quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

NOVA AGRESSÃO DO GRUPO ABRIL

A Revista "Superinteressante", pertencente ao Grupo Abril, que também edita a Revista Veja, publica infeliz matéria em sua última edição, tentando prever o que ocorreria se fosse criado um Estado Palestino.

Sob o título "E se fosse criado o Estado Palestino?", os repórteres Alexandre Versignassi e Eduardo Szklarz fazem um exercício de adivinhação que descamba para o preconceito contra os palestinos, em particular, e os muçulmanos, em geral, omitindo fatos históricos relevantes e criando uma visão pessimista sobre o futuro Estado Palestino.


Logo no começo do texto, uma afirmação que procura vaticinar a inviabilidade deste futuro país: Como resposta à pergunta do título, vem a assertiva: "Um país minúsculo e absurdamente pobre". Pois bem, o tamanho do território não é pressuposto de desenvolvimento ou riqueza de uma nação. Cingapura, por exemplo, é um país "minúsculo", para usar o termo dos Srs. Versignassi e Szklarz, com 707 quilômetros quadrados, mas com renda per capita de US$ 49.754,00; a China tem 9,6 milhões de quilômetros quadrados de área e uma renda per capita dez vezes menor: US$ 5.300,00.

A matéria da revista sonega aos seus leitores o fato de que a exigüidade do território palestino atual é obra do sionismo, que há 80 anos vem promovendo a invasão e ocupação do território palestino. A "Superinteressante" não conta, por exemplo, que no início do século XX, os judeus correspondiam a apenas 3% da população da Palestina.

Foi a campanha de invasão, colonização e ocupação promovida pelo sionismo, que também estimulou a criação de grupos terroristas judaicos - Haganah, Irgun, Palmach, Lehi, Stern - a responsável pela atual situação de risco constante dos palestinos. Desde o seu nascedouro, o estado de "Israel" promove uma política consistente e sistemática de extermínio da população palestina, atacando desde o início do século XX suas vilas e matando sua gente.

A matéria da "Superinteressante" também não conta aos seus leitores que uma das causas da atual desgraça palestina, além do caráter exclusivista, expansionista e racista de Israel, é o seu militarismo, o que leva a constantes ataques ao povo palestino.

Enquanto, na frente das câmeras, os governantes de Israel defendem a paz e negociam acordos , por trás, nos bastidores, continuam financiando a colonização de territórios palestinos. Os Srs. Versignassi e Szklarz não contaram aos seus leitores que, atualmente, existem 280 mil colonos judeus vivendo na Cisjordânia.

Têm alguma razão em apontar que o Estado Palestino terá dificuldades em se viabilizar, mas não dizem que estes obstáculos são impostos por Israel que constrói, por exemplo, um novo Muro da Vergonha, incoporando terra árabe, dividindo ao meio fazendas e vilas palestinas, inviabilizando a constituição de uma nação palestina com território contíguo.


A matéria da "Superinteressante" não contou que um dos problemas vividos pela população palestina da Cisjordânia, o outro território palestino, é a falta d'água. Ali, 86% da população - cerca de 1,4 milhão de pessoas - são abastecidas por caminhões-pipa. Ou seja, Israel sonega o aceso à água a esta população imensa.

Os Srs. Versignassi e Szklarz não contaram aos seus leitores que a água que enche as piscinas dos assentamentos judaicos ilegais em território árabe da Cisjordânia é a mesma água que falta para matar a sede dos palestinos em sua própria terra.

E também não informaram os seus leitores que a Faixa de Gaza é o maior campo de concentração do mundo: 1,5 milhão de pessoas estão confinadas em uma área de 360 quilômetros quadrados de extensão.

Elas não podem sair dali em direção a Israel, por motivos óbvios, e nem para o Egito, que tem um vergonhoso acordo com Israel que impede a fuga. Cabe ressaltar que a Faix de Gaza, antes do recente massacre perpetrado por Israel, ficou por um ano e meio sob severo bloqueio, o que levou a uma crise humanitária sem precedentes.


Ou seja, em lugar de trazer ao leitor de "Superinteressante" uma visão imparcial dos fatos, o que significa contemplar o lado palestino da questão, os Srs. Versignassi e Szklarz reproduziram uma série de chavões contra os palestinos, os muçulmanos e ao Hamas, vinculando-os à imagem de radicais, terroristas e violentos.

Não foi o Hamas "que começou uma guerra civil com o Fatah" (sic), como afirma o texto. Este, em conluio com o governo sionista de Israel e com o apoio das potências ocidentais, solenemente passou por cima dos anseios legítimos do povo palestino, que nas eleições parlamentares de 2006 deu vitória esmagadora e inquestionável à Resistência Islâmica. O Hamas venceu de maneira limpa, conforme comprovam os observadores internacinais, o pleito. Mas não pode governar porque não se adapta ao conceito fluido de "democracia" vigente no ocidente.


Com esta lamentável peça de mau jornalismo, a revista "Superinteressante" faz coro aos inúmeros veículos da grande mídia sionista, que mistificam a realidade e a distorcem, sempre com o objetivo de privilegiar os interesses de Israel. Quem mais perde com isso é o leitor de "Superinteressante", que está sendo enganado por quem faz uso de um veículo de massa para desinformar a população brasileira.

*Extraído do Ibei

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

CEM ANOS DE VIOLÊNCIA CONTRA OS PALESTINOS

*Mauro Santayana


A declaração de Shimon Peres, de que morrem mais crianças palestinas do que judias porque os judeus cuidam melhor das suas, é, em sua frieza e desdém, a confissão de que se executa o projeto de genocídio que o movimento sionista mundial estabeleceu, quando decidiu criar o Estado de Israel.


Só há duas formas de construir um Estado soberano em território alheio: com o assentimento de seus habitantes ou com o seu extermínio.Os palestinos não perceberam o que os judeus que adquiriam terras em seu território, ainda no fim do século 19, pretendiam. Só se deram conta do perigo em 1917, quando lorde Arthur James Balfour, em carta a Lionel Rothschild – o banqueiro que financiava os sionistas – lhe assegurou a decisão britânica de apoiar a criação de um "lar nacional judeu" na Palestina.


Como se encontravam sob domínio otomano e em plena Primeira Guerra Mundial, os árabes não puderam reagir imediatamente, o que só fariam depois do armistício. A Declaração Balfour é interessante, porque revela as circunstâncias conjunturais que a originaram.


A guerra na Europa estava em momento indefinido, e os ingleses pressionavam o presidente Woodrow Wilson, dos Estados Unidos, para que enviasse tropas ao continente. Esse documento estimulou os ricos judeus de Nova York a exercer também sua influência sobre a Casa Branca, e os soldados norte-americanos desembarcaram em março do ano seguinte na Europa.


O secretário do Exterior da Grã-Bretanha teve o cuidado de assegurar, na Declaração, que o apoio não poderia causar prejuízo aos "civil and religious rights of existing non jewish communities in Palestine". Essa foi uma atitude insensata, e disso se deram conta os ingleses.


Em 1920, terminado o conflito mundial, e atribuído aos ingleses, pela Liga das Nações, o mandato sobre o território palestino, os países árabes se reuniram em Damasco e manifestaram seu repúdio à Declaração Balfour. Não obstante isso, os ingleses responderam com a nomeação de um conhecido sionista para administrar a área, Herbert Samuel.


Os árabes perceberam o que os esperava, e consideraram 1920 am al-nakbah, o ano da catástrofe. Mal sabiam que catástrofes ainda maiores viriam, como a destes dias em que – confirmando o projeto de limpeza étnica – escolas mantidas pelas Nações Unidas, claramente identificadas, são alvos escolhidos por Israel.


