segunda-feira, 25 de maio de 2009

25 DE MAIO, DIA DA DIGNIDADE

Por Mohammad Shmaysani

O dia 25 de maio é a data em que a dignidade dos árabes foi cravada nas mentes e corações dos homens livres. O dia 25 de maio é a data em que se exorcizaram as sombrias pragas de sucessivas Nakbas (1) (15 de maio) e de acordos vergonhosos (17 de maio) ao longo de 60 anos. O dia 25 de maio é quando a história embarcou numa nova jornada em direção a um futuro rigoroso, mas brilhante, quando a derrota não terá mais lugar.

Chame-o de acontecimento ou conjunto de circunstâncias, o que aconteceu naquele dia foi nada menos que um milagre. O dia 25 de maio de 2000 foi o dia em que o Líbano fez tremer o solo sob os pés dos soldados “invencíveis” do estado sionista, forçando-os a retirar-se da maioria dos territórios ocupados no país.

O que estamos celebrando hoje é o resultado de 22 anos de resistência, persistência popular e esforço para transformar a Causa de Al-Quds (Jerusalém) de um assunto pan-árabe e um tema de dimensão islâmica.

22 anos de luta contra uma força militarmente superior e agressiva, que derrotou exércitos árabes em dias, tem relação direta com a crença sólida e o comprometimento com uma causa justa.

O Hezbollah (2) fez um progresso gradual desde a longa batalha de Khalde (sul de Beirute), em 1982. De uma capacidade inicial modesta, baseada em operações de martírio, a um corpo organizado formado por combatentes altamente treinados, executando operações perfeitamente planejadas, o Hezbollah estava destinado a fazer história.

Perdas significativas nas fileiras israelitas, a destruição das posições do Exército do Sul do Líbano, liderado pelo senhor dos colaboracionistas, Antoine Lahad, e a realização de operações únicas no interior da assim chamada “zona de segurança” não deram ao então primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, outra alternativa a não ser estancar as perdas e fugir. Foi a primeira derrota de Israel, que expôs sua fragilidade.

“Israel pode ter armas nucleares e armamento pesado, mas eu juro por Allah Todo-Poderoso, ele é mais fraco que a teia de uma aranha”, declarou o secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nassrallah, durante o pronunciamento da vitória, em Bint Jbeil, 2000.

A estrela do Hezbollah continuou crescendo à medida que o Partido da Resistência passou a desfrutar de apoio na maior parte do mundo. O mesmo partido que derrotou Israel impôs suas próprias condições para libertar centenas de árabes e libaneses detidos nas prisões israelenses, bem como os restos mortais de dezenas de mártires da Resistência Islâmica.

A maneira como o Hezbollah lidou com os colaboradores durante o processo de liberação deu-lhe o respeito que ele merece.

“Meses após a liberação ter sido conquistada, eu disse ao embaixador francês: transmita minhas saudações ao seu primeiro-ministro e conte-lhe que nossa resistência é mais civilizada e mais ética que a francesa, porque vocês executaram dez mil agentes, alguns dos quais nunca tiveram um julgamento (3), e nós não matamos nem ‘uma galinha’ que pertencesse ao (comandante dos colaboracionistas) Antoine Lahad”, afirmou o secretário-geral do Hezbollah.

Seis anos após a liberação do Líbano, e depois de ter eliminado o presidente palestino Yasser Arafat e acabado com a segunda Intifada, Israel tentou restaurar a sua imagem manchada de “exército invencível”. Um esquema organizado entre os Estados Unidos, Israel e alguns países árabes tentou destruir o Hezbollah de uma vez por todas. Mas, o plano falhou.

“Dias duros de batalha clamaram as vidas de nove soldados, em dois incidentes. Às 5 horas da manhã, dezenas de ‘terroristas’ esperavam as tropas das Forças de Defesa de Israel na entrada da vila de Bint Jbeil”, contava uma reportagem do jornal israelense Yediot Aharonot, no dia 27 de junho de 2006; era o 15º dia da guerra de 33 dias contra o Líbano.

Nesta guerra, os soldados da Resistência Islâmica mataram dezenas de soldados, destruíram dois orgulhos de Israel – os navios Merkava e Saar – e estiveram perto de bombardear Tel Aviv. Israel teve de enfrentar seu segundo choque, desde sua criação.

“A Segunda Guerra do Líbano constituiu uma grande e perigosa oportunidade perdida”. Foi desta maneira que o Comitê Winograd (4) concluiu o relatório de 600 páginas sobre a derrota de Israel no conflito.

“Israel embarcou numa guerra prolongada, que foi iniciada por si mesmo e que terminou sem uma vitória militar clara. Uma organização ‘quase militar’ (sic), somando alguns milhares de combatentes, enfrentou durante algumas semanas o exército mais poderoso do Oriente Médio, um exército que detinha absoluta supremacia aérea e vantagens em tamanho e tecnologia”, relatou o documento.

Não havia nada que pudesse restaurar a imagem manchada de Israel.

O Mossad (5) assassinou o comandante da Resistência Islâmica, Imad Moghnieh, em 2008. Hajj Redwan, como também era conhecido, teve um papel preponderante na dupla derrota de Israel. Seu assassinato e as manobras de larga escala de cinco dias (Ponto de Mudança 3), marcadas para o dia 31 de maio, sugeriam que Israel estava planejando um novo round de confronto.

“A primeira (hipóteste) é dizer que o objetivo prioritário destas manobras tem uma natureza psicológica e moral… A segunda hipótese é que Israel está realmente preocupado com sua existência... A terceira possibilidade – vamos colocá-la no grupo das ações intimidadoras – tem o objetivo de mandar uma mensagem para toda a região – palestinos, Líbano, Síria, os povos e os governos árabes, o Irã e o resto do mundo – que Israel não é fraco, não está quebrado ou hesitante como vocês imaginam... A quarta e última hipótese que nós não podemos ignorar é que Israel está planejando uma nova blitzkrieg (6)”, declarou Sayyed Nassrallah.

No pior cenário, Israel estaria se dirigindo para um novo e, provavelmente, último round.

“Escutem o que Ben Gurion diz. Ele diz que Israel cairá... Sim, cairá… não se retirará do Sul (do Líbano) ou do Golã ou do Sinai ou da Cisjordânia, não. Ele diz que Israel, esta entidade artificial, vai cair depois de perder a sua primeira guerra... e Israel teve sua guerra em julho de 2006. Alguns sionistas chamam-na “a sexta guerra”, assim como a maioria do mundo, mas os líderes estrategistas de Israel chamam-na de “primeira guerra”, declarou Sayyed Nassrallah durante o funeral do mártir Hajj Redwan, em fevereiro de 2008.

Falando religiosamente, os judeus dizem que a primeira “destruição do templo” (7) aconteceu pelas mãos de Nabucodonosor, o rei da Babilônia. A segunda destruição do templo aconteceu pelas mãos do Império Romano. Após as derrotas de maio e julho, muitos judeus ultra-ortodoxos expressaram sua crença de que a terceira destruição prometida do templo estaria por acontecer e com ela o estado de Israel deixaria de existir.

