domingo, 22 de novembro de 2009

"O IRÃ PRECISA SER UM ALIADO DO BRASIL", DIZ DEPUTADO FEDERAL



"
Temos uma imprensa covarde e hiprócrita que
transforma suas
convicções ideológicas em pauta."


O Blog Leitura Franca publica, neste domingo, uma entrevista exclusiva com o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS), membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) do Congresso Nacional. A entrevista foi concedida, em Manaus, onde o parlamentar esteve por conta da CPI da Violência Urbana, da qual é o relator.


Pimenta falou, principalmente, da posição do Brasil em relação aos eventos do Oriente Médio, em especial, a questão da Palestina e o Irã.


Ele defendeu um maior protagonismo do Brasil na criação do Estado da Palestina. Este assunto será tratado em uma audiência pública que será realizada, na próxima terça-feira 24/11, no seio da CREDN, na Câmara dos Deputados.


Quanto ao Irã, Pimenta destacou que o Brasil sempre manteve uma relação cordial com os iranianos. Ele salientou que o Irã precisa ser um parceiro do Brasil e dos demais países que formam o chamado BRIC, composto também pela Rússia, Índia e China, frente a lógica do capitalismo mundial, que atualmente está em crise.


Pimenta, que é jornalista e é autor da PEC que devolve a obrigatoriedade da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, criticou a cobertura dos grandes veículos de comunicação que se posicionaram de forma negativa e planfetária em relação a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, ao mesmo tempo que se calaram diante da presença do genocida israelense, Shimon Peres.


Vale a pena conferir a entrevista. Boa leitura!


BLF – Ultimamente tem se falado muito num envolvimento maior do Brasil nas questões do Oriente Médio. A verdade é a que paz não vai chegar se o Estado palestino não for criado. Como o Brasil pode participar, por exemplo, da criação de um Estado palestino?


Defendo um maior protagonismo do Brasil nesta questão. Vamos realizar no dia 24 deste mês, uma audiência pública para discutir as propostas e o posicionamento do Brasil junto as Nações Unidos e outras organizações internacionais em relação a criação do Estado palestino. Convidamos o embaixador palestino, a OAB, o Itamarati e representantes de outras organizações da sociedade civil.


BLF - Como pode ser este protagonismo?


É uma questão de posicionamento. Eu tive a oportunidade de visitar o Oriente Médio junto com o Presidente Lula, há cinco anos. Naquela oportunidade, quando tivemos a reunião na Liga Árabe, no Egito, o Brasil se posicionou publicamente a favor da criação do Estado palestino. Acredito que este seja o momento oportuno para um envolvimento maior do Brasil que pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil precisa ter uma posição mais firme quanto a esta questão da criação do Estado palestino.


BLF – Como o senhor analisa o comportamento da imprensa que critica a visita presidente do Irã, que vem convidado pelo presidente Lula, e, ao mesmo tempo se cala diante da vinda de Shimon Peres, que fez o massacre de Qana e está a frente de uma entidade que pratica genocídio e ocupação de terras na Palestina?


Eu particularmente acho que isto é parte de um discurso hipócrita presente em grande parte da mídia nacional que armou todo um cenário em função da vinda do presidente do Irã. Buscaram fazer deste episódio uma espécie de ato de desagravo previamente da leitura internacional de que o Brasil pudesse ter uma visão de solidariedade em relação a criação do Estado palestino. Nesta questão da Palestina, nossa posição é muito semelhante a da posição do Irã. Quando estivemos com o presidente Lula na Líbia, houve uma crítica enorme. Uma semana depois, o Tony Blair, que era primeiro-ministro da Inglaterra, foi recebido como um chefe de Estado que foi tratar de questões de natureza econômica e assuntos bilaterais. Temos uma imprensa covarde e hiprócrita que transforma suas convicções ideológicas em pauta.


BLF – Como o senhor analisa a expansão das relações do Brasil com o Irã?


Temos uma relação boa com os países da Ásia e da Oceania. O Irã faz parte deste grupo de países. Temos um a relação absolutamente tranquila com o Irã do ponto de vista institucional e diplomático. O Brasil tem um interrese comercial e econômico nessa relação. Esse posicionamento da imprensa não é novidade. Até um pouco tempo atrás, nossas relações com a Líbia também eram bombardeadas, no momento que os Estados Unidos e a Inglaterra, por exemplo, tinham relações em grande escala com a Líbia. Todo movimento nosso era lido como algo condenando. Esta posição da imprensa, o Brasil não pode se submeter, ainda mais no momento que é feito um esforço do presidente Lula para fortalecer a posição do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) de criar uma nova hegemonia que possa dar conta da lógica do capitalismo mundial. Neste processo, o Irã precisa ser um aliado.

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