A chegada pela primeira vez na história de um negro descendente de africanos à presidência dos Estados Unidos, por si só, faz da vitória de Barack Hussein Obama um fato histórico.
O alto índice de comparecimento do eleitor, especialmente dos jovens, em um sistema onde o voto é facultativo, mostra que o cidadão comum norte-americano cansou das políticas nocivas que prejudicaram o país adotadas, tanto no campo interno como no externo, pela administração de George W. Bush, e expressou por meio das urnas o seu desejo de mudanças urgentes.
A vitória de Obama foi, portanto, resultado da vontade de mudar dos norte-americanos, não só em relação aos assuntos internos, mas também no que se refere a política externa norte-americana. Atualmente, os Estados Unidos empreendem duas guerras criminosas - uma no Iraque e outra no Afeganistão -, implantaram a famigerada "guerra contra o terror", promoveram a tortura, o genocídio, violações dos direitos humanos, a construção de prisões secretas, campos de concentração (Guantânamo) e continuam a incitar o ódio e perseguições, principalmente, contra os árabes e muçulmanos.
A troca de cor não significa que as mudanças desejadas pelos norte-americanos e pelo o mundo serão implantadas de fato. É preciso jogar água fria na euforia causada com a vitória de Obama.
As mudanças não dependem só do presidente negro eleito para administrar um país dominado por racistas brancos e fundamentalistas religiosos, cujos os mais extremistas já ameaçaram Obama de morte caso este tente mudar certas políticas adotadas nos Estados Unidos.
A esperança pode se transformar em frustação caso Obama, por medo ou pressão, não respeite a mensagem que saiu das urnas por mudanças e persista em manter os mesmos erros das administrações passadas.
A vitória de Barack Obama foi recebida com um misto de esperança, ceticismo e indiferença no Oriente Médio.
Com as exceções dos israelenses e dos curdos, que torciam abertamente pelo candidato republicano John McCain, a maioria das pessoas na região desejou a vitória de Obama por entender que ele não realizará uma administração igual ou pior do que a de George W. Bush.
A guerra árabe-israelense, principalmente a questão da Palestina, a relação conturbada com o Irã, a proliferação de grupos afiliados a Al-Qaeda patrocinados pelo regime saudita e de outros países do Golfo, o petróleo, as guerras no Iraque e no Afeganistão são alguns dos desafios que o novo presidente terá que tratar na região.
Os governos árabes, em demostração de fragilidade (ou de traição) pediram para que Obama solucione o problema da Palestina, como se os árabes não tivessem condições de resolver com as próprias mãos essa questão, especialmente por meio da Resistência. Obama já prestou apoio as alegações sionistas que a cidade ocupada de Jerusalém é a capital indivisível de Israel.
No Iraque, a população local, menos os curdos, viram na vitória de Obama a possibilidade de terminar em breve a ocupação norte-americana de seu país.
Mais realistas, e diferentemente dos governos árabes, os iranianos não pediram ajuda, Apenas se limitaram a aconselhar Obama a seguir o clamor que ecoou das urnas norte-americanas e a promover mudanças na política dos Estados Unidos em relação ao Irã. Não é o Irã que precisa dos Estados Unidos, mas são os norte-americanos que precisam dos iranianos para resolverem seus problemas, em particular, no Iraque e no Afeganistão.
Daí, o fato de acreditar que a administração Obama vai buscar o diálogo com os iranianos. Com a carta enviada pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, a primeira de um líder iraniano desde a implantação da República Islâmica em 1979, o Irã deu o sinal que está disposto a dialogar diretamente com os inimigos norte-americanos, desde que estes últimos mudem de postura com os iranianos, inclusive no que se refere ao direito dos persas de possuírem tecnologia nuclear.
Por sua vez, temerosos de uma mudança de postura com o Irã, os israelenses instigaram Obama a continuar a política de confronto e desrespeito adotada por Bush com os iranianos, impondo novas sanções e até, se puder, promover aquilo que os israelenses não possuem coragem de fazer: ou seja, agressões militares contra o Irã.
Resta saber agora se Obama vai dar ouvido ao povo norte-americano ou aos bandidos terroristas judeus sionistas em Israel? A resposta saberemos em breve.
A nomeação do deputado Rahm Emanuel para fazer parte da equipe presidencial em um dos cargos mais importantes da Casa Branca, mostra que Barack Obama começou mal.
Considerado um dos principais nomes do partido Democrata, Emanuel é filho de um israelense que foi membro do Irgun, grupo terrorista judaico que promoveu ataques, atrocidades e massacres na Palestina, antes de 1948.
Emanuel foi classificado pela imprensa israelense como o "homem de Israel no Governo de Obama". Judeu, fala fluentemente o hebraico, Emanuel sempre foi defensor de Israel, ao ponto de se alistar no exército israelense, no início da década de 1990.
Em recente entrevista com o jornal israelense Maariv, o pai de Emanuel, Benjamin Emanuel, debochou ao dizer que o filho dele não é um árabe que foi chamado para lavar o chão da Casa Branca, mas sim para pressionar o presidente Obama a ser pró-Israel.
Rahm Emanuel é a resposta que Obama deu as preocupações israelenses. Emanuel é o cara que Obama deu como garantia de que não vai ser muito flexível com o Irã caso venha a manter diálogo com o país ou nas negociações com os palestinos.
O caráter terrorista do pai e a posição pró-Israel de Emanuel foi amplamente ignorada pela imprensa ocidental, que procurou mostrar apenas que o deputado democrata é alguém habilitado para assumir a chefia de gabinete de Barack Obama. Péssimo começo.