Politicamente falando, a dupla derrota de Israel no Líbano não afetou apenas esta entidade maléfica. Seus maiores apoiadores, os Estados Unidos, também sofreram um revés. Os estadounidenses pensaram que invadindo o Iraque unilaterlamente demonstrariam poder de ameaçar o Irã, a Síria, o Hamas e o Hezbollah, em consonância com o projeto dos Estados Unidos para a região, conhecido como Novo Oriente Médio.

A falência das políticas estadounidenses na região, particularmente sua guerra contra o Iraque, de fato, constitui outro fator da queda de Israel; um fator que nem Ben Gurion tinha em mente, nem os judeus ultra-ortodoxos haviam citado em seus livros.

Zbigniew Brzesinski, ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, explicou em uma de suas entrevistas após a guerra de 2006 que “as prescrições neoconservadoras, das quais Israel tem seus equivalentes, são fatais para a América e, ultimamente, para Israel.

Eles vão voltar a esmagadora maioria da população do Oriente Médio contra os Estados Unidos. As lições do Iraque falam por si mesmas. Eventualmente, se as políticas neoconservadoras continuarem a ser perseguidas, os Estados Unidos serão expulsos da região e este será o começo do fim de Israel, também”.

Atento à natureza inerentemente agressiva de Israel, Washington, sob o novo presidente Barack Obama, procura uma abordagem diferente na região, particularmente no que diz respeito à Síria e ao Irã.

A abertura dos Estados Unidos à Síria e ao Irã pode ser entendida de duas maneiras contraditórias: Primeiramente, Washington estaria interessado em aliviar sua política para o Oriente Médio, provavelmente por causa de sua inabilidade em gerenciar novas guerras em meio a uma crise econômica que devasta o mundo, inabilidade em expandir seus já exaustos contingentes militares e inabilidade em garantir os seus lucros nos estados do Golfo Arábico, ricos em petróleo.

Em segundo lugar, Washington estaria liderando uma falsa campanha para ganhar tempo, propagando a intenção de manter conversações com a República Islâmica, enquanto sua contraparte, Israel, desenvolve manobras e exercícios em Gibraltar, simulando um ataque aéreo contra instalações nucleares do Irã.

Finalmente, os Estados Unidos temem não ter condições suficientes de convencer a comunidade internacional de sua capacidade em realizar tal ataque após ter, seis anos atrás, diante do Conselho de Segurança da ONU, afirmado que o Iraque possuía armas de destruição em massa, algo provado falso.

Em qualquer caso, Israel parece estar mais do que determinado em atacar o Irã, sabendo que tal ação pode conturbar toda a região. Suicida como parece ser, Israel pode adotar esta opção, mesmo sem o consentimento de Washington.

Não é preciso dizer que é difícil separar o conflito árabe-israelense, especialmente na Palestina ocupada, do pântano em que os Estados Unidos se meteram no Iraque e da questão iraniana. Talvez haja quem engane a si mesmo acreditando que Washington e Tel Aviv têm a capacidade de impor uma solução unilateral talhada para a região. Brzezinski acredita que se uma solução para a Questão Palestina não for encontrada e que se o Irã não se engajar política e diplomaticamente, então chegará o dia em que toda a região explodirá. Israel, de acordo com o político veterano, estaria em grande perigo. (AL MANAR)

NOTAS:

(1) Do árabe “nakba”, que significa “tragédia” (NT).

(2) Hezbollah, em português, significa, literalmente, “Partido de Deus”. Movimento patriótico que surgiu no início da década de 1980 para combater a invasão israelense no Líbano. Hoje, além de manter um exército fortemente treinado e armado, é um partido político com assento no Parlamento libanês e um movimento com ampla ação social no país (NT).

(3)Refere-se, aqui, Sua Eminência, à execução sumária, após a liberação da França, dos colaboracionistas franceses que apoiaram e defenderam o regime nazista, na II Guerra Mundial (NT).

(4) Comitê constituído pelo Knesset – o parlamento da entidade sionista – para investigar as causas da derrota de Israel na Guerra do Líbano de 2006 (NT).

(5) Serviço secreto de Israel (NT).

(6) Refere-se Sua Eminência à tática alemã, implantada durante a II Guerra Mundial, de ataques rápidos e fulminantes (NT).

(7) O Templo de Salomão, cuja destruição sempre foi prenúncio de grandes tragédias para os judeus (NT).

Extraído IBEI


domingo, 24 de maio de 2009

CONSPIRAÇÃO CONTRA O LÍBANO

Governos de países ocidentais, terroristas israelenses e ditaduras árabes se mobilizam para sabotar os resultados das eleições libanesas com medo da vitória da oposição liderada pelo Hezbollah

No próximo mês de junho, o mundo inteiro vai estar com a atenção voltada para os resultados de duas eleições importantes que vão ser realizadas no Oriente Médio: uma parlamentar no Líbano e outra presidencial no Irã.

Tanto o Irã como o Líbano, este último por causa do Hezbollah e sua vitoriosa Resistência, são dois atores de peso no cenário político regional. Os resultados que emergirão das urnas nestes dois países vão influenciar o futuro do Oriente Médio.

Sem dúvida nenhuma, e diferente do que muitos pensam, a atenção maior não é com as eleições iranianas, mas sim com a do Líbano, onde as pesquisas mostram que a oposição liderada pelo Hezbollah vai obter a maioria das 128 cadeiras do parlamento, garantindo o direito de apontar o nome do próximo primeiro-ministro do país.

Há décadas que o Líbano realiza eleições parlamentares e nunca ninguém se importou. Desta vez , a história é diferente. Todos estão com os olhos voltados para o pleito que se realizará, este ano, no dia 7 de junho. Este interesse repentino, em alguns casos, é negativo.

Os Estados Unidos, país que dá patrocínio ao terrorismo judaico, inlcusive para ceifar a vida de dezenas de milhares de cidadãos libaneses, estão se movimentando para sabotar a democracia libanesa, do mesmo jeito que fizeram na Palestina, após a vitória do Hamas, nas última eleições parlamentares.

Os norte-americanos, que possuem um histórico longo de violação dos direitos humanos, desrespeito as leis internacionais e apoio cego ao terror israelita, tem usado todo seu peso para influenciar os resultados das eleições libanesas.

Chegaram ao absurdo de enviar, na semana passada, o vice-presidente, Joe Biden, para ingerir nos assuntos internos libaneses.

Na viagem a Beirute, os encontros de Biden não se limitaram as autoridades libaneses que protocolarmente devem receber um líder estrangeiro quando este vem ao país como é o caso do presidente, do primeiro-ministro e do presidente do Parlamento.

Ele se reuniu também com os membros da coalização 14 de março, pró-Estados Unidos, para passar instruções diretas a este grupo que esta ameaçado de perder o poder no Líbano.

Detalhe: há 26 anos, uma autoridade norte-americana que ocupa um cargo tão importante como o de Biden não visitava o Líbano. Quebraram o boicote só para interferir nas questões políticas do país.

