quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

PAREM O GENOCÍDIO PALESTINO!

Por Lejeune Mirhan*


Escrevo esse artigo no último dia do ano e sendo a última de 2008, era minha intenção apresentar um quadro geral do Oriente Médio (árabe), e tentar apresentar algumas perspectivas e mesmo previsões, opiniões pessoais sobre como será em 2009 nessa região. No entanto, um massacre em curso, um genocídio em andamento, fazem com que nos detenhamos no que vem acontecendo na Faixa de Gaza.


Como divulgado amplamente pela imprensa, havia uma trégua, uma espécie de cessar-fogo tácito entre o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza e Israel, que vigorava por intermediação do Egito, desde junho deste ano. Nem o Hamas lançava foguetes nas cidades fronteiriças à Faixa, nem Israel atacava alvos palestinos nessa região densamente povoada (a maior densidade geográfica do mundo, da ordem de quatro mil habitantes por quilômetro quadrado).

No dia 19 de agosto, após seis meses de trégua, o Hamas anunciou que suspenderia o cessar fogo. Para que a Trégua fosse bem sucedida, da parte de Israel as fronteiras de Gaza deveriam ficar abertas, para que o fluxo de comércio, de alimentos, de mercadorias, de remédios transitasse livremente, bem como na região da fronteira com o Egito, próximo da cidade de Haifa. Nada disso ocorreu nesses meses. Desde novembro do ano passado, quando o Hamas passou a controlar integralmente a região, expulsando inclusive os funcionários da ANP e membro do grupo Fatah, do presidente Mahmoud Abbas (Abu Mazen), a região vive um cerco econômico, muito parecido com o que estrangula Cuba desde 1962.

Os guerrilheiros da resistência palestina sejam eles do Hamas, da Jihad Islâmica, do Fatah, da Brigada dos Mártires e tantos outros, usam e sempre usaram, atacar cidades próximas de Gaza como forma de luta. Isso ocorre há décadas. Aliás, todas as cidades “judias” hoje, israelenses na fronteiras, antes de 1948, eram todas palestinas, eram aldeias onde milenarmente moravam os palestinos. Com a instalação do estado de Israel em maio de 1948, a região dessas cidades foi tomada pelas forças israelenses e Gaza ficou sob domínio egípcio.

O caso mais típico disso é a cidade fronteiriça que os judeus chamam de Ashkelon. Para os palestinos ela sempre foi Askalaan, onde moraram por séculos, talvez milhares de anos, como é características das cidades da região (aliás, Jericó, cidade citada na Bíblia, é a mais antiga do mundo de vida continuada e tem mais de sete mil anos de existência). A ironia disso tudo, como diz Robert Fisk (jornalista do The Independent) é que recentemente a imprensa mostrou a morte de cinco irmãs, vitimadas por mais um ataque assassino de Israel. A avó dessas crianças, todas irmãs e de uma mesma família, teve que fugir de sua aldeia, Askalaan, onde morava até 1948 e fugiu e passou a viver em condições precárias na região de Gaza, de onde hoje partem ataques com mísseis precários palestinos, pertencentes à resistência. Triste ironia.

Na madrugada do dia 27 de dezembro, sábado, iniciaram os ataques contra Gaza, onde moram 1,5 milhão de palestinos. No momento em que escrevo esta coluna (quarta, dia 31 de dezembro), quase 400 palestinos já foram mortos e os feridos, mutilados, arruinados já chegam a dois mil. Da parte israelense, vítimas de mísseis chamado Katyuchas (de antiga fabricação soviética, de pequeno alcance e sem precisão alguma de alvo, disparados aleatoriamente), vitimaram quatro cidadãos israelenses. Se formos ver, é uma clara guerra assimétrica. Para cada israelense morto, morrem cem palestinos!

Reflexões sobre a situação

Desde o início dos bombardeios, covardes bombardeios, tenho lido tudo que sai na grande imprensa, pesquisado em diversos sites internacionais (em vários idiomas) e lido, principalmente, artigos de autores diversos a mim enviados por e-mail e listas de discussão de que participo. Um volume grande de informações. Filtro boa parte desse volume de informações e faço uma análise das mesmas, com as quais compartilho com os leitores.