Desde então, os palestinos não deixaram de protestar, de lutar pelo seu espaço histórico. Na verdade eles são semitas que não deixaram o território e foram, com o tempo, convertidos ao islã. Há quase um século, são acossados por judeus europeus, que têm a cara e os métodos de quaisquer colonizadores.


Ao mesmo tempo em que o nazismo se fortalecia na Europa e iniciava a perseguição aos judeus – mas, também, aos outros povos que eles consideravam inferiores, como os eslavos, os negros e os ciganos – os palestinos continuavam a lutar contra os invasores.


Em 1935, terroristas judeus assassinaram seu líder, al-Qassam, o que provocou rebelião geral dos palestinos, de 1936 a 1939, massacrada pelas tropas britânicas e por 15 mil judeus – que constituíram o núcleo inicial do Exército de Israel.


A Primeira Guerra Mundial havia sido desastrosa para os palestinos. A Segunda lhes foi ainda pior. Depois da vitória aliada, os ingleses perceberam, com o grande homem de Estado de esquerda, Ernest Bevin, então secretário do Exterior, que haviam cometido, mais do que um crime, grande erro estratégico, diante dos interesses britânicos no Oriente Médio.


Bevin tentou voltar atrás, proibir o prosseguimento da imigração de judeus em Israel e forçar a divisão do território em dois estados – o que não conseguiu.


Em julho de 1946, terroristas judeus, sob o comando de futuros e "respeitáveis" estadistas, como Menachen Begin, invadiram o Hotel King David, ocupado pela administração militar e civil britânica, e mataram 91 pessoas.Com todos esses fatos históricos, a Organização das Nações Unidas, dominada pelos quatro grandes vencedores do conflito (e a União Soviética foi nisso particularmente responsável), decidiu impor aos palestinos a presença definitiva dos israelitas. Mas foram sobretudo os norte-americanos, com Truman, que patrocinaram o projeto: necessitavam de um enclave na região.


Dizia Adorno que, depois de Auschwitz, toda a cultura do Ocidente era um lixo. O intelectual marxista estava enganado. Com o drama da Faixa de Gaza, toda a cultura do Ocidente é um crime


domingo, 18 de janeiro de 2009

CANALHAS EUROPEUS E O TERROR JUDAICO


Israel nem acabou de finalizar seus ataques selvagens contra a população civil na Faixa de Gaxa que deixaram mais de 1,3 mil pessoas mortas, entre elas, 410 crianças, e 5,1 mil feridos, e os governos europeus já se apressaram para se solidarizar com o terror judaico.

A foto de vários líderes europeus reunidos, neste domingo à noite, com o assassino e genocida Ehud Olmert é, no mínimo, ultrajante.

Ehud Olmert é um criminoso de guerra violador dos direitos humanos responsável pelo assassinato de centenas de inocentes civis, entre eles, muitas mulheres e crianças, na Palestina e no Líbano.


Ehud Olmert e outros membros de sua gangue genocida (governo de Israel) deveriam ser levados a julgamento pelas bárbaries cometidas tanto em solo palestino como em território libanês.

Os governos europeus, que tentam passar uma imagem de defensores dos direitos humanos, deveriam ser os primeiros a cobrar a criação de um tribunal para julgar os crimes praticados pelos terroristas israelitas.


Ao invés disso, foram até os terroristas judeus, como Ehud Olmert, para se solidarizar e dizer que os europeus estão comprometidos com a segurança desse Estado genocida como é o de Israel.

Entre os canalhas europeus que se reuniram com Ehud Olmert, estavam os chefes de governo da França, Alemanha, Inglaterra, Itália e o da Espanha.

Perderam a moral e a credibilidade (se é que os tinham) para cobrar respeito aos direitos humanos. Quem apoia genocidas e assassinos como os israelitas, são tão cúmplices e responsáveis pelos crimes cometidos pelos judeus quanto os próprios sionistas.

Fica a pergunta: quem apoia mesmo os terroristas, os criminosos de guerra e os genocidas?

TERROR JUDAICO RETROCEDE

Depois de 23 dias de agressões, o Estado terrorista de Israel retrocedeu e decidiu parar com sua selvageria contra a Faixa de Gaza. Os assassinos judeus mataram mais de 1,3 mil palestinos, incluindo, dezenas de crianças e mulheres, e deixaram 5,1 mil feridos.


Pelo menos 410 crianças e 108 mulheres foram sacrificadas pelo terror judaico. O número de palestinos martirizados pode aumentar com o início dos resgates dos corpos que ficaram sobre os escombros dos edíficios destruídos pela bestialidade sionista.


Apesar de toda a truculência, Israel capitulou e declarou um cessar-fogo unilateral sem conseguir alcançar seus objetivos, entre eles, o de parar os foguetes palestinos. Nesta manhã, pelos menos seis foguetes atingiram localidades no sul de Israel.


Logo em seguida, porém, os movimentos de resistência palestinos decidiram suspender o lançamento de foguetes com a condição de que o exército israelense se retire da Faixa de Gaza em um prazo de uma semana. Ou seja, os palestinos ainda mantêm o poder de lançar foguetes sobre alvos israelitas caso Israel renove suas agressões.


A resistência palestina demonstrou também que possui um extraordinário preparo militar para fazer frente a ocupação militar de Israel. Os israelenses fracassaram em seus objetivos e toda a matança de civis, inclusive, com o uso de armas químicas, e a destruição de propriedades palestinas foram em vão.


Israel terá que se retirar dos territórios invadidos, suspender o bloqueio criminoso que impõe desde meados de 2007 e abrir as passagens para que alimentos e remédios cheguem até a população sofrida de toda a Faixa de Gaza. Caso contrário, continuará a enfrentar foguetes e as operações da resistência palestina.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A VISÃO DE UM EX-RELATOR DA ONU

Desde o ínicio das agressões israelitas contra a Faixa de Gaza, há 21 dias, o blog Leitura Franca tem procurado postar artigos, opiniões e análises sobre a bárbarie praticada pelos criminosos judeus sionistas que resultou na destruição de propriedades e ceifou a vida de centenas de civis palestinos, incluindo, crianças, mulheres e idosos inocentes.

Uma entrevista que não pode deixar de ser lida é a que foi realizada pela jornalista Marcela Rocha e publicada, no último dia 12, no site Terra Magazine com o professor e cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, ex-relator da Organização das Nações Unidas em Mianmar e Burundi na África, e consultor independente do secretário geral da ONU.

Pinheiro falou sem rodeios o que muitos jornalistas, intelectuais, professores e políticos não tiveram coragem de dizer sobre a atual crise na Faixa de Gaza e o conflito árabe-israelense, em geral, que se arrasta por mais de 60 anos.

O diplomata afirmou que é "simplista" a alegação de que Israel ataca por legítima defesa. Ele destacou que Israel é um potência ocupante que tem obrigações perante as leis internacionais, mas que não cumpre de forma deliberada estas obrigações.

Ele denuncia a postura dos Estados Unidos que "sempre apoiou qualquer política de Israel" e também a conduta da Organização das Nações Unidas, em especial, o seu Conselho de Segurança que tem se mostrado irrelevante para resolver o conflito.