DER SPIEGEL

Outro assunto que gostaria de destacar, além das ingerências norte-americanas no Líbano, é sobre o criminoso artigo publicado, neste domingo (24/05), na versão online da revista "Der Spiegel", da Alemanha (terra dos nazistas, lembram?).

O periódico alemão, conhecido por publicar textos xenófobos que incitam o ódio contra árabes e muçulmanos, acusa na cara-de-pau o Hezbollah de ser o responsável pelo assassinato do ex-primeiro-ministro libanês, Rafic Hariri, em fevereiro de 2005.

O autor do texto, Erich Follath, não apresenta provas e nem cita declarações. Daí, já dá para ver a credibilidade da acusação.

Follath apenas diz que a acusação se baseia em informações passadas por "fontes próximas" ao tribunal especial criada pelas Nações Unidas para julgar os autores do ataque que matou Hariri. Segundo ele, estas fontes disseram que existem indícios de que o Hezbollah pode estar envolvido com o assassinato de Hariri.

Abaixo o trecho do texto em inglês. A grafia é do blog.


"But now there are signs that the investigation has yielded new and explosive results. SPIEGEL has learned from sources close to the tribunal and verified by examining internal documents, that the Hariri case is about to take a sensational turn. Intensive investigations in Lebanon are all pointing to a new conclusion: that it was not the Syrians, but instead special forces of the Lebanese Shiite organization Hezbollah ("Party of God") that planned and executed the diabolical attack. Tribunal chief prosecutor Bellemare and his judges apparently want to hold back this information, of which they been aware for about a month. What are they afraid of?"'

Follath afirma, em um argumento fraco e absurdo, que Hariri foi assassinato por causa de sua crescente popularidade junto aos libaneses. Esta popularidade teria, conforme a propaganda da "Der Spiegel", desgostado o líder do Hezbollah, dando a entender que o Sayed Hassan Nasrallah tem fixação pelo poder e que estaria disposto a eliminar quem o impedisse de dominar a massa libanesa.

"This leaves the question of motive unanswered. Many had an interest in Hariri's death. Why should Hezbollah -- or its backers in Iran -- be responsible?

Hariri's growing popularity could have been a thorn in the side of Lebanese Shiite leader Nasrallah. In 2005, the billionaire began to outstrip the revolutionary leader in terms of popularity. Besides, he stood for everything the fanatical and spartan Hezbollah leader hated: close ties to the West and a prominent position among moderate Arab heads of state, an opulent lifestyle, and membership in the competing Sunni faith. Hariri was, in a sense, the alternative to Nasrallah."

É bom destacar que o secretário-geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, é o líder mais popular do mundo árabe. A alegação de ele estaria preocupado com a popularidade de Rafic Hariri é tão falsa quanta dizer que dois mais dois são cinco.

Hariri nem era tão popular assim. Muitos libaneses não gostavam do ex-primeiro-ministro, assim como não gostam do filho dele Saad, por vários motivos, entre eles, a maneira como ele desapropriou muitas famílias sem as devidas indenizações do centro histórico de Beirute.

Além disso, não é de hoje que os Estados Unidos, os terroristas israelenses e as ditaduras árabes tentam denegrir a imagem do Sayed Hassan Nasrallah para afetar a popularidade dele junto a massa árabe.

Esta aliança satânica de fanáticos norte-americanos, criminosos sionistas e ditadores árabes se utilizam de vários veículos de comunicação para alcançarem seus objetivos. Daí, não ser surpresa nenhuma o artigo da "Der Spiegel" ou o comportamento da televisão saudita pró-Israel, Al-Arabiya, que é conhecida por estimular a violência e intrigas entre muçulmanos xiitas e sunitas.

ARGUMENTOS FRACOS

As acusações da "Der Spiegel" são sem pé e nem cabeça. Qualquer um que ler atentamente o texto alemão, veiculado depois da visita do vice-presidente dos Estados Unidos ao território libanês, chegará a conclusão que as informações trazidas por Erich Follath são mentirosas e fazem parte de uma conspiração política contra os muçulmanos do Líbano.

Em vários trechos do artigo, principalmente, em sua introdução, o autor apela para o lado emocional das pessoas.

As afirmações possuem o objetivo claro de criar um factóide para atingir o Hezbollah às vésperas das eleições libanesas do qual o Partido de Deus será um dos principais vitoriosos.

Procura também gerar tensões sectárias, criando divergências entre os muçulmanos xiitas e sunitas, uma vez que o autor do texto repete diversas (a exemplo dos nazistas) a comunidade religiosa da qual o Hezbollah faz parte, para não deixar dúvidas de que a morte do Hariri, que tinha boas relações com o Hezbollah na época de seu assassinato, foi uma agressão de um grupo religioso contra o outro.

A forma como foi escrita o artigo busca afastar qualquer suspeita sobre a participação de Israel e dos Estados Unidos na morte de Hariri.

Há setores da imprensa que acusam "esquadrões da morte" criados na "guerra contra o terrorismo" e comandados pelo ex-vice-presidente norte-americano Dick Cheney, um dos principais representantes de Israel, nos Estados Unidos, de estarem por trás não só do assassinato do ex-prêmier libanês, mas também da morte da líder paquistanesa Benazir Bhutto.

O artigo do "Der Spiegel" é publicado no momento em que o Líbano inteiro está chocado com a descoberta e captura de várias redes de espionagem plantadas pelos terroristas judeus para sabotarem o Líbano.

Pelo menos 20 pessoas já foram presas acusadas de espionarem para Israel, nos últimos meses. Entre elas, há dirigentes do Movimento 14 de Março, pró-Estados Unidos. Com os traidores foram apreendidos computadores, câmeras, aparelhos de celular e outros equipamentos de espionagem fornecidos pelo Mossad israelense.

Os espiões tinham a missão, principalmente, de ajudar Israel a montar um banco de dados de alvos que deveriam ser atingidos em uma futura agressão judaica contra o Líbano.

A presença destas redes de espionagem representam uma violação da Resolução 1701 da ONU. O Líbano já apresentou queixa contra os terroristas israelenses nas Nações Unidas.

Baixaria em época de eleições é comum em vários países. No Brasil, a principal aconteceu no pleito presidencial de 1989, na disputa entre o então candidato Lula e seu adversário Fernando Collor de Melo, no famoso caso Lurian.

No Líbano, a baixaria é orquestrada de fora para dentro com ajuda de elementos internos que recorrem aos métodos mais espúrios e infames para se manterem no poder.

REPERCUSSÃO

As alegações da revista "Der Spiegel" de que o Hezbollah matou o ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, foram repudiadas pela porta-voz do Tribuna Especial para o Líbano, Radiya Ashouri.

Em entrevista para o site libanês Al-Intiqad, a porta-voz afirmou que "nós não sabemos de onde a revista Der Spiegel tirou estas informações e não sabemos de onde eles trouxeram esta história".

Radiya Ashouri ressaltou que o procurador-geral do caso, Daniel Bellemare não divulga comentários relacionados as investigações sobre a morte de Hariri.