A região de Gaza teve duas grandes Intifadas (levante em árabe). A primeira em 1988, há 20 anos e dela resultou o primeiro acordo de paz negociado pela Noruega e assinado entre Israel e a OLP de Arafat em setembro de 1993, sob os auspícios da administração Clinton. A segunda Intifada, inicia-se em 2000, também em setembro, sob o governo de Ariel Sharon e dura três anos. Dela resultou a retirada unilateral, sem negociação, de todos os judeus residentes na Faixa. Tal decisão, sem anuência e negociação da liderança palestina, também foi tomada por Sharon, hoje vivendo com aparelhos, em estado vegetativo, comatoso. O líder do Hamas, Khaled Meshal, que vive exilado em Damasco, vem conclamando a uma terceira Intifada, para derrotar Israel.

Os ataques feitos por Israel são covardes. São feitos pelo ar, com mísseis teleguiados de alta precisão e por pilotos também covardes, pois nada sofrem, pois disparam seus mísseis a grandes altitudes e dos mais modernos aviões da aviação israelense, fornecidos, claro, pelos Estados Unidos o maior parceiro e apoiadora de Israel em toda a região.

O que se nota neste momento de imensa dor para os palestinos é o silêncio sepulcral e de cumplicidade dos governantes árabes. Com a exceção da Síria, de Bachar El Assad e da Líbia, de Muamar El Khadafi, que protestaram energicamente contra os ataques, o silêncio prevaleceu entre os governantes árabes. Uma ou outra declaração de reprimenda pelos ataques e pedidos tímidos de cessar fogo. Mas, mesmo nesses casos, eram seguidos a declarações que os culpados pelas mortes de palestinos inocentes e civis eram tão somente o próprio Hamas, ou seja, os próprios palestinos são culpados pelas suas próprias mortes! Não por menos, mas Jordânia, Arábia Saudita e Egito possuem inclusive acordos bilaterais, comerciais com os Estados Unidos e até reconhecem Israel, um estado judeu e que foi edificado em cima de terras que tinham um povo que La morava, que são os palestinos (falo no presente porque no que hoje se chama Israel, ainda vivem 1,6 milhão de palestinos).

Porque isso ocorre neste momento?

Aqui neste ponto há muitas interpretações possíveis. Os analistas não se entendem. O que moveria o governo israelense em fazer um ataque tão genocida como esse matando centenas de palestinos inocentes às vésperas da posse de um novo presidente americano? O que levaria o grupo Hamas e voltar a atacar cidades israelenses neste momento? Com as eleições legislativas para formar um novo governo em Israel em 10 de fevereiro – daqui portanto há 40 dias – quem poderia capitalizar esses ataques? A direita, de Netanyahu, do Likud ou o centrista Kadima de Livni ou ainda os Trabalhistas de Barak, o Ehud (ministro da Defesa, responsável pelos ataques)?

Os dois lados ganham com essa nova situação. Da parte do Hamas, que vinha com uma popularidade em baixa e em um isolamento internacional cada vez maior, vai tentar ressuscitar a figura mítica do guerrilheiro palestino, os mujahedins e os fedains (nome do Hino Nacional palestino), heróico, guerreiro, corajoso e destemido, que enfrenta tanques e fuzis de peito aberto e com pedras e fundas nas mãos. Do lado de Israel, o governo do Kadima tenta passar para a população israelense, que vive em constante insegurança, que tem condições de desmontar as bases do Hamas e até destruí-lo. Dar-lhes uma lição. Isso tudo, às vésperas de eleições decisivas.

Esse caminho, o de “dar lições”, já se mostrou completamente equivocado historicamente. Em nenhum dos episódios nos últimos 40 anos, quando Israel tentou destruir a resistência do povo palestino, estes sempre saíram mais fortalecidos e voltaram a lutar. Esse é seu destino. Não tem alternativa esse povo se não lutar pelas suas terras, pela sua identidade, pela sua história. Mas, a tentativa de “dar lição” mais recente que Israel se envolveu, resultou no maior e mais importante fracasso de guerra desse estado guerreiro, possuidor do quarto mais poderoso exército do planeta. Ocorreu em julho de 2006. Durou apenas 34 dias. Foi quando Israel invadiu o sul do Líbano e atacou as bases do Hezbolláh. Ataques maciços de todas as formas. Resultaram na morte de 1,2 mil libaneses e da parte de Israel 156 soldados. Ainda que uma proporção de dez árabes mortos para cada judeu em combate, Israel saiu completamente derrotado dessa batalha. Pelo simples fato que os dois objetivos que havia se fixado, não foram atingidos na batalha (libertar os soldados israelenses seqüestrados pela guerrilha libanesa e a destruição do Hezbolláh no Líbano).

