conscientização e na transformação da sociedade que revela o poder vibrante da informação.

Está certo que em algumas situações este poder é utilizado de forma negativa, mas a liberdade de expressão deve ser preservada a qualquer custo, pois nenhuma sociedade evolui sem o livro trânsito de informações.

Porém, o direito de liberdade de expressão tem sido deturpado em muitos casos e a função social dos jornais, das televisões, dos rádios e até mesmo da Internet tem sido deixada de lado para abrir espaço para práticas que afetam o bom relacionamento entre as pessoas como o ódio, o racismo, o preconceito, a xenofobia, a intolerância religiosa e outros males.

Os jornais da Dinamarca voltaram a ofender os muçulmanos, hoje (13), ao publicar novamente uma das caricaturas que difamam o profeta Muhammad (que a paz esteja com ele), que geraram protestos em todo o mundo há dois.

Não satisfeitos com o mal-estar que causaram na época quando publicaram pela primeira vez as infames caricaturas, os periódicos abriram a ferida de novo em uma clara provocação, o que mostra a verdadeira intenção destes racistas.

A atitude dos jornais dinamarqueses é criminosa e não deve ser perdoada e nem tolerada jamais pelos muçulmanos. Ela deve ser condenada veementemente por todos os grupos, sejam eles, religiosos ou não.

O pretexto da publicação foi a descoberta de um suposto plano para assassinar os chargistas envolvidos na difamação do profeta, de acordo com a propaganda da polícia dinamarquesa.

A publicação da foto está muito longe de ser um simples ato de liberdade de expressão e tem o claro objetivo de ofender, intenção esta que fica clara na foto escolhida para ser publicada.

A foto estampada nos jornais dinamarqueses hoje é aquela em que aparece um rosto que representaria o profeta com um turbante em forma de bomba.

Associar o terrorismo a um profeta que jamais praticou uma ação terrorista sequer na vida é injusta, desonesta e criminosa, pois se trata de calúnia, uma vez que se imputa ao profeta Muhammad uma falsa acusação de um ato que ele nunca cometeu.

Antes de aceitar a missão divina, o profeta Muhammad já era conhecido em sua sociedade como uma pessoa honesta, respeitadora e pacífica que lhe garantiu a alcunha de Al-Amin (o Fiel).

Depois de receber a convocação da profecia por meio do Arcanjo Gabriel, o profeta Muhammad se encarregou de ensinar aquilo que Deus havia recomendado e por meio do amor, da sabedoria e da compreensão conseguiu unir povos que até então viviam na beligerância, exemplo de seu caráter pacificador.

O profeta Muhammad era respeitado e admirado antes e depois de receber a tarefa de divulgar a mensagem divina. As pessoas se dirigiam até ele vindas de todas as partes do mundo para se aconselhar e receber as boas novas.

Portanto, não sei de onde estes grupos racistas e caluniadores dinamarqueses tiraram esta idéia de que o profeta era terrorista?

Se esta associação é feita por causa dos atos de alguns grupos que se dizem islâmicos e estão envolvidos com a violência para alcançar seus objetivos, então, estes cartunistas e jornais estão errados.

Será que é justo ofender Jesus Cristo pelos crimes que terroristas como George W. Bush, por exemplo, cometem, uma vez que o presidente dos Estados Unidos se diz seguidor dos ensinamentos do filho de Maria? Será que é justo ofender Moisés por causa dos crimes que os terroristas judeus praticam?

Além do mais, estas charges só acirram os ânimos e favorecem os grupos que estes dinamarqueses dizem combater.

Mais do que religiosas, as agressões dos jornais fundamentalistas e extremistas dinamarqueses se constituem em um símbolo do movimento xenófobo e racista que atinge várias capitais européias que vêem o estrangeiro e sua respectiva cultura como um perigo e uma ameaça a sua identidade nacional.

Estas agressões são endereçadas a todos os povos de imigrantes, mas atingem particularmente os grupos muçulmanos que são bem organizados e conseguem preservar sua identidade cultural ao invés de se diluir nos costumes locais, gerando a revolta dos mais fanáticos facistas.