Ela também negou que algum membro do gabinete da promotoria tenha falado para a revista alemã. A porta-voz confirmou, porém, que recebeu um e-mail da "Der Spiegel" com algumas perguntas. A resposta dela foi de que o tribunal não fala sobre as investigações por meio da imprensa. Ela acrescentou que qualquer informação sobre o assunto é dada diretamente pelo Bellemare.

O Hezbollah divulgou comunicado negando as informações da revista "Der Spiegel", as quais classificou de "fabricadas histórias policiais". “Publicar estas acusações, atribuindo-as a fontes próximas do tribunal especial da ONU fragiliza a credibilidade do trabalho do tribunal e exige que se tomem medidas firmes e claras contra quem as publica”, diz um comunicado do Hezbollah.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A DEMOCRACIA LIBANESA

*Lejeune Mirhan


Se analisarmos a política brasileira nem sempre conseguimos produzir documentos com a profundidade que desejamos, imagina tecermos uma análise da política interna libanesa. Estudamos o Oriente Médio há tempos, mas vivendo muito distante dessa realidade. Mas, apesar da complexidade, vamos nos arriscar.


O Líbano é um dos mais antigos e prósperos países árabes existentes no Oriente Médio. Viveu uma guerra civil que quase leva o país a uma divisão territorial e religiosa, a uma cantonização e que durou 15 longos anos. Inicia-se em 1975 e praticamente só é encerrada em 1990.


Não vamos aqui detalhar os atores e o processo que levou a essa guerra civil. Mas ela tem origem, por assim dizer, na imensa imigração e deslocamentos humanos palestinos na região do Sul do país, iniciados com a diáspora palestina desde 1948.


Após a fundação da OLP, os grupos mais revolucionários e de esquerda, acabaram por se transferir para o Líbano, alterando de certa forma o já frágil equilíbrio que vinha sendo mantido entre as forças políticas e as correntes religiosas desde 1943.


Nessa guerra estiveram envolvidos membros de milícias cristãs, drusas, islâmicas (xiitas e sunitas), grupos que posteriormente dividiram-se e formaram novos agrupamentos políticos. Muitos desses ainda hoje possuem forte presença no cenário político-partidário libanês.


A paz começa a se desenhar a partir de uma reunião histórica na cidade de Taif na Arábia Saudita, ocorrida em setembro de 1989. Nessa cidade, reuniram-se 62 deputados libaneses, membro do Parlamento Libanês (cujas passagens, inclusive, foram financiadas pelo riquíssimo empresário Hafic Hariri, participante desse evento e desse acordo, posteriormente primeiro ministro e assassinado em 2005).


A proposta de estabelecer os acordos de paz entre as facções libanesas, entre as correntes políticas e religiosas, acabou sendo votada por 58 votos a quatro e o referido acordo foi assinado em 21 de outubro do mesmo ano na referida cidade. Ficou conhecido como os “Acordos de Taif”.


Nele manteve-se a tradição de entregar a presidência do país a um cristão maronita (mais moderado) e houve um esvaziamento do poder da presidência. O primeiro ministro ficaria sempre com um muçulmano sunita e a presidência do parlamento ficaria sempre com um muçulmano xiita (este cargo foi ocupado por muitos anos por Nabi Berry). Com isso manteve-se uma tradição que veio do chamado Pacto Nacional Libanês de 1943.


No entanto, os grupos políticos que se digladiaram na guerra civil por 15 anos, mantiveram muitas das suas divergências após esse período. A presença da Síria, tanto na forma da influência política, como a presença militar com tropas, a pedido do governo libanês que se instaurou a partir de 1990, sempre gerou problemas políticos internos, sendo que algumas facções nunca aceitaram essa presença militar.


Na verdade o centro da questão não era a presença da Síria ou não, mas sim o alinhamento e a influência do Líbano sob a órbita dos Estados Unidos. Nem se tratava mais de alinhamento com a União Soviética, pois no ano seguinte ao acordo, em 1991, esta desabaria completamente.


Assim, o centro da questão era ser um satélite dos EUA e consequentemente de Israel ou manter-se alinhado com os povos árabes, pela soberania e independência do Líbano. Em fevereiro de 2005, o líder de correntes sunitas e ex-ministro Hafic Hariri foi assassinado.


Os oportunistas de plantão apontaram de imediato o dedo acusador para o governo da Síria, o que menos tinha interesses em que isso ocorresse. Isso, mais uma vez, rompe certo equilíbrio político existente. No entanto, esse episódio acabou por precipitar a saída das tropas sírias do Líbano. Movimentos de massa acabaram ocorrendo, protestos e no processo eleitoral, as forças mais conservadoras venceram as eleições. O Movimento “14 de Março”, liderado pelo filho do ex-primeiro ministro assassinado, Saad Hariri, acabou constituindo maioria no parlamento e a oposição ficou sendo liderada pelo Partido de Deus, chamado Hezbolláh, cujo líder é o xiita Hasan Nasralláh. Esse é o período que se chama de Revolução dos Cedros.


Bem ou mal, nos últimos anos, se contarmos de 1990 em diante, podemos dizer que o Líbano vive uma democracia estável, ainda que cheio de problemas. A liberdade partidária é ampla. Estima-se a existência de cem partidos políticos legalizados e aptos a concorrerem a um cargo eletivo. Apenas três partidos políticos são proscritos no Líbano (Guardiões dos Cedros; Partido Isolacionista Regressivo e Movimento Islâmico Amal, todos de extrema direita) (1).


Não quero aqui fornecer dados sobre as eleições de outros países árabes, como o Egito, Síria, Líbia, Tunísia, Argélia e mesmo Iraque (na época de Saddam), que são Repúblicas, mas cujas eleições seus presidentes sempre venceram as eleições com índices que chegam a 99% dos votos válidos.


No Líbano isso jamais ocorreria, pela pluralidade política e ideológica que o país vive e mesmo pelas diferenças de correntes de opinião e religiosas existentes (é também uma república parlamentarista e o presidente é eleito indiretamente pelo parlamento). Por isso mesmo que o Hezbolláh não defende a instauração de uma República Islâmica no Líbano, porque isso nunca seria viável.


O QUADRO POLÍTICO ATUAL


Apesar da profusão de partidos políticos (e há quem acha que nós no Brasil temos muitos partidos... apenas 27 para um parlamento com 594 cadeiras, sendo 513 na Câmara e 81 no Senado; no Líbano são 128 vagas na Câmara, não possuem senado e têm cem partidos!), formaram-se duas grandes coligações partidárias que concorrerão ás eleições.


São várias as correntes que participam do pleito e podem ser assim definidas: sunitas (pró-imperialistas e antiimperialistas); socialistas (conservadores, só no nome ou mais de esquerda); nacionalistas libaneses (direita) e nacionalistas sírios (de centro-esquerda); liberais (de direita) e social-liberais (direita); reformistas (de direita); federalistas; centristas; xiitas (antiimperialistas); nacionalistas árabes e nasseristas (patrióticos, de centro-esquerda); social-democratas (de direita); comunistas (todas as correntes existem vários que se proclamam comunistas, sendo que o maior de todos é o PC Libanês).