Com a devida autorização do Terra Magazine, o blog publica a entrevista na íntegra abaixo:

Ex-relator: Conselho de Segurança é irrelevante

Marcela Rocha
Especial para Terra Magazine

Paulo Sérgio Pinheiro foi relator da Organização das Nações Unidas em Mianmar e Burundi na África, e consultor independente do secretário geral da ONU. Em tom cético, Pinheiro acredita que "até o dia 20 de janeiro (data da posse do Obama nos EUA) não vai acontecer nada, talvez o cessar-fogo" na Faixa de Gaza. E enfatiza: "Talvez".

- De certa maneira, Israel se aproveitou oportunamente desse prazo de "pato manco" do Bush - como chamam os presidentes enfraquecidos ao fim do mandato - para fazer essa investida.

Sobre a relação entre Estados Unidos e Israel, Pinheiro acredita ser "muito improvável" que Israel continue esta guerra sem o apoio americano. Prossegue, "não só politicamente, mas o fornecimento de armas é feito pelos EUA. Portanto, ele tem o poder de acabar com essa campanha de Israel".

Em entrevista a Terra Magazine, ele analisa o conflito em Gaza que já dura 17 dias e, num balanço momentâneo, deixou 890 palestinos mortos; do lado israelense, 14 baixas. Mas Pinheiro não vê "possibilidades do conflito se extender". E ironiza: "O próprio governo Bush acharia desmedido".

O professor e cientista político faz questão de retomar a história da organização Hamas. Ressalta que quem financiou e estimulou o crescimento dessa organização "foi Israel, para enfraquecer a autoridade palestina, Arafat", justifica.

Mas afirma que "não adianta nada ficar condenando Israel, é preciso sentar à mesa e negociar". Até porque, para o ex-relator da ONU, há uma "desproporcionalidade enorme" e a razão disto é o governo Bush. "Durante esses oito anos, não se empenhou diretamente numa negociação de paz. Sempre apoiou qualquer política de Israel", conclui.

Questionado sobre a autoridade do Conselho de Segurança, Paulo Sérgio Pinheiro é crítico: - Um dos membros permanentes propõe uma resolução e nada acontece. Isto demonstra a irrelevância do Conselho de Segurança da ONU.

O professor é presidente da Comissão Teotônio Vilela que reúne intelectuais como José Gregori, a Marilena Chauí, Fernando Gabeira, Hélio Bicudo. Nessa terça-feira, 13, o grupo irá divulgar no anexo do Memorial da América Latina um manifesto sobre a situação de Gaza. Pinheiro adiantou o teor do documento na entrevista. Leia na íntegra:

Terra Magazine - Israel afirma atacar por legítima defesa. O senhor reafirma as razões de Israel ou discorda?

Paulo Sérgio Pinheiro - Eu acho que é uma caracterização simplista do conflito dizer que Israel ataca por legítima defesa. Esse conflito existe há 60 anos e desde 1967, quando Israel ocupou territórios da Palestina especialmente Gaza. Israel é uma potência ocupante, portanto tem obrigações internacionais segundo as convenções de Genebra e não as cumpre na medida em que não assegura mínimas condições de sobrevivência da população. Essa maneira simplista de definir esse conflito como uma defesa de Israel é completamente equivocada e reducionista. São dois atores políticos, a guerra não é a solução. Não tem solução militar. Mas mesmo assim continua essa carnificina. Não dá para entender esta guerra como uma briguinha de facção. É muito mais complexo. E uma solução política é o único remédio.

Então, para o senhor, quais as razões de Israel?

Na história recente, faz 18 meses que Israel fechou os acessos pra Gaza. Para tudo, material humanitário, gasolina, comércio em geral. Imagine, 1,5 milhão de pessoas numa área de 360 km², ou seja, 4,5 mil pessoas por quilômetro quadrado encerradas na fronteira fechada com o Egito, com Israel e com o mar. Os pontos de acesso parecem corredores de matadouro. A população passa feito gado. Não sabem quando vão abrir ou fechar. É desesperador. O reconhecimento de Israel é conversa pra boi dormir. Tem uma série de Estados que não o reconhecem e convivem pacificamente com Israel. A Arábia Saudita, por exemplo. Ninguém pensa em tirar o Estado de Israel de lá. Vivem em uma democracia partidária e parlamentarista. 20% de árabes e 50% de reprovação a esse tipo de política exercida em Gaza.

Sobre a origem do conflito iniciado em 27 de dezembro de 2008, tem como dizer quem começou ou quando?

Consideremos a questão dos foguetes lançados pelo Hamas, primeiro é importante lembrar que quem financiou e estimulou o crescimento dessa organização foi Israel para enfraquecer a autoridade palestina. Muito parecido com o Talibã: Os Estados Unidos financiaram os muzadin para expulsar os soviéticos, o que deu origem à organização. Israel financiou Hamas para enfraquecer Arafat, o presidente Sharon praticamente decidiu pelo assassinato do líder palestino, o qual teve uma morte suspeitíssima, isoladíssimo e totalmente fragilizado como interlocutor. Fortaleceram o Hamas. A Europa e os EUA financiaram as eleições nos países palestinos ocupados. O presidente Jimmy Carter e outros observadores internacionais disseram que foram as eleições mais livres nos países árabes nos últimos 30 anos. O Hamas surgiu quase que como uma filial da Fraternidade Muçulmana no Egito, que até hoje é um partido político neste país. Até 27 de dezembro de 2008 (quando Israel lançou este ataque), nunca o Hamas tinha lançado foguete de mais longo alcance e nunca ninguém tinha morrido. Por quê? Porque Israel tem uma densidade média de 300 pessoas por km² e tem meios extraordinários nas escolas, como sirenes e radares de aviso. Protegem a população. Entre 27 de dezembro e hoje (12/01/09) morreram 4 civis e 10 soldados israelenses.

Pode ser configurado como um conflito entre exércitos?

O Hamas não é um exército. A autoridade palestina não tem um exército, não tem aviação, nem marinha. É uma população totalmente desarmada, a não ser por esses foguetes que voam descontrolados, não podem acertar um alvo e por isso constituem uma infração grave também à Convenção de Genebra, porque vão cair nas populações e não nos combatentes. Mas não adianta nada ficar condenando Israel, é preciso sentar à mesa e negociar. Mas, sem os EUA, não tem como. A minha bola de cristal prevê que até o dia 20 de janeiro (data da posse do Obama nos EUA) não vai acontecer nada, talvez o cessar-fogo. Talvez.

A ausência de um exército palestino é a razão da morte tantos civís, em especial crianças?

Ao todo foram 890 mortos dos quais mais de 200 são crianças. Porque 45% da população de Gaza têm menos de 14 anos. Há uma desproporcionalidade enorme e a razão disto é o governo Bush que, durante esses oito anos, não se empenhou diretamente numa negociação de paz. Sempre apoiou qualquer política de Israel. O polonês ex-assessor de Carter, Zbigniew Brzezinski, disse em uma entrevista que não adianta condenar Hamas, porque o problema é que só os EUA têm condição de parar essa barbárie. De certa maneira, Israel se aproveitou oportunamente desse prazo de pato manco do Bush - como chamam os presidentes enfraquecidos ao fim do mandato - para fazer essa investida. E, a meu ver, esse conflito não será resolvido antes do dia 20 de janeiro.

Como o senhor avalia a atuação da ONU?