É lamentável que os jornais dinamarqueses estejam se desviando de sua função social para pregar o preconceito, a intolerância, o racismo e ódio .


A RESISTÊNCIA CONTINUA COMPANHEIROS

Em 1992, um ataque de helicóptero praticado por Israel que violou o espaço aéreo libanês matou o então secretário-geral do Hezbollah, Sayed Abbas Mussawi.

Naquela ocasião, vários veículos de comunicação ocidentais e israelitas não pensaram duas vezes em afirmar - "o Hezbollah acabou".

Anos depois, esta previsão se mostrou falsa e desonesta, principalmente, para a opinião pública.

O Hezbollah, grupo que encabeça a resistência contra Israel e os Estados Unidos no Líbano, não só continua existindo e está mais forte do que nunca como o assassinato do Sayed Abbas Mussawi contribuiu para aumentar a popularidade e engrossar as fileiras do partido que foi responsável por impor duas derrotas militares à Israel (que até então propagava que seu exército era invencível) e libertar terras ocupadas e os prisioneiros libaneses das mãos dos terroristas sionistas.

O assassinato de um dos seus principais comandantes militares, Imad Moughniyah, ocorrido, na terça-feira (12), embora seja um duro golpe, não afeta a resistência libanesa, uma vez que o Hezbollah é movido por uma causa maior que não depende das pessoas que hoje comandam o grupo.

Se algum dirigente é martirizado, ele é automaticamente substituído por outro que dá continuidade nos trabalhos sem prejudicar a luta do partido.

Os governos dos Estados Unidos e Israel já deram declarações em que comemoram o assassinato de Moughniyah, um herói que desde cedo renunciou a sua vida particular para sacrificá-la na defesa dos povos oprimidos do mundo e oferecê-la na luta pela dignidade dos libaneses e da Palestina.

Os dois negam a participação no crime, mas tanto os norte-americanos quanto os israelenses são os maiores interessados neste assassinato.

A negativa de Israel não surpreende, uma vez que o atentado que matou Moughniyah aconteceu em Damasco, na capital da Síria, mostrando que Israel quer ampliar a área do conflito mandando uma clara mensagem de que o terrorismo judaico, apoiado pelos norte-americanos e outros países, está disposto a matar os muçulmanos e os árabes em qualquer lugar do mundo

Imad Moughniyah não é o primeiro de sua família que se martiriza nas mãos dos israelitas.

Em 11 de junho de 1984, um irmão dele, Jihad Moughniyah, se martirizou aos 28 anos quando foi alvo de um míssil de Israel no momento em que tentava salvar um família dos escombros de um local que havia sido bombardeado minutos antes pela aviação israelita.

Dez anos depois, no dia 21 de dezembro de 1994, um outro irmão de Imad, Fuad Moughniyah, se martirizou em decorrência de um carro bomba plantado por agentes de Israel em frente a sua empresa no subúrbio de Beirute.

A longa história de sacrifício de Imad Moughniyah contra o terror e a opressão norte-americana-israelita, começou ainda na década de 70, antes mesmo de nascer o próprio Hezbollah, que surgiu em 1982, e levou os inimigos a considerá-lo como um dos militantes mais perigosos, inclusive, oferecendo milhões dólares para prendê-lo.

Mais do que isso, na tentativa de desmoralizar sua luta, atribuíram a ele uma série de ataques fora do Líbano, incluido, os atentados contra alvos judaicos na Argentina, sem apresentar uma única prova sequer da participação dele nestes episódios.

Tanta a investigação como o julgamento do Caso Amia não possuem nenhuma credibilidade devido aos graves erros que foram cometidos na execução do levantamento das provas e durante o processo.

As provas que confirmariam o tal do complô iraniano propagandeado pela máquina de difamação judaica-norte-americana foram apresentadas pelos serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel, inimigos declarados do Irã.

