sábado, 9 de fevereiro de 2008

A CRISE LIBANESA NA VISÃO DE UM FRANCÊS

Na próxima quinta-feira, dia 14 de fevereiro, o Líbano lembra o terceiro ano do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri.

Desde o fatídico episódio até os dias atuais, o país mergulhou em uma profunda crise que ameaça a qualquer momento em se transformar numa guerra civil.

De lá para cá, pelo menos 22 assassinatos políticos ocorreram sem que as forças de segurança do Líbano, controladas pelos aliados dos Estados Unidos, de Israel e da Arábia Saudita, descobrissem os autores destes crimes.

Ao invés disso, fazem acusações vazias contra a Síria, embora até hoje não tenha aparecido um fio de cabelo que comprovasse a participação do governo sírio nestes assassinatos.

As divergências entre os grupos políticos ocorrem praticamente em todos os pontos desde a política, a economia, passando pela segurança chegando até a questão dos mais de 400 mil refugiados palestinos.

As divisões são instigadas por pressões externas de países que encontram no Líbano o campo fértil para interferir.


O último round da briga diz respeito a eleição para a Presidência da República, cujo cargo está vago há mais de dois meses quando expirou o mandato do presidente Emil Lahoud .

Por causa da falta de consenso, a escolha do novo presidente, que é feita pelos deputados e não de forma direta pelo povo, já foi adiada 14 vezes, a última delas, hoje (09).

A nova sessão do parlamento que deve escolher o futuro presidente foi marcada agora para o dia 26 deste mês.

Até lá, os nervos dos libaneses continuarão a flor da pele com as constantes acusações mútuas entre os grupos politicos que enchem a paciência do cidadão comum.

Por conta desta situação, o blog Leitura Franca publica uma entrevista com o ex-chefe da Direção de Vigilância do Território (DST), órgão de segurança francês, e um dos maiores especialistas em contra-espionagem e terrorismo da França, Yves Bonnet.

A entrevista foi publicada na edição eletrônica em árabe do jornal Al-Intiqad, desta semana, que começou a circular na sexta-feira dia 08 de fevereiro e foi reproduzida em vários jornais libaneses.

Para quem gosta dos assuntos do Oriente Médio, vale a pena conferir a entrevista uma vez que a França é um dos países envolvidos na crise libanesa.

Bonnet acusa abertamente os Estados Unidos de serem os responsáveis pela turbulência política no Líbano.

Segundo ele, os norte-americanos, com a ajuda de libaneses traidores, querem concretizar um sonho antigo de implantar uma base militar no norte do Líbano, perto da fronteira com a Síria.

Na entrevista, o francês especialista em questões de segurança, elogia o Hezbollah grupo que considera como de Resistência e não como terrorista da forma como quer os Estados Unidos.

Tece elogios também ao líder do grupo, o secretário-geral Sayed Hassan Nasrallah, cujo papel tem sido positivo para resolver a crise libanesa.

Ele isenta a Síria no que diz respeito aos assassinatos políticos ocorridos no últimos anos, crimes estes praticados para desestabilizar o Líbano.

Por outro lado, Bonnet acusa a Arábia Saudita de conspirar junto com os israelenses para evitar qualquer tipo de conciliação entre os libaneses.

Bonnet também critica a imprensa francesa pela forma parcial que cobre os eventos no Líbano, se posicionando em favor de um grupo em detrimento do outro.

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