Quem mantém os palestinos vivos na Cisjordânia ocupada e em Gaza é a Agência de Socorro das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados. Há um contingente de 30 mil pessoas trabalhando nisso, ou seja, pagas pela Europa e EUA. Uma contradição brutal. O braço humanitário da ONU está lá, com sucesso. As crianças vivem por causa da UNICEF. Agora, o braço político da ONU, este sim é problemático. Porque o Conselho de Segurança, que é o único órgão, além do Tribunal Penal Internacional, que tem resoluções obrigatórias, vive sob o veto das cinco potências entre elas o EUA, que pode vetar tudo. Então, eu acho que o Sarkozy merece todo o mérito por sua hiperatividade que, junto ao chanceler Kushner, grande militante humanitário, saíram à frente se mandaram para Israel e fizeram o que deveria ser feito. O Egito, vizinhos de Gaza e com uma autoridade importante, tiveram um papel diplomático importante. Creio que a solução franco-egípcia é cessar-fogo imediato, suspensão dos bombardeios e dos foguetes do Hamas, abertura dos portões de acesso e negociações.

A criação do Estado Palestino resolveria o conflito?

O ministro Celso Laffer falou que, para uma segunda etapa do conflito, deveria se negociar a criação do Estado Palestino, dividir Jerusalém para as duas capitais e dar um tratamento justo para os 800 mil palestinos expulsos da Palestina depois da criação de Israel. Ou seja, eles devem voltar e serem reparados economicamente. Concordo plenamente com ele. Incluindo, é claro, o reconhecimento das Resoluções de 1967, (que estabelecem fronteiras territoriais) as quais o Hamas pediu a Israel que obedecesse em troca de 10 anos de paz. O que não aconteceu.

Com a ofensiva ao Líbano e os estilhaços que atingiram o Egito, o senhor acha possível um crescimento do conflito?

É evidente que Israel não venceu no Líbano. Mas na minha avaliação o Hezbolah está com uma atuação responsável. Cumpre com as Resoluções de 1967, respeita Israel, participa do governo do Líbano. Se Hezbolah participa do governo libanês, porque Israel não pode aceitar uma autoridade palestina com um representante do Hamas? Enfim, não vi confirmações de outras bombas que o Hezbolah tenha lançado. Não vejo possibilidades do conflito se estender. O próprio governo Bush acharia desmedido.

Quais saídas, para o conflito, o senhor vislubra?

Há 60 anos que brigam. Não dá pra continuar! Alguém tem que colocar os dois em uma sala e dizer isto. A única potência global que pode fazer isto é os EUA. Mas sem pender pra um dos lados. Israel só vai parar com esses bombardeios quando o presidente Obama disser "parem" e pedir negociações entre os atores políticos envolvidos no conflito. Não há outra solução que não a política, o diálogo. Diplomacia é a palavra mais correta. Explulsar o embaixador de Israel foi um gesto totalmente desequilibrado do presidente Hugo Chávez, do ponto de vista diplomático. É claro que foi uma maneira de cutucar os EUA, mas era desnecessário.

A ofensiva já dura 17 dias. Com todos os pedidos de cessar-fogo, inclusive o da ONU, o senhor acredita que somente o Obama pode dissolver este conflito?

Na verdade eu colocaria o contrário. É muito improvável que Israel continue esta guerra sem o apoio americano. Não só politicamente, mas o fornecimento de armas é feito pelos EUA. Portanto, ele tem o poder de acabar com essa campanha de Israel.

E o Conselho de Segurança da ONU?

Um dos membros permanentes propõe uma resolução e nada acontece. Isto demonstra a irrelevância do Conselho de Segurança da ONU. Não que eu esteja otimista, mas creio que ainda nessa semana teremos um recuo do conflito. Nâo é possível que, com esse número de mortos, ainda queiram manter os ataques.

PAÍSES CORTAM RELAÇÕES COM ISRAEL

O Qatar e a Mauritânia anunciaram, nesta sexta-feira, que suspenderam as relações comerciais e políticas que mantinham com Israel.


Desta forma, são quatro os países que adotaram represálias diplomáticas como forma de protestar contra os massacres que os terroristas judeus praticam contra a população da Faixa de Gaza.


Venezuela e Bolívia, dois países sul-americanos, já haviam cortado anteriormente suas respectivas relações com os israelitas.


Na cúpula realizada, hoje, em Doha, no Qatar, o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, e o do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, conclamaram os demais países a cortarem as relações diplomáticas com Israel em retaliação pela bárbarie sionista em Gaza.

Treze países dos 22 membros da Liga Árabe participam da cúpula de chefes de Estado de Doha: Argélia, Líbia, Síria, Somália, Líbano, Sudão, Mauritânia, Iraque, Djibuti, Comores, Catar, Omã e Marrocos.

Além dos países árabes, foram a Doha o presidente do Irã, e enviados da Indonésia, Turquia, Senegal e Venezuela. Também participam os líderes dos grupos palestinos Hamas, Khaled Mashaal; Jihad Islâmica, Ramadan Shalah; e Frente Popular para a Libertação da Palestina-Comando Geral, Ahmad Jibril.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

ISRAEL, FATOR DE DESESTABILIZAÇÃO DO ORIENTE MÉDIO

* Lejeune Mirhan

Tal qual a semana passada, refleti muito sobre o título desta coluna semanal. Cheguei a pensar em “Israel, o grande culpado dos conflitos”. Mas, não há que falar em culpas sobre massacres e genocídio, que isso, setores lúcidos da sociedade sabem bem que papel Israel joga. Hoje se trata de concluir que Israel, seguindo com seu direito de continuar existindo, acaba tornando-se um fator de profunda desestabilização de toda a região do Oriente Médio, que sempre viveu em paz por milênios.

Algumas citações interessantes

Como faço cotidianamente há quase três décadas, estudo sistematicamente o mundo árabe (tendo estudado inclusive a língua na USP, ainda que não a domine). No entanto, desde 27 de dezembro, tenho redobrado minhas leituras, análises, sejam elas de livros, artigos em revistas e, principalmente, o que me chega pela Internet.

Há coisas excelentes que vem sendo produzidas por intelectuais há muito comprometidos com a causa palestina, que vêm furando o forte bloqueio que a mídia vem fazendo, na sua vã tentativa de manipular consciências dos cidadãos.

Quero começar esta coluna semanal com quatro citações que vão nos ajudar no encadeamento do meu raciocínio para o artigo semanal. Vamos a elas:

Boaventura de Souza Santos, sociólogo: afirma existirem quatro fortes razões para que Israel esteja fazendo esse massacre indiscriminado contra os palestinos: 1. Recuperação do prestígio eleitoral da coligação governista perdido por várias razões; 2. Exército de Israel sedento por vingar-se da derrota acachapante sofrida no Líbano em julho de 2006, quando tentou – sem sucesso algum – eliminar o Hezbolláh (como faz hoje com o Hamas); 3. Vazio da transição política nos EUA e 4. Necessidade de criar um fato consumado antes da posse do novo presidente democrata dos Estados unidos (artigo “Réquiem por Israel”, publicado no site Carta Maior);

Edward Said, professor de literatura, palestino, falecido em 2003: escreveu certa vez que “Foi por causa da Intifada e porque os palestinos se recusaram a capitular diante dos israelenses que chegamos á mesa de negociação – e não apesar de tudo isso, como alguns insistem em dizer” (citado por Gílson Caroni, sociólogo em seu artigo “Gaza e os crimes de guerra de Israel”, recebido pela Internet);

Gilles Deleuze, filósofo francês: “Como os palestinos poderiam ser ‘parceiros legítimos’ em conversações de paz se não têm país? Mas como teriam país se seu país lhes foi roubado? Os palestinos jamais tiveram escolha, além da rendição incondicional. Só lhes ofereceram a morte. No conflito israelo-palestino as ações dos israelenses são consideradas retaliação legítima 9mesmo que seus ataques sejam desproporcionais) e as ações dos palestinos são, sem exceção, tratadas como crimes terroristas” (publicado no Le Monde em 7 de abril de 1978 – vejam que as coisas não mudaram em 31 anos!