Sobre essas correntes, queremos tecer alguns comentários dentro dos blocos que a compõem.


1. Coligação “Aliança 14 de Março”


O nome deriva da data da chamada “Revolução dos Cedros”, no período que compreende o assassinato de Hariri em 14 de fevereiro e 14 de março de 2005, data de um mega comício feito em resposta ao também mega comício realizado em 8 de março pelo Hezbolláh. É o campo da direita e extrema direita. Possuem entre eles falangistas, drusos, maronitas entre outros.


Esta coligação possui hoje 64 deputados e tem o primeiro ministro Fouad Siniora (sunita). O líder é Saad Hariri, filho de Hafic. O Partido principal que encabeça a coligação é o Movimento Futuro e possui hoje sozinho 34 deputados. São seculares, mas majoritariamente sunitas e pró-imperialistas. Dessa coligação/aliança participam outros partidos importantes: Partido Socialista Progressista, cujo líder é Walid Jumblat, filho de Kamal Jumblat que, no passado, jogou papel importante, mas hoje se alinhou ao campo conservador; Forças Libanesas (extrema direita, cujo líder é Samir Geagea); Bloco de Trípoli e Democracia Radical. Ao todos, esse bloco possui 20 partidos e/ou movimentos. Regra geral, esse campo, apesar de possuir a maioria no parlamento, é do campo conservador. Pode-se dizer que se alinham ideologicamente à direita. Ao todo a aliança possui 20 partidos e movimentos registrados. Eles pretendem manter o controle do governo, com a indicação do futuro primeiro Ministro, que deve ser sempre um sunita.


Na sua recente passagem pelo Líbano, a (desastrosa) Secretária de Estado dos Estados Unidos, cujas declarações tem sido muito ruins e que destoam do que o próprio presidente Obama tem falado, ela acabou por apoiar, de certa forma essa Aliança, ainda que não possa dar uma declaração de apoio total, pois além de ser ingerência interna na política de outro país soberano (ou que luta pela sua soberania), isso poderia tirar ainda mais votos dessa coligação.


Não temos acesso a pesquisas eleitorais, mas há indicadores de muito desgaste nessa aliança, na forma como o desastroso governo vem conduzindo o país. No bombardeio que Israel fez ao Líbano entre julho e agosto de 2006, esse agrupamento pouco fez para defender a soberania libanesa. A resistência foi encabeçada pelos militantes do Hezbolláh, que angariaram amplo prestígio na sociedade.


2. Coligação “8 de Março”


O nome deriva de um imenso comício realizado em 8 de março de 2005, quando mais de um milhão de pessoas foram às ruas de Beirute para agradecer a presença da Síria no Líbano, que acabava de se retirar. Aqui cabe o registro que o general cristão Michel Aoun, ainda que tenha integrado o campo mais conservador num primeiro momento, e que sempre foi anti-Síria quando esteve exilado na França por 15 anos, mas em 2006 muda de posição e integra esse campo oposicionista.


Assim, os principais líderes desse bloco, dessa Aliança são: Movimento Patriótico Livre, do general Aoun (cristão, mas oficialmente secular); Hezbolláh (xiita), cujo líder é Hassan Nasralláh; Movimento Amal (xiitas, mais moderados), cujo líder é Nabih Bérri. Há ainda a presença de cristão maronitas, armênios, seculares entre outros. Destaca-se aqui o Partido Comunista Libanês, cujo líder é Khaled Hadadi; a Liga dos Trabalhadores que se proclama comunista e nacionalista árabe União da Juventude Democrática Libanesa ligada ao PC Libanês. Esses agrupamentos não possuem deputados. Ao todo essa aliança tem hoje 56 deputados no parlamento e luta para fazer a maioria e governar o país. Ao todo, são 39 partidos e/ou movimentos e grupos que integram essa aliança. Registre-se a presença ainda do pequeno, mas com dois deputados Partido Socialista Árabe Baath e do Partido Nacional Social Sírio, com dois deputados e cujo líder é Assad Hardan.


ANÁLISE E PERSPECTIVAS


Por esses dados, vemos que os dois maiores blocos que disputam as eleições, são integrados por 59 partidos políticos e/ou movimento e agrupamentos. Outras organizações político-partidárias perfazem mais 41 partidos, que possuem um deputado apenas e praticamente não tem chances de eleger parlamentares (a conta não fecha em 128 porque alguns deputados e partidos não concorrem às eleições).


A complexidade das eleições se explicam pelos acordos, tanto de Taif de 1989, incorporados à constituição de 1990, como pelos acordos assinados no ano passado, da qual todas as forças políticas dele participaram. Ficou conhecido como Acordos de Doha, assinado em 21 de maio de 2008, por iniciativa do Emir do Qatar, Hamad Bin Khalifa Al Thani. Por esse acordo, ocorre praticamente uma divisão de vagas no parlamento libanês entre as correntes religiosas. Foi a partir desse acordo é que foi possível eleger o general Michel Suleiman, presidente do Líbano.


Como dissemos, não temos acesso às pesquisas de opinião sobre os blocos em disputa. Mas além do desgaste de ser governo da Aliança “14 de Março”, houve um fato semana passada que chamou a atenção tanto do povo libanês como da comunidade internacional que acompanha essas estratégicas eleições.


A libertação de quatro generais ligados à inteligência libanesa, que ficaram presos por quatro longos anos sob a acusação – falsa – de terem conspirado para matar Hafic Hariri. O tribunal da ONU especialmente formado para apurar os episódios – que comentamos no mesmo ano de 2005 sobre esse assunto, que violou a soberania libanesa – determinou a libertação destes generais por absoluta falta de provas. Isso fortalece imensamente o campo oposicionista.


A grande mídia vai falar que o bloco “8 de Março” é ligado á Síria e ao Irã. Vão querer confundir os eleitores. A mudança de agenda – sinalizada inclusive pelo governo fascista de Israel – de querer discutir o Irã e seu programa nuclear (pacífico) ao invés de discutir a questão palestina, não dará certo. Não vai colar, pelo menos entre os libaneses. Estes estão vendo que é muito mais benéfico ser amigo e aliado da Síria e do Irã do que dos Estados Unidos e de Israel!


O que estará em jogo nestas eleições será a soberania do Líbano, defendida hoje com firmeza pelos xiitas do Hezbolláh de Nasralláh, pelo PC Libanês de Hadadi, pelos cristãos ligados ao Movimento Patriótico Livre do general Aoun e pelos xiitas do Amal, de Bérri. Não há mais do que dois campos em disputa.


O outro lado, o outro campo é do imperialismo, ainda que possa ter siglas que se digam “socialistas” ou “democracia radical” ou ainda “democracia de esquerda”. Pura fraseologia de fachada dita progressista, mas que escondem interesses dos mais escusos e reacionários possíveis.