Sinceramente, os norte-americanos e os israelitas não têm o que comemorar. A exemplo do que ocorreu com o assassinato do Sayed Abbas Mussawi, o martírio de Imad Moughniyah vai atrair ainda mais simpatia ao Hezbollah e engrossar suas fileiras dando maior fôlego ao grupo que não vai desistir de lutar até libertar todos os prisioneiros e as terras ocupadas.

Matar um dirigente aqui ou acolá não adianta nada. Quantos líderes palestinos ou libaneses já foram mortos sem que a resistência tenha sido afetada?

Além do mais, o assassinato de Moughniyah vai gerar uma retaliação forte por parte da resistência.

O que aconteceu na terça-feira não foi a morte de Imad Moughniyah, mas sim o nascimento de dezenas de novos Moughniyas que estarão dispostos a dar prosseguimento a luta até a vitória final contra o terrorismo norte-americano-israelita no mundo. A resistência continua companheiros.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

IRANIANOS CELEBRAM EM GRANDE ESTILO MAIS UM ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO ISLÂMICA




Iranianos vivem uma nova revolução, desta vez, na área espacial

Os iranianos comemoraram em grande estilo, hoje (11), mais um aniversário da Revolução Islâmica que, em 1979, derrubou a monarquia entreguista pró-Estados Unidos do Xá Reza Pahlevi e instaurou a república no país, devolvendo ao povo o direito de votar e escolher seus representantes sem interferências externas.

Falando para uma multidão de centenas de milhares de pessoas que se reuniram na principal praça de Teerã para celebrar os 29 anos de revolução, o presidente Mahmoud Ahmadinejad afirmou que em breve será lançado ao espaço um satélite com funções de telecomunicações "made in Iran", ou seja, 100% fabricado pelos cientistas iranianos.

"Caso um povo queira viver com orgulho e deseje dar o grito de justiça neste mundo cheio de maldades e de arrogância deve ter acesso aos últimos avanços científicos e tecnológicos, e a presença no espaço é um destes casos", concluiu o presidente.

O país já possui um satélite em órbita, mas o envio deste ao espaço foi realizado com a ajuda dos russos.

Na semana passada, os iranianos lançaram com sucesso um foguete como parte dos procedimentos preliminares para o lançamento do satélite Omid (que significa “Esperança”, em persa).

É claro que, para variar, os norte-americanos ficaram revoltados e desaprovaram a nova conquista iraniana como se este povo tivesse que pedir as bençãos para tudo aos Estados Unidos.

A estréia do Irã no clube espacial é mais um feito a ser contabilizado numa lista extensa de vitórias que os iranianos vêm acumulando nas últimas décadas em todos os campos, incluindo, o tecnológico, o militar e o nuclear, apesar de todas as tentativas de sabotagem que o país tem sofrido por parte de seus inimigos.

O anúncio de Ahmadinejad é de um simbolismo enorme uma vez que, há mais de 30 anos, em torno de 40 países, principalmente ocidentais e árabes, se uniram em torno do ex-ditador Saddam Hussein para fazer uma guerra cujo principal intuito era o de sabotar o povo iraniano como punição por terem derrubado um dos principais aliados dos norte-americanos no Oriente Médio.

Três décadas depois, os norte-americanos ainda dão demonstrações de inconformismo com a derrota que sofreram no Irã com a queda do xá por meio das constantes conspirações que fazem contra os iranianos, a última delas, em forma de sanções que até agora têm se mostrado ineficazes.

Todas as tramóias norte-americanas e sionistas não foram suficientes para apagar a chama da Revolução Islâmica que continua acesa até os dias de hoje não só no Irã, mas em diversos lugares do mundo, influenciando várias gerações que sentem atraídas pelo exemplos de indepedência e auto-determinação dos povos que foi dada ao mundo pelos iranianos.