Ben Gurion, primeiro Ministro de Israel, proclamador do Estado em maio de 1948: “… Porque haveriam os árabes de querer a paz? Se eu fosse um líder árabe nunca iria parlamentar com Israel. É óbvio: nós ocupamos a terra deles. É certo que Deus tinha-no-la prometido, mas que significa isso para eles? (...) Houve o anti-semitismo, os nazis, o Hitler, Auschwitz, mas que culpa tiveram eles? Os árabes apenas vêem uma coisa: que viemos para aqui, que roubamos as suas terras. Porque haveriam de aceitar tal coisa?...” Extraído de The Jewish Paradox, de Nathan Goldman, ex-presidente do Congresso Nacional Judaico.

Análise dos acontecimentos

No momento em que escrevemos esta coluna (dia 14, ás 18h), passam de mil os palestinos mortos. Grosso modo, quando eram ainda 900 e grupos de direitos humanos que contam mortos e corpos (como os que existem no Iraque), falavam em quase 300 crianças, maioria menores de 12 anos.

Em termos gerais, podemos dizer que de cada três palestinos mortos (assassinados por Israel), uma é criança, uma é mulher e a terceira pessoa é um homem, dos quais metade deles são idosos. Quando a conta eram 900 mortos, números redondos eram 300 crianças, 300 mulheres e 300 homens, dos quais 150 idosos. Assim, um em cada seis apenas é homem em idade de combate e pode – ou não – ser ligado ao Hamas.

Por isso, sempre dissemos desde os primeiros momentos do genocídio dos palestinos perpetrados pelos nazi-sionistas (expressão cunhada pelo meu colega Laerte Braga), que o massacre e os ataques não são e nunca foram contra o Hamas, mas sim isso sempre foi um ataque contra o povo palestino em geral.

A raiz de todo o problema é Israel e sua elite governante, qualquer que seja o partido. E a situação começa há mais de 20 anos ou até antes. Desde que a OLP reconheceu o Estado de Israel em 1988, sob a liderança de Yasser Arafat, todos os governos de turno em Israel fizeram de tudo para desacreditá-lo, desmoralizá-lo, denunciá-lo como homem milionário e corrupto. Não queria negociar com Arafat. Chegou até a incentivar a criação do Hamas, grupo que não é xiita, mas sim sunita, mas surgiu contestando a liderança do Fatah, partido de Arafat.

Com a desmoralização do Fatah, com seu descrédito continuado, as eleições parlamentares de janeiro de 2006 foram vencidas – de forma retumbante – pelo Hamas, partido político e religioso ao mesmo tempo, que presta imensos serviços para a população pobre na Faixa de Gaza, que tem lideranças com imagem de incorruptíveis etc.

Da imensa maioria da população não se pode dizer que eles tenham identidade com os métodos, com a política do Hamas, de não reconhecer Israel (esta em sua carta de fundação). Votou-se esmagadoramente no Hamas pela mudança, pela renovação, pela dita “fadiga de material”, muito comum em entidades, sindicatos, com parlamentares. O povo se cansa, quer simplesmente fazer a troca, renovar, dar novas chances para novas pessoas e partidos, com novas idéias e propostas.

Aqui reside o maior de todos os erros de Israel e de seu governante de turno à época (Olmert): não reconhecer nem o grupo vitorioso, o Hamas, nem a sua vitória e seu posterior governo formado, com ministro em sua maioria não filiados ao grupo (intelectuais, técnicos competentes e até membros do Fatah). Mais do que não reconhecer, Israel, que já tinha desocupado a Faixa de Gaza em 2005, decide impor o mais odioso dos boicotes à gaza, asfixiando a sua população, impedindo o livre trânsito de mercadorias, remédios, alimentos.

Mesmo a água, corta-lhes sistematicamente o fornecimento (Gaza com 1,5 milhão de moradores tem acesso a mais ou menos 115 milhões de litros e todos os judeus nos assentamentos na Cisjordânia, em torno de 400 mil apenas, tem acesso a mais de 450 milhões de litros!).

Quem quer o caminho da paz que deveria fazer naquele momento? Chamar o novo governo, as novas lideranças para conversações, para negociação do chamado Mapa do Caminho (já colocado à época há pelo menos dois anos na mesa). Deveria negociar com o Fatah, com o Hamas e com os grupos menores como o Jihad, PPP, FDLP e FPLP. Mas não. Preferiu o confronto, as provocações, os bombardeios, a asfixia e a morte de palestinos inocentes.

Israel vem perdendo espaço entre os intelectuais, por mais que ainda sejam centenas os que defendem as suas atitudes, os ataques e bombardeios, sob o surrado mantra de que esse país tem o direito de se defender (sic). Me chamou a atenção o artigo do escritor conservador peruano, Mário Vargas Llosa, dizendo-se sempre apoiador de Israel, mas que agora se coloca contra as brutalidades e que Israel perderá a guerra, nem que seja do ponto de vista moral e sairá moralmente derrotada com o que vem fazendo. Para mim uma grata surpresa essa opinião, vindo da boca dele.

Uma esdrúxula comparação

Parece que a mídia grande fala em coro. Uma orquestra afinadíssima. Ninguém quase destoa. Os canais, rádios e jornais que destoam, são pequenos, não repercutem ou não mudam o perfil da cobertura midiática pró-Israel que vem sendo feita de forma descarada. Há pelo menos quatro mantras que vem sendo repetidos à exaustão, que acabam passando como verdade. Vi muitos colegas meus, sociólogos razoavelmente esclarecidos, repeti-los, ainda que desavisadamente. Introjeta-se em suas consciências essas ditas verdades, que passam a ser reproduzidas. Cidadãos tornam-se papagaios das elites sionistas e seus amigos e aliados.

Essas quatro “verdades” (mentiras) que são ditas, reunidas pelo colega Laerte Braga, são elas: “é legítimo o direito de Israel se defender”; “os atos do Hamas são atos terroristas”; “civis israelenses são vítimas de foguetes do Hamas” e “Israel tem o direito de existir” (divino? Sagrado? Seriam um povo eleito, escolhido por Deus? Poderiam cometer então as atrocidades que comete?). O que não se diz é que Israel prende e tortura milhares de palestinos; suas mulheres são sempre estupradas pelos soldados israelenses; suas casas são demolidas por tratores da Catterpilar (chamados de Buldozzers, um desses que matou a ativista americana pró-palestina, Rachel Corrie); que sua água (e energia), são sempre cortadas; que impõe bloqueio que faz faltar o básico de comida e remédio aos palestinos; que fazem assassinatos seletivos de líderes palestinos; que saqueiam casas palestinas; que Israel destrói a sua já pequena economia palestina e por fim, que segue firme o processo de colonização de terras palestinas.

Até quando a mídia, os governos e muitos intelectuais seguirão chamando o Hamas, um partido político eleito democraticamente e legitimo representante dos palestinos, de “terroristas”? Até quando os comentaristas e âncoras de TVs e rádios, editores e colunistas continuarão chamando Israel de um “estado democrático, o mais democrático do Oriente Médio”?