Um governo progressista a ser eleito em 7 de junho reconhecerá de imediato a legitimidade do Hezbolláh como movimento armado de libertação e de luta pela soberania e independência do Líbano. Espera-se que nunca mais o país possa estar sujeito às invasões perpetradas por Israelcomo “terroristas”, mas como deveriam ter sido sempre tratados: como lutadores pela independência nacional, comocomo grande parte da mídia os trata. em sua fronteira Sul, ainda parcialmente ocupada pelo exército israelense.


A Síria será tratada como sempre deveria ter sido tratada: como país irmão do Líbano, país árabe milenar, soberano e que defende a unidade árabe, contra as políticas imperiais, coloniais e sionistas na região. Guerrilheiros e lutadores libaneses da resistência não mais serão tratados patriotas e defensores da nação árabe e libanesa. São amigos do povo libanês e não inimigos.


Tratar o Irã como inimigo é o maior erro que o governo libanês e seus aliados fazem no momento, como o governo de Israel. Esse país já cansou de propor que todo o Oriente Médio seja desnuclearizado. Isso afetaria profundamente Israel, que é uma das nove nações do mundo a ter bombas nucleares e isso as potências ocidentais nada falam a respeito.


Não adianta – e não colará na propaganda interna do Líbano – a tentativa de demonização que Israel vem fazendo do Irã, como diz o professor Franklin Lamb (2). Este estudioso das questões libanesas menciona uma recente pesquisa onde apenas 46% declararam que a “religião é extremamente importante para mim”, apesar de toda a divisão religiosa estabelecida.


Na mesma pesquisa, 90% dos muçulmanos disseram respeitar as ideias dos cristãos libaneses. Ou seja, fica claro uma elevação da consciência política do povo e dos eleitores libaneses e que colocá-los contra o Hezbolláh, vinculando esse grupo ao Irã não irá influenciar o seu voto nas eleições. O libaneses sempre souberam conviver com as diferenças e as diversidades. Os muçulmanos em sua história também. Como sempre disse, o problema não é e nunca foi religioso, mas sim político, tanto no Líbano como na palestina.


No discurso de posse de Netanyahu ele disse algo mais ou menos assim, como sinalização de mudança clara de agenda, escondendo que a questão central é a criação do Estado Palestino: “o maior de todos os perigos para Israel e para toda a humanidade esta na possibilidade de surgir um governo radical armado com bombas atômicas”.


Ora, é sabido que o arsenal israelense possui entre 250 e 400 ogivas nucleares e o atual governo é o mais fascista e direitista de toda a história de 61 anos de Israel (a completar em 14 de maio próximo). Terá sido uma confissão que Bibi fazia de seu próprio governo? Que libanês vai acreditar que o Irã é inimigo do Líbano na conjuntura atual?


Não tenho bola de cristal para prever resultados eleitorais. Mas, suspeito seriamente que a coligação “8 de Março”, de centro-esquerda, patriótica e nacionalista, progressista, sagrar-se-á vencedora. A Aliança “14 de Março” deve sair derrotada nas urnas.


O que precisa ficar claro de uma vez por todas é que o Irã só é inimigo do sionismo, do racismo do governo de Israel, que discrimina os palestinos e os muçulmano em seu estado de caráter judeu.


Acho que os libaneses devem estar atentos, mais do que nunca, à eventuais provocações, criação de factóides políticos que podem embotar as eleições. A seguir o rumo atual, a direita deve perder as eleições.


Não me cabe fazer escolhas nestas eleições, pois sou brasileiro. Isso é uma atribuição exclusiva do povo e dos eleitores libaneses. Apenas me cabe “torcer” por assim dizer.


Espero, sinceramente, que nestas estratégicas eleições – que a mídia brasileira ainda ignora completamente – vençam os que defendem um Líbano progressista, soberano, verdadeiramente independente, dono de seus destinos, que reforce a sua vocação árabe e que esteja sempre unido e irmanado com todos os países e com o povo árabe no Oriente Médio. Esse é meu desejo sincero neste momento.


Até junho voltaremos mais a este tema.


Notas


(1) Não confundir Movimento Islâmico Amal, com o Movimento Amal, que tem 15 deputados e é de linha antiimperialista e contra Israel.

(2) Atualmente pesquisador sobre o Líbano e o seu artigo pode ser lido em http://www.counterpunch.org/lamb04172009.html cujo título é Iran Offers More Than Just Cash (O Irã oferece mais do que apenas dinheiro). Aqui se comenta que pode ajudar mais o Líbano, se Estados Unidos ou o próprio Irã.


*Lejeune Mirhan, Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological


sexta-feira, 15 de maio de 2009

O PAPA É BEM-VINDO, MAS...

Khalid Amayreh (de Jerusalém Leste)

A hospitalidade é traço característico da alma árabe-muçulmana. O Papa Bento 16 foi recebido com o respeito que merece como líder de centenas de milhões de católicos romanos, muitos dos quais lutam ao lado dos muçulmanos e rejeitam as políticas e práticas criminosas da entidade sionista.

O recente ataque genocida contra os palestinos reduzidos à miséria e cercados em Gaza foi apenas mais um exemplo da ação criminosa dos israelenses, crimes comparáveis às práticas mais violentas de todas quantas a história conheceu.

Entende-se que o Vaticano não se possa manifestar com clareza, por várias razões. O Vaticano é entidade político-religiosa, da qual se espera que manifeste as vozes de uma gama muito ampla de diferentes povos, cada um deles com seu regime e sua orientação política, muitas vezes discordantes uns dos outros.

Mesmo assim, deve-se esperar que, como líder espiritual dos católicos, o Papa denuncie, com equilíbrio, mas com firmeza, atos e comportamentos que Cristo teria denunciado. O sofrimento dos Palestinos e a reação que desperte em cada homem, em cada mulher do mundo inteiro, é como o teste crucial para a constituição moral de todos Estados, inclusive, é claro, do Vaticano.

Infelizmente, a atitude do Vaticano, no que tenha a ver com a Palestina, não foi consistente com os ideais cristãos – que ensinam solidariedade e amor aos mais fracos e oprimidos.

A visita do Papa aos territórios ocupados da Palestina é visita que não se pode comparar a nenhuma outra. Essa é a terra na qual, há 61 anos, a Europa implantou Israel, a ferro e fogo, como Estado ocupante em território habitado. Assim a Europa autorizou os filhos do holocausto a praticarem outro holocausto, a assassinar, a roubar, a expulsar os palestinos da própria terra. Assim se criou a diáspora palestina, por todos os cantos do planeta.

Os palestinos não esperamos que o mais alto sacerdote da igreja católica do mundo desfaça a Declaração de Balfour, ou faça o milagre de fazer a história voltar atrás. Mas, sim, esperamos que o Papa aja e fale de modo que respeite os ideais e princípios que proclama e que devem reger também sua vida, seja pública seja privada.

Hoje, não há homem ou mulher em todo o mundo que não tenha olhos para ver, ouvidos para ouvir e cérebro para entender e avaliar que Israel comete todos os tipos de crimes contra os palestinos – sejam muçulmanos sejam cristãos.