Esse episódio deixou marcas profundas na sociedade israelense. Foi, digamos assim, a primeira “guerra” perdida por Israel. Seu orgulho de estado “invencível” foi ferido de morte com essa derrota. Uma derrota profunda para o dito invencível exército israelense. Mas o pior, do ponto de vista dos judeus: o Hezbolláh saiu muito mais fortalecido dessa batalha, ampliando sua influência, voltou ao governo libanês com mais ministros e suas bases no Líbano ampliaram.

Assim, de nossa parte, as coisas tem que ficar bem claras. Esses ataques contra o Hamas são contra os palestinos e não contra algum grupo em particular. Essas agressões, isso que vimos chamando de genocídio – a palavra massacre é leve para expressar o que vem ocorrendo – no entanto, acabam fortalecendo, na prática, exatamente o grupo que Israel tenciona destruir, que é o Hamas. E acaba por enfraquecer o grupo Fatah, que o governo israelense e americano teriam preferência para negociar um possível acordo de paz.

Nesse sentido, foi desastrosa a declaração do presidente da Autoridade Nacional Palestina – ANP, Mahmoud Abbas. Ao mesmo tempo em que ele condenou energicamente os ataques e as agressões israelenses contra as populações indefesas de Gaza, disse que o culpado por tudo isso são os membros do Hamas que se recusaram a manter a trégua e não querem negociar a paz. Isso pegou muito mal e Abbas deve sair enfraquecido nesse processo. Até mesmos e militantes e filiados do Fatah não gostaram dessas declarações. Tudo que um palestino não queria ouvir de sua liderança, especialmente dos moradores da Cisjordânia, distante de Gaza, era que os culpados eram os próprios palestinos pelo seu próprio massacre!

O que fará Obama?

Aqui reside a maior incógnita desse processo todo. Praticamente ninguém tem conseguido arrancar da boca de Obama qualquer frase, qualquer declaração de condenação aos ataques. Não só sobre essa situação, mas a sua postura é de que os Estados Unidos tem um presidente de cada vez e o atual é George Bush até 20 de janeiro de 2009. Tem certa razão nesse sentido, mas vive-se hoje um momento de transição de gabinete, equipes tem mantidos contatos para que a transição ocorra, há um escritório do presidente eleito que já nomeou todo o seu gabinete, que da declarações diárias sobre diversas questões. Nesse sentido, poderia sair da boca de Obama um apoio claro tanto para o cessar fogo imediato, como para sinalizar um caminho mais concreto para a paz. Mas, nada se ouviu até agora. Parece uma esfinge egípcia do deserto. Ninguém é capaz de decifrá-lo.

Mas, durante a campanha ele deu sinais, sempre dúbios, sobre a questão palestina. Chegou a dizer que se alguém atacasse as casas onde morassem as suas duas filhas ele se sentiria no dever de defendê-las e revidar ao ataque. Um mau exemplo e uma péssima declaração. O primeiro nome que ele indicou para a transição foi Rahm Emmanuel, de origem judaica, filho de judeus ortodoxos e membro de grupos terroristas que assassinaram palestinos na Palestina antes de 1947. Emmanuel fala hebraico fluentemente e, claro, influencia a cabeça de Obama.

Por outro lado, Obama indicou uma mulher, democrata, para ocupar a Secretaria de Estado (uma espécie de ministério das Relações Exteriores), que é a democrata Hilary Clinton. A senadora pelo progressista estado de Nova York (entendam bem; progressista para os padrões americanos), chegou a visitar a Cisjordânia e acampamentos palestinos e sempre se declarou a favor da solução de dois povos dois estados. Mas, também neste momento, de forma prudente, Hilary se recolheu em copas e aguarda a sua posse para entrar em cena.