Foi publicado em alguns jornais – e os recebo por e-mail – declarações de porta vozes de Israel, fazendo uma esdrúxula comparação. Ninguém menos do que o próprio Obama, então candidato em fevereiro do ano passado, caiu nessa ladainha. Trata-se do seguinte exemplo: imagine que você seja um vizinho muito forte, com família também forte e poderosa. Seu vizinho ainda que fraquinho, joga pedras diariamente em seu telhado, nos seus vidros, nos seus filhos e isso os incomoda, os deixa “aterrorizados”, ainda que não lhe cause dano algum. Num belo dia, por mais pacífico que você seja, usará sua força para despejar um caminhão de pedras no seu vizinho fraco, para “dar-lhes uma lição” e para que deixe de fazer isso.

A questão muito simples e o grave erro nessa comparação é que não se diz o principal. Não se conta que o terreno em que a casa do vizinho forte (Israel), foi roubada do vizinho fraco, pois lhe pertencia há muito tempo. Na se fala que os fortes, no decorrer dos anos fizeram prisões, estupraram, mataram, humilharam. Portanto, não são e nunca foram santos (veja o que disse e confessou abertamente Ben Gurion em citação acima, de que roubaram mesmo as terras dos árabes).

Como diz o colega sociólogo Boaventura de Souza Santos, da Universidade de Coimbra em Portugal, o processo de ocupação da Palestina faz parte do talvez último grande projeto colonial perpetrado pelas nações européias, em um momento particular de sua história, após terem sido assassinados mais de seis milhões de judeus. Uma forma de unir o útil ao agradável. Expiar a sua culpa por essas mortes, tentando reparar o povo judeu, dando-lhe terras que não pertenciam aos europeus. Entre novembro de 1947 e maio de 1948 – seis meses apenas – deslocaram 750 mil palestinos foram violentamente deslocados de suas terras, exilados, banidos, desterrados, humilhados. Suas casas foram roubadas e passaram a viver em barracas de lona em desertos de 45 graus de temperatura na sombra. Esse é o projeto colonial europeu, em aliança com os sionistas.

Algumas palavras finais

Recentemente o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou a abertura de um processo para enquadrar Israel em crimes de guerra. Mas, pelos estatutos da Organização, isso deveria passar pelo crivo do Conselho de Segurança. Teve o veto dos Estados Unidos e a abstenção de diversos países europeus, amigos de Israel. Lamentável isso.

Vejam que interessante. Nunca se provou que o Iraque à época de Saddam possuía armas de destruição de massa, alegação essa que justificou a invasão de 2003 e gastos que já ultrapassam a um trilhão de dólares. No entanto, esta provado que Israel bem bombardeando os palestinos com balas de tungstênio, de urânio empobrecido e até bombas de fósforo branco, que queimam e aumentam a temperatura local. Todas essas armas são banidas pela ONU, mas usadas diariamente por Israel.

Recentemente um relatório do Comissariado das Nações Unidas apontou que no dia 4 de janeiro o exército de Israel mandou que cerca de cem palestinos ficassem em uma casa imensa, sob a alegação de que suas casas na vizinhança seriam bombardeadas. Poucas horas depois de estarem nesse abrigo, ele foi atacado pelos F-16 – avião mais moderno do mundo fabricado nos EUA – onde morreram instantaneamente mais de 40 pessoas. Um crime de guerra.

Como prova de parcialidade da mídia, os jornalões brasileiros enviaram correspondentes para a região do conflito. Estadão, Folha e O Globo lá estão com seus jornalistas enviando seus despachos, sem que dependam das agências noticiosas. Não faz muita diferença. Todos falam a mesma linguagem. O que mais impressiona neste momento – talvez a mais cabal das provas de que os jornalistas são parciais e pró-Israel, é a correspondente do jornal da família Marinho, Renata Malkes.

Vem circulando na net que essa cidadã tem cidadania israelense. Trabalhou anos em Israel, em uma TV e mantinha um blog seu, onde chamava simplesmente os palestinos de “Burros e idiotas”. Essa sionista até serviu, pelo que circulou na Internet, no exército de Israel. Tratou de eliminar o seu blog, apagar rastros, desde que O Globo a enviou como correspondente em Israel. Mas, a Internet tem dessas coisas de boas. Já foi recuperado os arquivos, postagens, cartas etc. que ela produziu podem ser lidos no http://cloacanews.blogspot.com/ o famoso Cloaca News. Boa leitura.

*Lejeune Mirhan, Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

CIDADÃOS DE SEGUNDA CATEGORIA

Israel não é só um Estado genocida e nazista. É também um Estado racista, onde quem não for judeu vai sofrer perseguição e intimidação se não andar conforme a cartilha dos extremistas sionistas.

Nesta segunda-feira, a Comissão Central Eleitoral israelense proibiu três partidos árabes de apresentarem listas para as eleições gerais de 10 de fevereiro. O motivo da referida decisão: os três partidos não reconhecem Israel como Estado.

A acusação é de um partido racista chamado Israel Beiteinu, do ex-ministro Avigdor Liberman, um judeu russo que é um dos mais virulentos incitadores da violência contra os árabes.


O político Ahmed Tibi disse que esta decisão é uma prova de que os partidos judeus querem "um Parlamento sem árabes".

No que é hoje chamado Israel, moram em torno de 1,3 milhão de palestinos que tiveram suas terras usurpadas durante a criação do Estado sionista, em 1948.

Esses palestinos são chamados de árabes israelenses e aceitam essa denominação para não receberem o mesmo tratamento discriminatório que recebem os palestinos da Cisjordânia e de Gaza por parte do governo israelense.

Os árabes israelenses sofrem diferentes tipos de discriminação , afirmam organizações de defesa dos direitos humanos.

CANADÁ E OS MASSACRES NA PALESTINA

O Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas aprovou, nesta segunda-feira (12/01), por 33 votos a um e 13 abstenções, uma resolução em que condena Israel pelos crimes cometidos na Faixa de Gaza.


Até aí, tudo bem. Afinal de contas, depois de toda a bárbarie cometida pelos terroristas judeus contra os palestinos era dever da ONU condenar os israelenses pelos seus crimes de guerra.


Porém, o que chama a atenção não é a condenação em si, mas o fato de que o único voto contrário foi o do Canadá, país cujo o governo posa constantemente como defensor dos direitos humanos.


Se para os canalhas do governo canadense o que os israelitas fazem na Faixa de Gaza não é terrorismo e nem violação dos direitos humanos, então é preciso revermos os nossos conceitos.


Aliás, estas agressões que revelam a bestialidade sionista pelo menos serviu para alguma coisa: desmacarar aqueles países que posam como defensores dos direitos humanos, em especial, os europeus.


Além do Canadá, vários governos de países europeus, como o da Alemanha, por exemplo, se solidarizaram com o terror judaico que destroçou a vida de milhares de inocentes no Líbano e na Palestina nos últimos 60 anos. Terror este que é considerado como o direito de defesa de Israel. Uma hipocrisia sem fim.


BÁRBARIE SEM FIM III

Israel está usando armas proibidas por convenções internacionais para atacar os palestinos na Faixa de Gaza. Médicos palestinos dizem que estão tratando pacientes com queimaduras causadas por bombas com fósforo branco lançadas por Israel.

Em 2006, os terroristas israelenses lançaram este tipo de munição tóxica contra a população civil libanesa. A bomba com fósforo branco ao interagir quimicamente com o oxigênio, se incendeia e libera uma fumaça branca e causa queimaduras .

Talvez, na lógica do terror judaico, o extermínio do povo palestino com esse tipo de munição seja a melhor maneira de acabar com os foguetes palestinos.