De fato, Israel comete crimes também contra o povo judeu, ao converter tantos judeus em assassinos viciosos, ladrões de terra, destruidores de casas e mentirosos compulsivos.

Em Gaza, Israel, em ação coordenada com muitos, em todo o mundo, impõe, já pelo terceiro ano consecutivo, um cerco-bloqueio de características nazistas, contra povo pobre e atormentado, cuja única 'culpa' é o desejo de resistir à violência e lutar pelo direito de viver em sua terra, povo que é obrigado a lutar para salvar a própria humanidade todos os dias, e que todos os dias é condenado novamente à morte, seja por falta de remédios ou de água ou de comida, seja sob as balas dos fuzis de Israel.

Há poucos meses, o mundo viu, chocado, as imagens de morte e terror e a destruição inimaginável em tempos civilizados do povo pobre de Gaza, atacado pela infernal máquina de guerra israelense.

Israel matou e matou e matou até que os brutais assassinos sionistas satisfizeram, por algum tempo, a sede satânica de sangue de inocentes. Feito o que vieram para fazer, os assassinos declararam que não tinham intenção de fazer... o que, se não quisessem fazer, não teriam feito.

Os assassinos diretos, os executores e carrascos são soldados e oficiais de Israel, infelizes envenenados pela doutrina sionista mortífera que ensina que não-judeus seriam não-humanos, vidas não santificadas, menos que algum animal sagrado.


Mas há co-assassinos, conspiradores aos milhares, muitos dos quais se dizem muçulmanos ou cristãos, e que também se afogam em sangue inocente e traem o dever moral humano de condoer-se dos mais desgraçados, dos mais esquecidos, dos que vivem a dor infinita de habitar os campos de concentração chamado Faixa de Gaza.

Pouco erra quem diga que todo o mundo é cúmplice nos crimes que se cometem contra Gaza. Essa vergonha monumental será longamente lembrada como um dos momentos em que a humanidade fracassou de modo mais gigantesco. Não são crimes 'contra muçulmanos'. Na Cisjordânia, Israel comete os crimes mais repugnantes tanto contra muçulmanos quanto, igualmente, contra cristãos.

Em Jerusalém, sucessivos governos israelenses reduziram uma cidade santa de cristãos e de muçulmanos, a ghetto de miséria e desgraça. Isso, enquanto Israel prepara-se para destruir toda a região em torno de Jerusalém, cidade ocupada, para tentar obrigar o maior número possível de não-judeus a emigrar para não morrer de fome.

Belém, onde nasceu Jesus, já foi convertida em campo de concentração de prisioneiros palestinos, graças ao muro do apartheid, muro nazista, estrutura mais feia que o mais feio monumento à incapacidade humana para praticar a bondade.

O massacre de Belém, pelos israelenses, o estrangulamento econômico e psicológico dos filhos de Belém, já obrigou muitos cristãos a emigrar para a Austrália, para a Europa, para a América do Norte.

Tudo isso é muito triste. Difícil imaginar o que pensam os cristãos de todo o mundo quando se olhem ao espelho e vejam que sua atitude em relação a Israel – o discurso da paz a qualquer preço, por exemplo – é instrumento que pressiona também os cristãos da Palestina a deixar sua casa, sua terra, para fugir da selvageria de Israel.

De lamentar muito, portanto, que enquanto o Papa visita Jerusalém e reza nos locais sagrados para os cristãos, como na Igreja do Santo Sepulcro, os palestinos cristãos que vivem ali, a apenas poucas centenas de metros, sejam proibidos de rezar onde seu Papa reza.

E o mesmo se pode dizer sobre os milhões de muçulmanos palestinos que não podem ir a Jerusalém, porque Israel impede que a cidade abra-se para católicos e muçulmanos, e quer fazer de Jerusalém monopólio dos judeus.

Não há, portanto, em Israel, a liberdade religiosa sobre a qual a entidade sionista mente sempre.

Por isso os palestinos – cristão e muçulmanos – esperavam que o Papa dissesse ao governo de Israel que o Vaticano como Estado, e o Papa como líder moral dos católicos, não mais tolerarão o sofrimento que a entidade sionista impõe a todos os palestinos não-judeus.

O Vaticano não é poder militar e não faz milagres. Não pode, portanto, curar todas as feridas do mundo. Mas o Vaticano pode usar sua influência contra o mal e o pecado e a favor do respeito à dignidade humana de todos os homens, mulheres, crianças do mundo; também, é claro, a favor do respeito à dignidade humana dos homens, mulheres e crianças que habitam a Palestina ocupada.

Para fazer isso, o Vaticano terá de não se deixar enganar pelas mentiras dos israelenses, que sempre mentem quando falam em paz.

Nenhum Estado que construa colônias em território ocupado é Estado que trabalha pela paz.

Estado que construa colônias em território ocupado, que viole abertamente a legislação internacional – que viole inclusive suas próprias leis! – não é interlocutor confiável para construir a paz. Israel é Estado criminoso. Tem de ser tratado – também pelo Vaticano – como o mundo civilizado aprendeu a tratar Estados criminosos.

PROPOSTA IMORAL

Nos vários discursos que fez durante a viagem pelo Oriente Médio, o Papa Bento XVI repetiu diversas vezes a palavra "paz" e pediu o fim dos conflitos naquela região.


Porém, parece que a mensagem do líder religioso não foi entendida pelo terrorista racista judeu, Benjamin Netanyahu, atual primeiro-ministro do Estado nazista de Israel.

Dentro de um convento, Netahyahu fez uma proposta, digamos assim que satânica, ao pedir para que o Papa se juntasse aos esforços israelenses de sabotarem o Irã.

Israel tem reclamado das declarações do atual presidente do iraniano que manifestou a intenção de que Israel fosse destruída.

Os terroristas judeus esquecem, contudo, que estas declarações foram dadas em resposta as constantes ameaças que eles, os terroristas judeus, fazem de que vão agredir o Irã por causa de seus programa nuclear para fins pacíficos e desestabilizar aquele país.

Além disso, os judeus destruíram e continuam a destruir o que resta da Palestina, incluindo, a política criminosa e racista de judaização da cidade de Jerusalém, com a expulsão de sua população árabe.

Atualmente, há várias decisões ilegais de despejo de árabes de suas casas e propriedades expedidas pelo usurpadores judeus como forma destes últimos tomarem o controle definitivo da cidade sagrada para as crenças monoteístas.

TERRORISMO JUDAICO NA PALESTINA

O Papa deveria ser claro em condenar o terrorismo judaico e as bárbaries que os judeus cometem inclusive contra os cristãos palestinos.

Só dizer que apoia a criação de um Estado Palestino não é suficiente. É preciso condenar o racismo e o terrorismo de Israel. É preciso também não cair na lábia dos ratos sionistas que estão estimulando agressões contra os iranianos.

Se não for assim, a paz que Bento XVI tanto pronunciou não passará de uma simples palavra jogada ao vento.