O mais interessante e irônico nisso tudo é que o mesmo governo, dos Estados Unidos, que sustenta politicamente o Estado de Israel e mesmo economicamente – envia-lhe a fundo perdido todos os anos cinco bilhões de dólares – é o que determina o cerca e o boicote econômico á pequenina Cuba socialista, que tem o melhor sistema de ensino e de saúde de toda a América! Destrói economicamente a pequenina e pacífica Cuba, mas mantém a peso de ouro o Estado terrorista de Israel, que mata inocentes palestinos. Isso revolta e indigna a consciência de democratas e patriotas de todo o mundo, de todos os partidos e de todas as religiões. Isso tem que mudar. Será que Obama com seu slogan de campanha Change. We need (Mudanças. Nós precisamos) vai mudar alguma coisa? Com a volta da multipolaridade mundial – em meu ponto de vista uma situação irreversível – ainda valeria a pena para os americanos pagarem um preço tão caro como vem pagando em todo o mundo para sustentar um Estado insustentável? Creio que não. Por isso, apostamos em mudanças na política externa estadunidense sob o comando de Obama e Hilary.

E o mundo árabe?

Aqui um outra vergonha nacional. Haviam duas ou três exceções entre todos os 23 países árabes, que poderíamos dizer que contavam para a luta em apoio à causa dos palestinos, pela independência nacional, contra o sionismo como projeto colonial e imperialista estadunidense e de características neocoloniais. A Síria, que sempre jogou papel decisivo, o Iraque – agora destruído e com um governo pró-americano – e a Líbia, que chegou a ser taxada de terrorista, mas hoje com um governo muito mais moderado e com laços com Washington.

Todos os outros governos árabes, praticamente sem nenhuma exceção, são amigos dos Estados Unidos e não dão nenhum passo em desacordo com a Casa Branca. Particularmente a Jordânia, o Egito e a Arábia Saudita, os maiores, mais ricos e que mais contam na região, todos têm, sem exceção, governos pró-americanos, amigos dos americanos. Tais países mantém tratados de amizade, de cooperação com os EUA e reconhecem Israel inclusive (exceção à Arábia Saudita). São países e governantes subservientes, fantoches, ocidentalizados, que viraram as costas aos seus povos e aos árabes em geral e aos palestinos em particular. Pagarão caro um dia desses, ainda que talvez ainda não tenha chegado o momento, em função da ainda baixa mobilização de seus próprios povos nesses países. Mas isso não durará.

Afirmo isso, até porque as razões, no caso dos palestinos, que leva ao ódio e à uma resistência violenta na luta contra Israel, estão cada dia mais fortes. Listo pelo menos as seguintes: a fome compulsória; prisões em massa (no caso, por parte de Israel e no Egito); a continuidade do projeto colonial judaico-americano; a sistemática expulsão de palestino de suas terras e destruição de suas casas; os assassinatos de líderes da resistência; fechamento criminoso da fronteira egípcia na cidade de Haifa (e outras), impedindo que os palestino recebam, pelo lado árabe, suprimentos, alimentos, remédios e tudo o que mais precisem. Nem a sonhada ajuda humanitária que chega do mundo todo pode entrar em Gaza hoje porque o ditador e subserviente Hosni Mubarak, pró-americano, insiste em manter fechada a fronteira e mais do que isso: manda fuzilar todos os palestinos que tentam passar por ela. Incrível isso, mas é a pura realidade.

Por fim, o estrepitoso silêncio da comunidade internacional. Da parte dos Estados Unidos, claro, como era de se esperar, desde os primeiros ataques do dia 27, sábado, o apoio veio imediato e o dedo em riste apontou quem eram os culpados pelas mortes dos palestinos: os próprios palestinos. Isso Condoleezza Rice disse em alto e bom som, a mando de Bush. Mas, vários países europeus também foram nessa linha. Foi preciso 400 cadáveres, dos quais cem de crianças mulheres e idosos, depois de cinco dias ininterruptos de ataques covardes pelos ares, para que um cessar fogo fosse proposto pelo presidente francês (apelidado de Sarko, o novo queridinho da mídia, aliás em férias no Brasil).