BÁRBARIE SEM FIM II

Extremamente comovente a declaração que o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em Gaza, Antoine Grand, deu, nesta segunda-feira, ao afirmar que "nenhum lugar é seguro em Gaza atualmente".


Grand geralmente não dá declarações sobre conflitos. Porém, abriu exceção desta vez devido a gravidade que se encontra a situação na Faixa de Gaza, onde não só os civis palestinos, mas também os funcionários das organizações humanitárias são propositadamente atacados por Israel.


O chefe da CICV lembrou que em outros conflitos os civis sempre tinham algum lugar para fugir e se refugiar dos bombardeios. Em Gaza, esta situação não acontece.


Os terroristas israelenses não respeitam nada. Atacam escolas, hospitais, templos religiosos, ambulâncias, casas e outros alvos civis mais sob o cínico pretexto de que em todos estes lugares há militantes do Hamás ou pessoas que dão apoio ao grupo.


5 MIL MORTOS E FERIDOS

O número de palestinos mortos e feridos em 17 dias de agressões israelenses contra a Faixa de Gaza já ultrapassa a casa dos 5 mil. De acordo com fontes médicas palestinas, 917 palestinos foram mortos pelos ataques israelitas e outros 4.100 ficaram feridos. Pelo menos 277 crianças foram martirizadas pela bárbarie judaica em Gaza.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

BÁRBARIE SEM FIM


A bárbarie judaica não tem fim. Funcionários do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) encontraram quatro crianças à beira da morte por inanição juntamente com 12 corpos em uma casa na Faixa de Gaza. Entre os mortos encontrados na casa, estavam os das mães das crianças, afirmou o CICV.

A CICV acusa os terroristas israelenses de estarem impedindo o socorro aos feridos palestinos. Em 13 dias de agressões, os terroristas judeus já mataram 710 pessoas e feriram mais de 3 mil palestinos.

A CICV encontrou também outros três corpos e 15 sobreviventes em casas no bairro de Zeitoun, na Faixa de Gaza, incluindo vários que estavam feridos.

Hitler também matava devagarinho os judeus. Ainda tem judeu que fica com raiva quando comparam o que acontece com os palestinos com um holocausto.


O GUETO DE GAZA

Eu me lembro com intensa nitidez dos profundos olhos aveludados e escuros daqueles homens, daquelas moças. Passei a conhecê-los nos Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre – costumava chegar quase na hora do começo da passeata de abertura, e quando meus amigos me perguntavam:


- Vamos todos juntos?

Eu não titubeava:

- A gente se encontra depois. Vou junto com quem tiver mais necessidade de apoio. Vou ver se encontro o pessoal do Iraque, ou da Palestina...



Sempre encontrava o da Palestina. Eram homens de profundos olhos inteligentes e sofridos; eram moças com olhos iguais, algumas vestidas como certas figuras bíblicas femininas que pintores do Renascimento pintaram, e sempre com tamanha fé na Justiça!


Vinham em poucas pessoas lá do seu mundo distante e garroteado, poderiam sumir no meio de multidões de 100.000 pessoas com as suas humildes "hattas"[1], mas eram eles os mais visíveis, porque as pessoas que se abalavam até os Fóruns Sociais Mundiais bem sabiam da realidade torturante daqueles irmãos.


Na primeira vez que desfilei com eles decerto pareci-lhes estranha – não falávamos uma palavra sequer um da língua do outro, mas já lá no final, chegando ao anfiteatro do Pôr-do-Sol (quanta saudade!), alguém serviu de intérprete e contou para um dos palestinos que eu perdera um emprego por defender a Palestina. O homem de profundos olhos de veludo deu uma risada contagiante, e respondeu algo que também me foi traduzido: ele também perdera o emprego por ser palestino! Nosso simpático contato sem palavras começou ali.


Em outras ocasiões em que nos encontramos eles já me recebiam calorosamente com seus olhos que tudo expressavam, e que tinham uma ternura aveludada que poderia adoçar o mundo.


Depois que os Fóruns Sociais Mundiais saíram de Porto Alegre e foram para outros países, passamos a ter uma palavra de contato: quando nos encontrávamos, sempre primeiro na passeata de abertura, apontávamos uns para os outros e dizíamos: "Porto Alegre!", palavra chave que, aliada aos olhos profundos e misteriosos deles, significava todo um caloroso discurso. E nos abraçávamos como irmãos que somos (ou eram? Estarão vivos?), e na passeata de Caracas/Venezuela, um dos homens mais velhos tirou da sua mochila uma belíssima bandeira da Palestina em seda verde, vermelha branca e preta, e me deu. Sorrimos um para o outro e dissemos a palavra mágica:


- Porto Alegre! - e eu guardo com imenso carinho aquela bandeira de seda assim como a recebi, talvez ainda trazendo entretecido nos seus fios finos esporos ou pólen de plantas ou de outras formas de vida daquela distante Palestina onde provavelmente não poderei ir no decorrer da minha vida, pois envelheço, e o gueto que é a Faixa de Gaza está cada vez mais inacessível, e a mágoa da minha desesperança me faz pensar muito na solução final[2] dada ao Gueto de Varsóvia...[3]


Vejo as notícias e as fotos na Internet, e sei de tantas coisas, faz tanto tempo! Sei como os meus irmãos da Palestina tem que suportar o cheiro nauseabundo do lixo em decomposição, pois o Estado de Israel não deixa sequer que de lá se retire o lixo... e sei das crianças palestinas que são feridas por obuses lançados por tanques enquanto brincam, e que morrem de hemorragia nos portões do seu gueto porque insensíveis membros do exército israelense dizem que só dali a tantas horas tal portão poderá ser aberto, para a criança chegar a um hospital... e sei de detalhes que me deixam com vergonha por ser chamada de humana, pois um exército a serviço de também ditos humanos judeus faz coisas que quase não são críveis, como derrubar um edifício inteirinho para matar um único homem a quem perseguem, e que sabem que está escondido no poço do elevador... ou esse mesmo exército lançar um míssel sobre uma inocente festa de casamento, ou sobre uma formatura de guardas de trânsito...


Mil páginas seriam poucas para enumerar todos os horrores que sei, que tenho lido, tenho sabido, tenho aprendido sobre o que o governo de Israel faz com o Gueto de Gaza sob os olhos de todo o mundo, como se ninguém se importasse.


O espaço, aqui, não permite entrar nas causas históricas dos acontecimentos, mas é bom aprender a respeito, para se entender que Israel não tem razão, que as barbaridades que vêm desde a década de 1940 são das mais abjetas da humanidade.


O que me horroriza ainda mais, neste momento, são as fotos que não param de chegar de Gaza, de crianças carregadas nos braços dos pais, sem os pés e parte das pernas, com tendões e nervos que sobraram retorcidos como se fossem molas de metal, ou das fileiras de meninos e meninas nos seus trajes de frio, mortinhos, prontos para o funeral, e das caras sem consolo dos pais que ali estão, ou daquele menininho morto e ensangüentado, que o pai carrega no colo embrulhado na bandeira, bandeira igual àquela que tenho, menininho que nunca terá nos olhos aquela força forte como aço e suave como veludo e que nunca entenderá a palavra "Porto Alegre" – de novo digo que mil páginas seriam poucas para contar sobre cada foto, cada fato, cada texto e cada análise que tenho lido – um último fio que me une à esperança é a existência daquela gente de Israel que se nega ao crime, daqueles soldados israelenses que preferem a prisão do que ir assassinar seus irmãos já quase mortos de fome, frio e sede no gueto vizinho – pois Gaza hoje tem 1.500.000 habitantes trancafiados sem recursos numa área de 350 quilômetros quadrados, o que é mais ou menos a metade do tamanho desta minha pequena cidade de Blumenau...