PROPAGANDA DO MAL

Até entendo a peregrinação religiosa do Papa Bento XVI no Oriente Médio. Mas, não entendo como aquele que se diz representante de Jesus Cristo (que lutou contra os opressores e apoiava os oprimidos), aceita se encontrar com terroristas assassinos como Benjamin Netanyahu e Shimon Peres.


O Papa não pode ignorar os crimes que estes terroristas fizeram na Palestina e no Líbano.


Muitas pessoas no mundo inteiro se perguntam como é que o Papa, líder de uma fé que defende a preservação da vida, pode aceitar apertar a mão destes assassinos que são responsáveis pela morte de tantas crianças e mulheres. Sem dúvida nenhuma, este foi o ponto negativo de Bento XVI ao Oriente Médio.


Já para os terroristas sionistas, a visita do Papa foi uma oportunidade para embelezar a imagem feia de Israel e acobertar seus crimes e atrocidades.


Oportunidade para propagar a falsa imagem de que há liberdade religiosa em Israel, onde muçulmanos são proibidos de rezarem em um dos seus principais templos, a Mesquita de Al-Aqsa, a qual os racistas judeus querem destruir. Vários templos muçulmanos já foram destruídos desde a criação de Israel, em 1948, e outros tantos foram profanados pelos criminosos israelitas.


É lamentável que o Papa tenha se sujeitado a ser usado como instrumento de propaganda para os terroristas sionistas.


Para finalizar, é bom lembrar que no giro pelo Oriente Médio, o Papa não se encontrou com as verdadeiras lideranças religiosas muçulmanas.


Dizer que a visita do Papa vai incrementar as relações com o mundo islâmico não procede. Infelizmente, na agenda do Papa não tinha espaço para encontros com a liderança muçulmana. Só tinha espaço para se encontrar com genocidas e assassinos judeus.


Creio que a visita do Papa não terá o efeito esperado. Nem tampouco mudará a situação desta conflituosa região do Oriente Médio.


sábado, 9 de maio de 2009

POR QUE OS MUÇULMANOS NÃO COMEM CARNE DE PORCO?

“Homens!

Comei dos alimentos lícitos

e bons que há sobre a terra

e não sigais os passos do Demônio!

Ele é para vós um inimigo declarado.

Ordena-lhes o mal e o desonesto

e que digais contra Deus

o que não sabeis”.

(Alcorão Sagrado, 2: 168-169).

O Islã é uma religião racional. Todos os seus princípios e mandamentos estão baseados em uma profunda racionalidade.

O Islã demonstra que o homem é inocente ao nascer, que o bem e o mal se aprendem gradualmente. O Islã ensina que se devem alcançar as virtudes e evitar costumes que arrastam à perversão, uma vez que o bem e o mal estão no homem, de acordo com a educação que recebe e o meio-ambiente em que se desenvolve sua vida cotidiana.

O ser humano possui desejos naturais, que se referem ao alimento, à necessidade de sono e de sexo; também tem sentimentos naturais, por exemplo, felicidade, rancor, dor, amor, temor, fastio e avareza.

Esta última é originada pelo instinto de posse. Um instinto insatisfeito alimenta a inveja e, eventualmente, ambas suscitam o egoísmo.

O Islã, não obstante, não recomenda que se eliminem estes sete sentimentos, como o fazem outras religiões, senão que oferece um método para controlá-los, porque enquanto o homem viver, eles existirão. Eles são semelhantes ao motor de um veículo: o condutor é quem deve controlá-los e guiá-los a metas úteis. A educação islâmica é a guia do homem em direção ao bem.

A proibição de comer porco no Islã constitui um grande salto adiante na história da evolução humana. Considerando que o sangue é, virtualmente, nossa corrente vital e que tudo o que consumimos afeta, em última instância, nosso sistema sanguíneo, é necessário selecionar nossos alimentos. Resulta evidente que o homem de concepção revolucionária mais avançada é aquele que mais cuidadosamente seleciona seus alimentos.

Sabemos que no passado, alguns povos da África foram antropófagos. Alguns aborígenes do arquipélago malaio e certos povos de Borneu e Nova Guiné não sabem distinguir os alimentos: ingerem víboras, vermes, ratos e tudo o que esteja ao seu alcance.

Na atualidade, a evolução da natureza humana não se limita à abstenção da carne de porco, mas compreende, também, a carniça e a carne de caça, ainda que sejam de vacas, cordeiro ou galinhas. Isto está proibido pelo Islã.

Aparte o que foi exposto até aqui, os muçulmanos rechaçam a carne de animais predadores, como o leão, tigre, leopardo, víboras, gatos, cachorros, ratos, etc., considerados dentro das Leis Islâmicas como animais impuros.

Esta proibição está baseada no desejo de purificação da própria natureza, já que o alimento, uma vez ingerido, não entra apenas no intestino e se converte em excremento; é absorvido e metabolizado no sistema e circula por todas as partes do corpo humano, incluindo o cérebro e isto, de uma maneira não insignificante, por certo, afeta a natureza do homem. Disse o Imam Ali (a.s.): “O estômago é a porta de todos os males”.

O Islã permite aos muçulmanos ingerir carne pura e não proíbe nem estimula ninguém a converter-se em vegetariano. Alguns argumentam que se o porco é alimentado com nutrientes sãos, pode-se, então, consumir sua carne.

A resposta para esta controvérsia é a seguinte: pode-se alimentar um porco com uma lavagem saudável, mas não se pode mudar sua natureza, um porco é um porco, não pode sofrer variantes por meio de enxertos, como uma planta.

O porco é, por natureza, preguiçoso e indulgente no sexo. Desgosta-lhe a luz do sol e ele carece de energia para lutar. Come quase tudo o que encontra ao seu redor, sejam excrementos ou qualquer imundice.

De todas as carnes de animais, o porco constitui-se no principal receptor de germes daninhos e é o principal reservatório para a infecção humana. Ademais, a porcentagem de gordura no porco é muito maior que em qualquer outra carne: 91%, contra 56% no cordeiro e 35% na de gado vacum.

Pode-se fazer uma experiência em carnes: tomem-se três pedaços de carne de igual idade e tamanho, um de porco, outro de vaca e um terceiro de cordeiro; exponham-se todos ao sol. O de porco será o primeiro a apodrecer, vindo em seguida o de cordeiro e finalmente o de vaca.

Algumas vezes, a carne de vaca seca sem chegar a apodrecer. Mas, se colocamos os mesmos pedaços de carne em um recipiente e os colocamos para cozinhar, o de porco será o último a cozinhar e ninguém pode garantir que não existam germes daninhos na carne cozida.

De acordo com investigações médicas, requerem-se três horas para a digestão da carne de cordeiro e de vaca; por sua vez, necessitam-se cinco horas para a do porco.

Proliferam tantas plantas que são comestíveis: algumas podem curar enfermidades, outras são venenosas e causam a morte. De igual maneira, existem carnes daninhas para o homem, como a do porco, cujo efeito tóxico está latente e com o transcurso dos anos degenera em sérias enfermidades.

FONTE: IBEI