Enquanto Saddam foi morto enforcado e o povo iraquiano vive o pesadelo de uma ocupação bárbara liderada pelos Estados Unidos, os iranianos se mantêm unidos na luta pelo desenvolvimento de seu país que muito em breve será, sem dúvida nenhuma, a maior potência do Oriente Médio.


sábado, 9 de fevereiro de 2008

A CRISE LIBANESA NA VISÃO DE UM FRANCÊS

Na próxima quinta-feira, dia 14 de fevereiro, o Líbano lembra o terceiro ano do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri.

Desde o fatídico episódio até os dias atuais, o país mergulhou em uma profunda crise que ameaça a qualquer momento em se transformar numa guerra civil.

De lá para cá, pelo menos 22 assassinatos políticos ocorreram sem que as forças de segurança do Líbano, controladas pelos aliados dos Estados Unidos, de Israel e da Arábia Saudita, descobrissem os autores destes crimes.

Ao invés disso, fazem acusações vazias contra a Síria, embora até hoje não tenha aparecido um fio de cabelo que comprovasse a participação do governo sírio nestes assassinatos.

As divergências entre os grupos políticos ocorrem praticamente em todos os pontos desde a política, a economia, passando pela segurança chegando até a questão dos mais de 400 mil refugiados palestinos.

As divisões são instigadas por pressões externas de países que encontram no Líbano o campo fértil para interferir.


O último round da briga diz respeito a eleição para a Presidência da República, cujo cargo está vago há mais de dois meses quando expirou o mandato do presidente Emil Lahoud .

Por causa da falta de consenso, a escolha do novo presidente, que é feita pelos deputados e não de forma direta pelo povo, já foi adiada 14 vezes, a última delas, hoje (09).

A nova sessão do parlamento que deve escolher o futuro presidente foi marcada agora para o dia 26 deste mês.

Até lá, os nervos dos libaneses continuarão a flor da pele com as constantes acusações mútuas entre os grupos politicos que enchem a paciência do cidadão comum.

Por conta desta situação, o blog Leitura Franca publica uma entrevista com o ex-chefe da Direção de Vigilância do Território (DST), órgão de segurança francês, e um dos maiores especialistas em contra-espionagem e terrorismo da França, Yves Bonnet.

A entrevista foi publicada na edição eletrônica em árabe do jornal Al-Intiqad, desta semana, que começou a circular na sexta-feira dia 08 de fevereiro e foi reproduzida em vários jornais libaneses.

Para quem gosta dos assuntos do Oriente Médio, vale a pena conferir a entrevista uma vez que a França é um dos países envolvidos na crise libanesa.

Bonnet acusa abertamente os Estados Unidos de serem os responsáveis pela turbulência política no Líbano.

Segundo ele, os norte-americanos, com a ajuda de libaneses traidores, querem concretizar um sonho antigo de implantar uma base militar no norte do Líbano, perto da fronteira com a Síria.

Na entrevista, o francês especialista em questões de segurança, elogia o Hezbollah grupo que considera como de Resistência e não como terrorista da forma como quer os Estados Unidos.

Tece elogios também ao líder do grupo, o secretário-geral Sayed Hassan Nasrallah, cujo papel tem sido positivo para resolver a crise libanesa.

Ele isenta a Síria no que diz respeito aos assassinatos políticos ocorridos no últimos anos, crimes estes praticados para desestabilizar o Líbano.

Por outro lado, Bonnet acusa a Arábia Saudita de conspirar junto com os israelenses para evitar qualquer tipo de conciliação entre os libaneses.

Bonnet também critica a imprensa francesa pela forma parcial que cobre os eventos no Líbano, se posicionando em favor de um grupo em detrimento do outro.


"OS ESTADOS UNIDOS E ISRAEL QUEREM CRIAR DIVISÕES ENTRE OS LIBANESES"


Bonnet é um dos maiores especialistas em segurança da França. Foto: Al-Intiqad


Por que toda esta preocupação internacional com o Líbano?