Não há como dizer "enfim", para um texto como este. A dor e a mágoa por se saber que tais injustiças continuam acontecendo diante do mundo é uma coisa que poderia me matar de angústia, e então tenho que reagir escrevendo, que é o meu jeito de ser – mas o que escrever, se todos os grandes escritores, todos os grandes pensadores deste mundo já escreveram tudo o que eu gostaria de escrever, pois não é só a mim que a indignação arrasa – e por todos os lados as populações estão saindo às ruas para protestar contra este massacre inumano?


Então achei que poderia escrever sobre os meus palestinos, aqueles que sabem a palavra "Porto Alegre", e que tem aqueles olhos profundamente cheios de significado, força e doçura. Então penso se estarão vivos, se aquelas lindas moças não serão hoje cadáveres só com meia cabeça, ou se os netinhos daqueles homens não estejam, talvez, com ferimentos como se fossem couve-flores de sangue nas suas barriguinhas de meninos mortos, ou se meus próprios amigos já não terão vidrados e frios os seus olhos que eram cheios de doçura e de força...


Ah! Palestina, ah! Palestina, como me dóis cá dentro do meu peito que parece estraçalhado... Ah! Palestina, ah! Palestina, que me resta fazer além de chorar angustiadamente, como estou a fazê-lo agora?



Blumenau, 06 de Janeiro de 2009.


Urda Alice Klueger

Escritora e historiadora



[1] Hatta: Lenço palestino, quadriculado de preto e branco, ou de vermelho e branco, que se tornou um símbolo de resistência. Era usado por Yasser Arafat.

[2] Solução final: expressão usada pelo nazismo que significava, a grosso modo, "matar todos".

[3] Gueto de Varsóvia: onde 380.000 judeus foram implacavelmente mortos pelos nazistas até a última pessoa. Procurar se informar melhor a respeito. Hoje é o Estado de Israel que repete a história, matando sem piedade os palestinos da Faixa de Gaza.


'VEJA' JUSTIFICA GENOCÍDIO EM GAZA


Por Altamiro Borges*

A Veja sempre defendeu abertamente o Estado terrorista de Israel e nunca escondeu o seu ódio à causa palestina. O fundador da Editora Abril, dona da publicação, Victor Civita, filho de judeus italianos, nasceu em Nova Iorque, em 1907. Mudou-se para o Brasil em 1949, trazendo na bagagem as tiras do Pato Donald, primeiro título da editora. Montou seu império de comunicação e virou uma das principais referências da influente comunidade judaica no país, que lhe conferiu vários títulos honoríficos.

Como representante do setor mais fundamentalista desta comunidade, a família Civita sempre usou os seus veículos para justificar os hediondos crimes sionistas.


A edição desta semana da Veja é mais uma peça publicitária desta campanha. Falta informação e sobram manipulações. Já na capa, com a manchete “A guerra total em Gaza” e a chamada “Israel ataca radicais em território palestino”, fica patente o propósito de confundir os incautos leitores.

Na prática, a revista reproduz a versão do exército invasor e do imperialismo ianque, sintetizada nas cínicas declarações da secretária de Estado ianque, Condoleezza Rice: “Os EUA condenam os repetidos ataques contra Israel e consideram o Hamas responsável pelo fim do cessar-fogo”.

Defesa marota da “lógica tribal”

A longa matéria difunde a imagem de que Israel é vítima do terror – e não um estado terrorista fortemente armado, agressivo e expansionista. Com base nesta falsa premissa, a revista justifica os bombardeios e a matança de crianças e idosos inocentes, reforçando argumentos primitivos e bárbaros:

“A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me destruir, eu o destruo primeiro. Se eu puder, uso dez vezes mais violência. Ou cem. Ou mil”, inicia o texto belicoso. Numa visão simplista, a Veja aponta o Hamas como o único culpado pela atual carnificina em Gaza, relembrando os discursos hidrófobos de Bush da “guerra ao terror”.

Diante das críticas ao “uso desproporcional de força”, inclusive do governo Lula, o texto ainda insiste: “Na lógica tribal, a autodefesa é perfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto que a maioria dos israelenses apoiou os ataques”. Vale lembrar que os alemães também apoiaram a ascensão do nazismo, os campos de concentração e o holocausto judeu. O artigo até critica os horrores da atual agressão, sempre procurando ofuscar as mentes.

“Os alvos visaram à estrutura de poder do Hamas – a central do aparato de segurança, o quartel de polícia, depósitos de armas”. Mas, infelizmente, “bombardear cidades só pode ter resultados terríveis”.

No final, para aparecer um pouco mais civilizada e menos belicosa, a Veja até defende a solução negociada para a guerra visando “romper a lógica tribal”. Mas ela propõe a paz dos cemitérios. A negociação seria totalmente inviável por causa do Hamas.

“A história e a natureza desse grupo são obstáculos tremendos [ao acordo de paz]... O Hamas descende das mesmas fontes que influenciaram a Al Qaeda de Osama Bin Laden”. A exemplo da mídia de Israel, militarmente controlada e censurada, e da mídia dos EUA, sob forte influência da comunidade judaica, a Veja é uma representante “honorífica” do sionismo assassino e da “limpeza étnica” na região.

O holocausto palestino

Enquanto isso, a crise humanitária na Faixa de Gaza ganha contornos dramáticos, que relembram o holocausto nazista e deveriam indignar todos os amantes da paz, inclusive judeus. Basta ler o balanço da ONU de um dia antes da invasão por terra das tropas israelenses. Até sábado passado, 436 palestinos já tinha sido mortos (agora são quase 600, incluindo mais de 100 crianças) e 2.300 estavam feridos. Segundo o relatório oficial, 1,5 milhão de pessoas que superlotam Gaza eram vítimas de um cenário apocalíptico:

- Um ataque aéreo israelense acontece a cada 20 minutos, em média. Os bombardeios se intensificam à noite;

- Os ataques israelenses já destruíram mais de 600 alvos, incluindo estradas, edifícios públicos, delegacias de polícia e parte da infra-estrutura;

- O sistema de saúde, já debilitado desde o início do bloqueio israelense há 18 meses, entrou em colapso;

- Cerca de 250.000 pessoas estão sem eletricidade. A única central elétrica da Faixa de Gaza foi fechada em 30 de dezembro pela sexta vez desde o início de novembro por falta de combustível;

- A água corrente é disponibilizada uma vez a cada cinco ou sete dias durante algumas horas;

- Quarenta milhões de litros de esgoto são lançados no Mar Mediterrâneo diariamente. Em alguns locais, o esgoto se acumula nas ruas depois que o sistema de saneamento foi danificado pelos bombardeios;

- O gás de cozinha e para calefação já não é encontrado no mercado;

- Cerca de 80% da população depende inteiramente da ajuda humanitária.

- Falta farinha, arroz, açúcar, laticínios e latas de conservas;

- Israel permite diariamente a entrada de 60 caminhões carregados com produtos de primeira necessidade. Este número ainda é inferior aos 475 veículos com ajuda humanitária que chegavam a Gaza antes de junho de 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território;

- Os dutos do terminal de Nahal Oz pelos quais chegava todo o combustível importado estão fechados desde sábado passado;

- As escolas permanecem fechadas, mas muitas são utilizadas como abrigo por palestinos que fugiram de suas casas;


* Altamiro Borges é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro As encruzilhadas do sindicalismo (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).