Esse odioso silêncio de cumplicidade da comunidade internacional, parece que é o tempo exato que Israel sempre precisou nos primeiros dias, para realizar o seu “serviço” sujo. Cinco dias. 400 mortos, dois mil feridos e mutilados, centenas de casas e prédios destruídos, em uma região que já vive há seis meses sem água e luz, sem coleta de lixo. O pior lugar dos mundos para 1,5 milhão de palestinos. Quem se importa com isso?

Por isso, volto a dizer o que tenho reafirmado neste espaço há quase sete anos: não há a menor diferença entre a política externa americana e a de Israel. Seus objetivos são absolutamente parecidos para o Oriente Médio, para não dizer exatamente iguais. São como se fossem irmãos siameses. Um não vive sem o outro. O poderoso lobie judaico nos Estados Unidos sustenta muitos governos americanos, e doações aos partidos em épocas de eleições, fazem com que os eleitos sempre estejam comprometidos até a medula com a sustentação de Israel, qualquer que venha a ser o seu governante, seja do Likud, Kadima ou Trabalhista.

Perspectivas do conflito

É preciso que o Ocidente como um todo, sem medo de errar, condene com veemência e energia Israel por crimes contra a humanidade, que é o que ela vem cometendo neste momento. É preciso parar com a brincadeira de escolhermos com quem vamos negociar a paz. O Hamas, goste ou não das suas orientações, é absolutamente legítimo. Venceu as eleições de janeiro de 2006 com 56% dos votos. É preciso reconhecer o Hamas e com ele negociar.

Da parte da ANP, foi um erro não passar integralmente a direção de todos os órgãos, forças de segurança, para o novo governo de Ismael Haniyeh. Ele fez maioria no parlamento e adquiriu esse direito. Como também acho que foi um erro o Hamas expulsar os membros da Fatah e da ANP da Faixa de Gaza, abrindo um período de luta interna que em nada beneficia a luta nacional palestina.

Israel precisa parar de se fazer vítima, como se colhesse ainda os “louros”, do horrendo holocausto a que foi vítima até 1945, perpetrado pelos nazistas contra judeus. Nunca um estado dito democrático, governado por um povo que passou o que os judeus passaram – foram seis milhões de mortos – poderia tomar as atitudes de massacre, de holocausto e de genocídio que vem fazendo contra os palestinos.

O mundo, mesmo calado, sabe que o que Israel vem fazendo com os palestinos é um genocídio, uma limpeza étnica. O medo que os judeus tanto tiveram de “serem jogados no mar” (mediterrâneo), passam a fazer exatamente isso. Querem exterminar um povo inteiro, já que jogá-los no mar não poderão. Só na guerra de 1948, Israel deslocou um milhão de palestinos de suas terras.

O mundo precisa ter a coragem de enquadrar Israel na Convenção contra o Genocídio (Resolução nº 96 de 11 de dezembro de 1946. Por esse instrumento do direito internacional fica claro que o que esta ocorrendo na Palestina é um genocídio. Vejam o que diz o artigo II: “genocídio é qualquer um dos seguintes atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave ou à integridade física e mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhes a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo” (grifo os que, em meu modesto ponto de vista e com meus conhecimentos distantes da região, percebo que Israel incorre neles).

Com isso, sigo sendo absolutamente cético com relação a uma possibilidade de paz. Não haverá paz. Os homens não são, neste momento, de boa vontade. No futuro breve, veremos. Deixo aqui neste espaço a minha absoluta solidariedade para com os palestinos. Meu coração e minha mente neste momento estão com eles.

Aproveito para convocar os que estiverem em São Paulo nesta sexta-feira, dia 2 de janeiro, para comparecerem a um ato de solidariedade para com o povo palestino convocado por dezenas de entidades brasileiras, a partir das 15h, na Avenida Paulista, no vão livre do MASP. Venha com a sua família mostrara sua indignação e seu repúdio ao massacre que Israel esta cometendo contra os palestinos. Por isso apoio a palavra de ordem unificada do movimento: Israel: pare o massacre contra o povo palestino!


*Lejeune Mirhan, Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological

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