Há três países que querem se intrometer nos assuntos do Líbano. Primeiro, os Estados Unidos, e depois a Arábia Saudita e Israel. Há uma convergência grande de interesses e de cooperação entre os sauditas e os israelenses no Líbano. Esta cooperação saudita-israelense ocorre por meio do pessoal de David Welch (secretário adjunto de Estado para Assuntos do Oriente Médio dos Estados Unidos), em Beirute. Já os Estados Unidos querem transformar o Líbano em uma base para fazer pressão sobre a Síria e o Hezbollah.

A quem o senhor se refere como o pessoal de Welch?

Me refiro ao quarteto Samir Geagea (líder do grupo pró-Israel, Forças Libanesas), Walid Jumblat (líder druso do Partido Progressista Socialista), Saad Hariri e Fuad Siniora (ambos do Movimento Mustaqbal). Todas estas pessoas são totalmente submissas as ordens de David Welch

Por que o senhor se refere desta forma a estes políticos?

Veja a realidade libanesa hoje. Há uma divisão interna profunda, cuja principal consequência é o enfraquecimento dos cristões que é bem vísivel por causa da incapacidade deles de escolher o presidente da república sem o aval de Washington, da Arábia Saudita e de Israel. Na visita que fiz ao Líbano, me surpreendi com o tamanho da divisão interna resultante da interferência externa. Todos querem impor sua vontade sobre os libaneses, começando pelo nosso ministro das Relações Exteriores (Bernard Kouchner) que pediu abertamente para o exército libanês destruir o campo de refugiadios palestinos de Naher Al-Bared. Tenho certeza de que se tívessemos deixado os libaneses cuidarem de seus assuntos sozinhos, eles já teriam chegado ao governo de união nacional.

Na sua opinião, qual é a parte que está impedidno a formação de um governo de união nacional no Líbano?

Os Estados Unidos e Israel. A pergunta que devemos fazer é para o interesse de quem está ocorrendo todos estes crimes? A resposta óbvia é a de que a divisão política no Líbano serve aos interesses de Israel, em primeiro lugar. Quando visitei o Líbano em agosto de 2006, o Líbano passava por uma situação de unidade nacional representada pela postura do Michel Aoun (líder do Movimento Patriótico Livre) e a do Sayed Hassan Nasrallah (secretário-geral do Hezbollah). Nasrallah foi bastante inteligente ao considerar a vitória obtida pelo Hezbollah como uma vitória de todos os libaneses, ao mesmo tempo que Michel Aoun ficou ao lado do Hezbollah durante a guerra. Os Estados Unidos e Israel querem criar divisões entre os libaneses obstruindo qualquer tentativa de solução da crise.

Por que o exércio libanês teve que lutar em Naher Al-Bared?

Os Estados Unidos possuem à vontade de voltar ao Líbano militarmente. Como o sul do Líbano é uma região de forte influência do Hezbollah, os norte-americanos viram que a melhor forma é entrar pela porta do norte libanês ressuscitando o antigo projeto de construir uma base militar nesta área do Líbano. Para alcançar este objetivo, surgiu a idéia na cabeça de alguns nos Estados Unidos de criar incidentes e problemas para justificar a entrada e a presença militar na região. É importante saber que este grupo "Fatah Al-Islam" era financiado pela família Hariri, onde o salário pago a cada índividuo deste grupo chegou a US$ 700. Esta informação é indiscutível. O exército caiu em uma grande armadilha que foi armada contra ele e acabou sendo arrastado para este enfrentamento sagrento que poderia ter sido evitado. Quando eu vi o sr Kouchner se comportando como um general militar pedindo pela destruição de Naher Al-Bared, eu vi o tamanho da irresponsabilidade de como foi tratada este questão.

Quem está por trás destes assassinatos?

Para responder é preciso voltarmos a aquela pergunta anterior: para o interesse de quem está ocorrendo estes crimes? Como se pode culpar a Síria rotineiramente, uma vez que os sírios sabem bem que eles estão na berlinda? Eu, particularmente, acredito que a Síria muito longe de todos estes assassinatos.

Quem matou o capitão Wissam Aid (oficial do serviço de segurança libanês morto recentemente) na sua opinião?

Este assassinato foi praticado por pessoas próximas da vítima que trabalhavam ao seu redor. Não é importante saber quem executou o assassinato, mas saber quem orienta e comanda o assassino.

Por que todos estes assassinatos?

Estes assassinatos todos têm o objetivo de manter a continuidade da crise e suas complicações. Estes assassinatos não objetivam pessoas tanto quanto visam uma escalada na tensão. É só nos perguntarmos no caso do assassinato de Pierre Gemael, qual era o grau de incômodo que ele representava para os que o assassinaram e veremos que, na verdade, ele não incomodava nada. Estes assassinatos têm o objetivo de deixar o pavio da crise aceso.

Na sua opinião, por que Samir Geagea se sente tão forte e tranquilo?

A única explicação para isso é que ele está do lado de quem executa estes assassinatos.

O Jumblat sempre acusa o Hezbollah por estes assassinatos?

Se for verdade, então que mostre suas provas. Jumblat esquece que ele tem uma participação grande nestas questões dos assassinatos. Com certeza para todos, o Hezbollah não tem nenhuma relação com todos estes assassinatos. Pelo contrário, estes assassinatos só servem aos interesses dos inimigos do Hezbollah.

Tudo o que o senhor disse até agora é baseado em informações concretas ou em análises?

Os dois juntos.

Se estes assassinatos tivessem ocorrido na França, eles teriam sido desvendados?

Sim. Eles teriam sido descobertos

Por que eles não são desvendados no Líbano?

Porque no Líbano não se investiga direito. Aproveito para dizer que descobrir quem matou o Rafic Hariri (ex-primeiro-ministro) está entre as coisas impossíveis.

Por que?

Porque os investigadores atrasaram muito. Você não concorda que depois de três ou quatro anos é um tempo muito longo. Tecnicamente, tinha que ser colhidas provas imediatamente, ou sejam nas primeiras horas e nos primeiros dias.

Eles dizem que possuem provas?

Então, mostrem onde estão estas provas. Por que eles não mostraram as provas que dizem possuir.

Eles dizem que é para mostar somente no tribunal internacional. O que acha?

Como você pode acreditar que é possível esconder provas desta importância este tempo todo com a existência de sistemas de comunicação e informação grande em todo o mundo?

Eles vão acusar os quatro oficiais que estão detidos?

Eles não possuem qualquer prova. Tudo o que eles dizem são acusações vazias e suposições.

Dizem que a divergência do Hariri com o presidente Emil Lahoud, que era próximo da Síria, resultou no assassinato do Hariri. O senhor acredita nisso?

Lahoud é um homem sincero que tentou salvar o máximo que podia salvar. Acredito que o futuro vai descrevê-lo de uma maneira melhor do que hoje. Lahoud se chocou com os peixes grandes dos empresários e do dinheiro e tentou evitar que eles controlassem o Líbano. Lahoud fez o que foi possível ser feito.

Como o senhor avalia o entendimento entre o Hezbollah e o Movimento Patriota Livre?

Primeiro, é necessário apontar a moderação e a grande tranquilidade que caracterizam o caráter do Sayed Hassan Nasrallah, que é uma pessoa muito inteligente. O general Michel Aoun, trabalhou por meio deste entendimento afastar qualquer perigo de uma nova guerra civil, além de se esforçar seriamente para preservar a presença cristã no Líbano por meio desta aliança com o Hezbollah. O Hezbollah é um apoio forte que tranquiliza os cristãos quanto ao importante papel deles no Líbano e no Oriente Médio.

O senhor quer dizer que Aoun age para salvar os cristãos libaneses por meio deste entendimento?

Se eu fosse um cristão libanês, eu me aliançava com Michel Aoun e apoiava sua política. Você acha que os cristãos do Líbano que são minoria no mundo árabe possuem condições de viver com os salafitas (ideologia da Al-Qaeda). O pessoal do Hezbollah é moderado. Qualquer um que acompanha os acontecimentos no Líbano e no mundo árabe sabe disso.

Há motivos para se ter medo da presença cristã no Líbano?

Os cristãos desempenham seu papel no Líbano e no mundo árabe uma vez que eles são parte desta região. Volto a repetir que o entendimento Aoun-Nasrallah vem ao encontro dos interesses dos cristãos e sua existência. Eles formam uma entidade reconhecida há anos nesta região.

Como o senhor avalia a política da França no Líbano?

A política francesa necessita de "compaixão" desde os momentos finais do mandato do presidente Jacques Chirac que confundia seu bolso com os interesses da França. No que diz respeito ao presidente Nichola Sarkozy, com ele não se repete as questões pessoais como era com Chirac, porém Sarkozy está longe de se comparar com Charles de Gaulle. Sarkozy é próximo dos norte-americanos. Já o ministro das Relações Exteriores Bernard Kouchner se comporta conforme os seus princípios. Nas questões relacionadas ao Líbano e ao Irã, Kouchner se comporta na maioria das vezes de acordo com os seus sentimentos de judeu e não como francês. Kouchner foi uma das vozes na França que apoiou a invasão norte-americana no Iraque.

O senhor vê o Hezbollah como um grupo moderado no Líbano. Porém, os veículos de comunicação da França mostram totalmente o contrário. O que acha?

É verdade. É vergonhoso os veículos de comunicação da França mostrarem as coisas desta forma, dizendo que o Líbano está dividido ao meio, representado de um lado por um campo democrático, no caso os que estão no governo, e o outro pelo campo da Síria, formado pela oposição. Eu quero perguntar com base no que a imprensa francesa vê os que estão no governo hoje como mais democráticos dos que os outros que estão na oposição? Quanto a Síria, o que é rídiculo é ver que a maioria dos políticos que estão no governo atual comeram por muito tempo nas mãos dos sírios e hoje eles acusam o Michel Aoun de estar aliado à Síria. Quem foi que levou Aoun a sair do Líbano e se asilar na França? Quanto ao Hezbollah, o Hezbollah de 2008 não é mais o mesmo Hezbollah de 1985 (quando o partido surgiu oficialmente). O Hezbollah é um grupo de resistência contra a ocupação e o Sayed Hassan Nasrallah desempenha no Líbano o mesmo papel que Charles de Gaulle desempenhou na França.

O senhor falou sobre a distorção da realidade na imprensa francesa. Por que toda estas distorções?

Na imprensa francesa há um processo proposital de deturpação, principalmente, no que se refere aos muçulmanos xiitas (maior comunidade religiosa do Líbano da qual fazem parte o Hezbollah e o Movimento Amal, grupos que lideram a oposição). Estas distorções se devem ao lobby que domina a imprensa francesa aliada a uma deficiência jornalística quando se trata da cobertura dos muçulmanos xiitas. Os muçulmanos xiitas devem aparecer mais de forma correta na imprensa francesa. Eu fico chocado com as mentiras que certos grupos libaneses espalham na França sobre os muçulmanos xiitas por meio dos veículos de comunicação.

O senhor publicou um livro sobre a questão nuclear iraniana. O senhor pretende publicar outros livros?

O livro "Nucléaire iranien: Une hypocrise internationale" contém documentos sobre a hipocrisia que comanda os Estados Unidos desde a época do Xá Reza Pahlevi sobre esta questão. Eu pretendo lançar um novo livro sobre os reféns franceses com o título "Réfens das Mentiras" onde vou contar os escândalos de Jacques Chirac que se aproveitou deste assunto na disputa interna pelo Poder com o presidente François Mitterrand. Eu presenciei todo este período por meio do cargo de segurança que ocupava . Pretendo também no futuro escrever um livro sobre os muçulmanos xiitas.

O senhor pretende visitar o Líbano em breve?

Eu sempre visito o Líbano. Tenho uma vontade grande de encontrar o secretário-geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, porque ele é um homem divino que merece o maior respeito.